sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

O raiar de um novo tempo

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Estamos nos aproximando do final de 2018. Um ano de muitas contradições se posso classificar assim. Pessoas bem otimistas  chamaram de o "ano da fé", outras de "ano de realizações". E como todo mundo fizemos muitos planos para 2018 e alguns se concretizaram, outros não. Talvez por nossa culpa mesmo! Afinal... Nos acomodamos durante os meses que se seguiram. Esquecemos de alguns projetos e no final das contas observamos que o tempo passou rápido demais.
 
Mas o certo é que, quando um ano se finda, colocamos todas as nossas expectativas no ano seguinte. E como se fosse uma tradição, renovamos votos e imaginamos os sonhos se realizando. E todos nós já fizemos isso, pelo menos uma vez. Parece que o ano que vem chegando traz consigo uma espécie de magia que nos envolve e nos faz acreditar que aquilo que deixamos escapar no anterior, vai se tornar realidade. Sofremos com o desfecho ruim, mas de certa forma nos inspiramos nos desafios que vamos encarar.  
 
Não posso dizer que 2018 foi de todo ruim. Alguns episódios foram bem perturbadores. Mas no final das contas serviram para me fortalecer. Destruíram algo de bom em mim? Destruíram. Mas me abriram os olhos para definir que nem todas as pessoas são confiáveis. Chorei muito? Chorei mesmo. Teve uma hora que pensei que aquela dor nunca iria embora. Errei? Errei. E algumas vezes de propósito! Mas me redimi. Confesso.
 
Conquistei algumas coisas em 2018? Conquistei! E com isso deixei uma porrada de gente com raiva? Deixei. Perdi algumas coisas? Perdi. Todo mundo perde algo de vez em quando. Mas quer saber? Nem era tão importante quanto eu pensava que fosse. Me arrependo de algumas coisas? Com certeza! Faria diferente? Se eu pudesse voltar no tempo...
 
Mesmo assim tudo o que eu quero agora é me despedir de 2018 sem mágoa, sem remorso, sem lágrimas nos olhos. Porque o que importa mesmo é viver a vida e ter esperança. É ser feliz. Independente do que está nos esperando lá na frente. 
 
Pense que "o tempo que a gente leva planejando o futuro nos impede de viver o presente" - acho que já li essa frase em algum lugar. E não importa o quanto meticuloso sejamos, algo pode dar errado sim. Faz parte. Algo pode nos magoar de tal forma que se tenha que mudar o próprio coração para continuar a viver. Faz parte. Alguns chamam de amadurecer aos cinquenta.
 
Então... Que venha 2019. Porque eu estou te esperando. Cheia de sonhos! Porque o que importa é abrir uma janela, um parênteses ou um buraco na parede que seja, para visualizar o raiar de um novo tempo.
 
Feliz Ano Novo.
 
 
Marion Vaz.
 
 
 

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Características de quem anda por fé e não por vistas


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Antes de entrar no assunto, podemos definir que existem duas maneiras de se perceber as coisas que estão diante de nós. A pessoa que tem um olhar natural observa num plano horizontal, limitado. E desta forma não se consegue ver o "todo". Facilmente se coloca as expectativas apenas naquela parcela que está a sua frente. E como resultado dessa atitude a tendência é ficar preso às pequenas coisas e entender apenas parte do processo. E não importa se estamos lidando com problemas pessoais, no trabalho ou em família, o olhar natural nos restringe e delimita atitudes e decisões.

Mas o olhar do alto amplia sua visão. Experimente visualizar algo por vários ângulos e depois suba numa escada e tente observar melhor. Com certeza você notou uma diferença significativa e seu entendimento foi ampliado. Olhar do alto não te limita ao básico e agora você percebe o que está ao redor, a frente e na retaguarda. Além de ter uma visão melhor do problema, pode visualizar a solução.

"Porque vivemos por fé e não pelo que vemos"
2 Cor 5.7

Agora sim podemos te dar as cinco características de quem anda por fé e não por vistas:

1) Sabe muito bem quem é - Aquele anda por fé tem consciência de quem realmente é, sua essência, de onde vem. E saber o que realmente somos está diretamente ligado as atitudes que tomamos no dia a dia e as nossas escolhas. Um exemplo bíblico disso foi Daniel. Ele sabia muito bem qual era a sua origem (judaica/realeza).  Ele decidiu não se contaminar com porção das iguarias da mesa do rei. Este homem não foi coagido a fazer algo, mas o texto bíblico declara que ele mesmo confrontou seu coração e tomou uma decisão. Não se contaminar não era algo a se negociar, mas um propósito firme do seu coração.

2) Conhece o Deus que serve - Quem anda por fé tem que conhecer o Deus a quem serve. E isto está basicamente ligado a nossa posição diante das circunstâncias. E a pessoa sabe que existe um processo até chegar ao propósito estabelecido por Deus. Nosso exemplo maior: Profeta Elias. No confronto com os profetas de Baal sua atitude foi de fé, coragem e de quem sabia o que Deus iria fazer. Quem anda por fé e não por vista tem coragem de fazer o que ninguém faz e vê o que ninguém vê.

3) Entende que o propósito é muito maior - A pessoa não se prende as circunstâncias, sabe  que o processo é doloroso, não desiste e se mantém otimista. Sabe que o processo é demorado e que atalhos nem sempre são a saída mais rápida. Tem consciência de que durante o processo somos moldados. Entende que o fim sempre será melhor que o início. Nosso personagem bíblico da vez é José. As experiências no Egito foram marcantes, dolorosas, humilhantes, mas ele manteve sua conduta até que Deus cumprisse o propósito para sua vida. Contrariando todas as expectativas de escravo e prisioneiro José se tornou governador do Egito.

4) Conquista e prossegue em meio as adversidades - Quem anda por fé mantém a fidelidade em todas as situações. Adora a Deus pelo que Ele até o fim. Apega-se com firmeza a esperança sabendo que Aquele que prometeu é fiel para cumprir. Quem anda por fé mantém a integridade, mesmo em meio a dor, as perdas, as acusações. Jó perdeu tudo: seu patrimônio, seus filhos, sua herança, sua saúde. Ele tinha todos os motivos para blasfemar contra Deus como sua própria mulher sugeriu. Mas ele permaneceu fiel aos seus princípios. 

5) Contagia os que estão a sua volta - Quem anda por fé leva mais em consideração as bênçãos que recebe do que as coisas ruins que acontecem. Superar o passado e usa sua história como motivação. Andar por fé atrai muitas bênçãos que devem ser compartilhadas com aqueles que estão a nossa volta. E podemos ver isto na Mulher Samaritana. Aquele encontro com Jesus mudou a sua vida, sua perspectiva, mudou seu presente e seu futuro. Quem anda por fé deixa de ter um olhar terreno e para fixar os olhos nos céus. Esta mulher conheceu Jesus de uma forma inesperada e não guardou a bênção para si, ela correu até a cidade e compartilhou a notícia. 

Nosso olhar natural dificulta o entendimento da dimensão da obra que Deus tem a realizar em nossas vidas. As circunstâncias da vida terrena tentam nos fazer parar. Mas temos que usá-las como motivação para chegar ainda mais longe.


Texto de Gabrielle Vaz


Obs: O texto acima foi elabora numa pregação e Deus falou muito ao meu coração através dele e por isso resolvi compartilhar com vocês. E também me sinto honrada em dizer que Gabrielle é minha filha. E tenho visto como o Senhor tem ministrado na vida dela.




segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

O grau de importância que você dá as coisas equivale ao valor delas?

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Não sei você, mas eu já percebi que as pessoas estão perdendo aquele dom natural de analisar o que realmente é importante e o que é descartável. Não sei se por conveniência ou por hábito, juntamos mais "tralhas" em nossos cômodos do que  eles suportam. As casas estão amontoadas de objetos, roupas, sapatos, brinquedos, móveis e tantas outras quinquilharias que se foi comprando ao longo dos anos e que por alguma razão, não se quer jogar fora ou passar adiante para quem realmente precisa.

Em relação aos sentimentos há uma confusão de valores. E por mais que tenha em mente os bons conselhos sobre relacionamentos e famílias, os "ficantes" só querem mesmo é uma "aventura". Quem já está sozinha há muito tempo como eu, pensa duas vezes antes até de olhar para quem quer seja, porque não sabemos como anda a cabecinha da criatura. Se você apenas foi gentil com alguém a pessoa logo se retrai. Aconteceu comigo. Pensei: Só estava sendo gentil e hospitaleira. Porque também eu penso que um relacionamento pode nascer de um encontro casual, um sorriso, um gesto. Mas não quer dizer que as pessoas não possam ser amigas, conversar, trocar ideia, rir juntas, dançar... Qual o problema dessa geração de cinquentões?

Essa perda de noção do que é importante nos leva a caminhos tortuosos e contra versos que mudam a rotina, incorporam sentimentos, alteram o valor das coisas, absorvem como uma esponja o que é nocivo junto com o que é prazeroso. Estamos descolorindo o presente em virtude de qualquer passado nebuloso e não nos permitimos ser feliz, nem agora e nem no futuro. Estamos sobrecarregados de tarefas que minam as nossas forças e nossa capacidade de raciocínio lógico. Queremos o que é bom, com certeza. Mas o nosso "bom" é bom mesmo ou apenas um paliativo?

Essa semana presenciei uma cena que me deixou pensativa. Não eram nem oito horas da manhã e tinha uma moça no meio da rua gritando como se estivesse passando por algo desesperador. Pensei até que ela tinha sido assaltada ao sair no portão de casa para ir ao trabalho, já que ela estava de bolsa e toda arrumada. Tinha um rapaz de moto passando na rua e eu estagnei na calçada imaginando mil coisas. Será que foi assalto? O tal cara é um ex marido grosseiro e está perseguindo a mulher? Roubaram o carro e levaram até uma criança que estava dentro. Eu não sabia se seguia em frente ou se me escondia. E se o cara estivesse armado? A mulher com as mãos na cabeça gritava: Cadê ele! Cadê ele! - O homem na moto passou por ela e foi embora. Já descartei uma das hipóteses. A mulher correu em direção a outra rua e resolvi seguir o meu caminho, já com o coração acelerado por causa do susto e pela situação incomum àquela hora da manhã.

Apressei o passo e parei próximo a uma senhora que estava em pé no portão dela. Falei sobre o susto, que estava com pena da mulher e se tinha ou não sido um assalto. A senhora, muito calma por sinal, explicou que não era nada demais. Apenas que o cachorro dela que tinha fugido quando abriram o portão. Um cachorro? repeti ainda tentando me controlar por causa do susto. Tudo bem que ninguém tem culpá da minha imaginação fértil. Todo mundo tem o direito de amar seus animaizinhos de estimação.
- Pensei que era assalto - Repeti.
- Não. Foi só o cachorro que fugiu. Repetiu a senhorinha.
- Ele volta quando tiver fome - Falei com calma e segui meu caminho.

Pode rir se quiser. Ok. Não tem problema. Como já disse a mulher não tem culpa da minha imaginação fértil! Provavelmente ela perdeu a hora do trabalho porque tinha procurar o animal pelas ruas. Aos poucos meu coração foi desacelerando e eu fiquei pensando nessa valorização de coisas incomuns que exercem esse poder sobre nós e descaracterizam os verdadeiros sentimentos.


Marion Vaz




segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Filhos da Pátria


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Domingo é dia de eleição. Esse ano promete. 

E são tantas as promessas que eu fico imaginando porque ainda nos deixamos enganar?

Até pouco tempo atrás, muitos dos presidenciáveis eram desconhecidos dos eleitores, outros nem tanto. Mas mesmo assim considero uma incógnita essa idolatria da população em relação a alguns deles. Um em especial, depois de um acidente, virou o "salvador da pátria", o elo perdido, o deus todo poderoso, capaz de colocar o Brasil nos eixos, segundo muitos de seus seguidores.

Uma febre nacional  tomou conta das redes sociais, e de tal forma que fui obrigada a ficar em OFF. É muita idolatria! E digo isso porque as páginas do Facebook estão lotadas de #ele sim. E um número infinito de cristãos estão fazendo propaganda política gratuita, vestindo literalmente "a camisa" do prezado presidenciável. Tudo bem. Cada um vai votar de acordo com a sua consciência. Eu respeito. Mas precisa ser desse jeito? A impressão que eu tenho é que as pessoas respiram o ar do fulaninho. 

Muitos crentes vão deixar de votar no candidato Z porque tem medo que as propostas dele possam impedir o crescimento da Igreja do Senhor... Ah, Herodes... Você perdeu credibilidade... "Que povo é esse? Esse é o povo que vai morar no céu..." Desculpa, mas só sendo irônica mesmo - Independente ou apesar de quem estiver no poder, os propósitos da Deus não podem ser impedidos! Acorda! Sai do Facebook e vai ler a Bíblia! 

Não vou fazer propaganda de candidato A ou B porque não me coloco nessa posição há muito tempo. Primeiro, porque não ganho nada com isso. Segundo, porque nenhum deles sequer sabem que eu existo. Mas tem gente "pagando" vitória antecipada afirmando que o seu candidato é quem vai vencer a eleição, porque ele é o melhor. Ok. Pode até ser. Mas como se conhece alguém tão bem em tão pouco tempo? De repente, ele virou o amigo de infância do eleitor? Estranho.

Então eu me pergunto: Que credibilidade é essa que a gente impõe sobre outra pessoa, para que seja responsável pelo futuro dos nosso filhos e netos? O cara só vai ficar no poder quatro anos!!!! Ele não vai fazer absolutamente nada que não esteja na pauta!

Pensei que isso fosse coisa só de brasileiro. Essa inocência, essa crença, essa aptidão para se deixar iludir por campanhas em época de eleição, tanto quanto na época da Copa do Mundo em que juramos de "pés juntos" que o Brasil vai trazer a Taça!

Mas não. Lá no exterior tem um monte de gente que já deixou o país há muitos anos, já se repatriou e está movendo "céus e terra" para que o candidato X vença a eleição. Uma pessoa que mora em Jerusalém disse em rede social que "se fulano não vencer, nunca mais ele coloca os pés no Brasil" - Eu queria dizer pra ele: Pra que que você quer vir pra essa terra? Fica aí em Israel. Vai ser feliz!

Enfim, o verde amarelo está impregnado na vida diária dessa gente varonil. Os Filhos da Pátria estão ansiosos para votar, na esperança de decidir o destino do país. Gente crédula! Gente Feliz! Estou tão orgulhosa dessa gente... (risos).


Marion Vaz



quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Achados e Perdidos


O primeiro pensamento de quem já perdeu algum documento, objeto ou qualquer tipo de pertence importante é procurar num local próximo ou no setor de achados e perdidos. Geralmente tem esse tipo de depósito numa empresa, num shopping, aeroportos ou repartições públicas. Caso a perda aconteça na rua, aí não tem jeito, tem que contar com a sorte mesmo e pedir a Deus para que a pessoa que encontrou o objeto entre em contato.

É no Novo Testamento que vamos encontrar três parábolas de Jesus falando sobre perdas. A parábola da dracma e da ovelha perdida e do filho pródigo (Lc 15). O pastor de ovelhas deixa seu rebanho a salvo e sai pelos vales a procura daquela que se afastou. Ao encontrar, trata as feridas e carrega de volta para junto das demais ovelhas.
         
A mulher percorre todos os cômodos da casa, ilumina os locais e varre o chão a fim de encontrar a dracma. O termo diligentemente usado no texto bíblico nos dá a ideia de que ela procurou com zelo e agilidade até achar. Ela não desistiu.
          
No caso do filho pródigo temos um relato mais extenso e detalhado. O filho mais novo decide por conta própria sair da casa do pai levando sua parte da herança e vai para um lugar distante. A má administração dos bens leva-o a falência total de tal forma que ele não tinha nem o que comer. A solução seria voltar para casa e pedir um emprego ao pai (Lc 15.18-19).
           
Três pontos marcam os relatos acima. Primeiro houve uma perda, um dano, um prejuízo. Segundo: As pessoas não se conformaram com o que aconteceu e se esforçaram em resolver o problema. Ninguém ficou se torturando com culpas ou palavras de depreciação. Embora que, no caso do filho, o pai esperou a porta da casa o retorno dele e quando o viu de longe correu ao seu encontro e o abraçou e beijou, tamanha a sua alegria ao ver o rapaz retornar com saúde (vs 27).
          
O terceiro ponto marcante é que ao achar o que se havia perdido, houve uma festa, uma reunião com amigos e parentes para celebrar o desfecho. Houve gratidão. O sentimento de perda, de decepção, de angustia se desfez e vitória que cada um obteve foi comemorada publicamente envolvendo as pessoas próximas a eles.
          
Infelizmente, muitas vezes, somos tão egoístas que nosso sentimento de gratidão a Deus fica resumido num simples “obrigada Senhor”. Não fazemos alarde das bênçãos que recebemos com medo disso ou aquilo. Dependendo do problema tem gente que chora “lágrimas de sangue”, pede oração, faz campanha, etc, mas ao receber a vitória não agradece.
          
Quando a benção é do próximo, o que prevalece mesmo é o “espírito” do irmão mais velho (vs 28). Indignado, nem queria entrar na festa e o ainda acusou o pai de assar um bezerro cevado e convidar tanta gente para festejar aquele retorno quando o irmão havia dado tanto prejuízo financeiro. Para o irmão mais velho o pai deveria valorizar mais o tempo de convivência que eles tinham (vs 29).
             
Já pensou que em algum momento da vida, também nos sentimos perdidos mesmo estando na Casa do Pai? Somos ingratos e indiferentes? Ciumentos e desmotivados em relação ao ministério que nos foi confiado?


Marion Vaz

terça-feira, 12 de junho de 2018

Ritmo da Vida



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Já faz um tempo que tenho reparado como a vida pode ser monótona, principalmente quando repetimos as mesmas atividades todos os dias. Não é que isso seja de todo ruim, porque dependendo do que se faz ou se trabalha, não temos outra opção. O relógio desperta sempre naquele horário. Você levanta lentamente, se arruma, toma café ou não e sai naquele exato minuto já programado. Qualquer distração pode te atrasar e te fazer apressar o ritmo dos passos.

Na rua, ainda está escuro e as luzes dos postes estão acesas. Os mesmos rostos atravessam o caminho e aquele senhor parece estar sempre ali parado esperando o seu “bom dia”. Você atravessa a rua e apressa os passos porque já sabe até o horário das conduções e quem está esperando por elas. Aquele senhor idoso precisa de ajuda para dar sinal e não perder o ônibus. O moço no celular parece que está olhando o Google Maps. O céu fica mais claro e as luzes se apagam e a dúvida é cruel: Será que o ônibus passou mais cedo?

Os três rapazes de casaco azul e com capuz andam em fila indiana do outro lado da rua como se estivessem num comercial da Vivo (Hoje senti falta deles e fiquei preocupada). O homem que espera a condução especial que vai leva-lo ao trabalho fica sempre no mesmo local afastado do ponto. O senhorzinho de corpo magrinho e tênis nos pés está fazendo sua caminhada matinal. A jovem senhora com mochila nas costas vai andando até o próximo cruzamento, porque o ônibus dela só passa por lá. A senhora loura chega ofegante e vem andando rápido, porque ela sempre espera clarear o dia pra sair de casa porque tem medo de sair no escuro. E você percebe que já sabe todas as histórias.

O motorista te vê de longe e diminui a velocidade do ônibus e o seu “bom dia” é correspondido. Lá dentro mais rostos que você vê todo dia e nem sabe o nome de ninguém. A moça com neném no colo desce sempre em frente à estação. Mais três pessoas descem em frente ao Correio. Uma curva aqui, outra ali e de olhos fechados já sabe todo trajeto. A senhorinha com seus setenta anos e com um grande sorriso no rosto se diverte com a conversa fiada do motorista. Parecem amigos de longa data, só que não!”

Um a um os passageiros vão descendo. E um deles sempre chama o motorista pelo nome. Finalmente, você presta atenção e ele deixa de ser um estranho. Agora o condutor tem um nome: Gonzaga. No ponto final descem os últimos e você atravessa a rua e segue em frente já com a chave do portão nas mãos. Entra, verifica se tem cartas no portal e começa o expediente.

As mesmas atividades do dia anterior com pequenas diferenças ou agravantes, mas que vão ocupar seu tempo a manhã inteira. Você se irrita, diz que no outro dia vai agir diferente, mas nem percebe que está repetindo as coisas como se fossem importantes, quando na verdade, são apenas atividades rotineiras que possivelmente, nem sequer serão notadas.



Marion Vaz

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Obedecer sem questionar


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Está aí algo que é impossível para a maioria das pessoas. Parece mesmo que obedecer cegamente a alguém, uma ideologia ou até mesmo a Deus, tira um pouco da nossa autonomia. E você pode estar se perguntando: Por que eu faria isso? Por que eu obedeceria uma ordem sem sequer perguntar porque, quando, pra que ou tem certeza?

Tudo bem. Nem sempre é fácil. Não estamos numa ditadura ou num quartel. Você tem o direito de questionar e saber se realmente o que estão te pedindo vai trazer algum benefício pra sua vida ou para a sua família.

Mas a atitude de um dos personagens da Bíblia me surpreendeu muito. Se você ler a história de Abraão vai entender que, tem momentos na vida, que precisamos acreditar cegamente em alguém. Não porque não temos confiança em nós mesmo, mas às vezes, por não ter opção. E com Abraão foi assim: Ou ele aceitava os termos de Deus ou continuava com sua vida na cidade de Ur dos Caldeus.

A promessa era de tirar o fôlego: Farei de ti uma grande nação! A exigência: Sai da tua terra, do meio da tua parentela, da casa de teu pai. O desafio: Vai para uma terra que eu te mostrarei!

Abraão não teve muito tempo para pensar, para avaliar a situação ou para planejar uma estratégia de viagem. Seria um longo ou um curto percurso? Que lugar era aquele para onde deveria seguir? O que encontraria lá? E se não desse certo poderia voltar, afinal Ur era uma cidade próspera? Será que ele pensou: E por que eu? O que tem em mim para ser o escolhido? E para ser uma grande nação? Eu nem tenho filhos! E finalmente a grande indagação: Quem era esse Deus que fazia promessas?

A maioria das pessoas não iria cogitar na possibilidade de tirar os pés da Mesopotâmia até se certificar de tudo! Mas Abraão não. Ele simplesmente obedeceu! E aprontou a sua comitiva e saiu para fora dos portões da grande cidade confiando nas promessas de Deus para sua descendência. Em Hebreus lemos que “Abraão sendo chamado, obedeceu, indo para um lugar que havia de receber por herança, e saiu, sem saber para onde ia” (Hb 11.8). Tem momentos na vida que temos que fazer escolhas que vão alterar o nosso destino!

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Observe o termo “saiu” – está relacionado à mudanças. Abraão saiu de sua cidade natal, de perto de familiares e amigos, do meio dos deuses que se adoravam ali, deixando para trás uma vida socialmente estruturada. A cada passo para frente o passado ficava para trás. Na verdade, era uma mudança radical para a qual nem todos nós estamos preparados, porque é bem mais cômodo ficar na famosa zona de conforto.

Então, duas coisas me chamam a atenção neste texto bíblico (Gn 12). Primeiro: Abraão foi escolhido pelo próprio Deus para dar início a uma nova geração de vencedores: O povo hebreu que ao longo dos anos se transformou no povo judeu. Israel hoje não é apenas um sonho, mas uma grande nação. Completamos 70 anos de Independência (1948-2018). A terra percorrida pelo patriarca (Gn 13.17) como se estivesse tomando posse de cada lugar faz parte do território israelense. O filho da promessa, Isaque, seguiu os caminhos de Abraão e repassou a herança para Jacó, cujos filhos se transformaram nas 12 tribos de Israel. As decisões de Abraão em obedecer a Deus e seguir em direção a Terra Prometida alterou a sua própria vida e a de toda a sua descendência.

A segunda coisa que chama a atenção é que ao obedecer, Abraão sentenciou a sua vida a uma vida de bênção. Apesar dele ter que enfrentar adversários, de ser provado, ter desavenças familiares e todo tipo de problema que podemos ler no texto sagrado, a promessa de Deus é que ele seria uma benção!

Observe que Deus diz que Abraão seria abençoado, teria o nome engrandecido e a nação que nasceria dele seria grande e que as bênçãos que viriam através desta nação se estenderiam a todas as famílias da terra (Gn 12.2-3). Porque todas essas promessas estão relacionadas a nação de Israel! Inclusive a parte em que Deus sentencia: “Amaldiçoarei aqueles que te amaldiçoarem”. Talvez, esses líderes mundiais que julgam e se propõem a denegrir a imagem de Israel nunca deram importância ao texto sagrado ou não se incomodam de afrontar Deus!

As experiências de Abraão nos servem de exemplo, principalmente àquelas relacionadas a comunhão com Deus. Havia cumplicidade entre o Eterno e o homem mortal (Gn 18.17). E o envolvimento era tão grande que o próprio Deus o chamou de amigo (Is 41.8). Ao optar pelo sacrifício de Isaque, no monte Moriá – que hoje é o Monte do Templo em Jerusalém – o patriarca depositou tanta fé em Deus que logo o Senhor o recompensou desviando o sacrifício para um cordeirinho.

Será que estamos dispostos a “sair” e aceitar as recomendações de Deus? Será que desejamos para nós esse tipo de relacionamento? Queremos as bênçãos, mas não queremos sacrifícios ou o Deus das bênçãos? A nossa terra prometida é algo inatingível ou está logo ali, virando a página e seguindo por um caminho melhor?

Pense nisto.


Marion Vaz




quinta-feira, 26 de abril de 2018

Teoria da Inclusão

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Esse foi o tema do último filme que eu vi: À Caminho da Fé. Depois de passar anos anunciando a Mensagem do Evangelho da maneira como foi instruído desde a mocidade, um certo pastor mudou sua postura.

Uma profunda angústia o cercou ao saber que um tio muito querido que estava encarcerado numa prisão estadual havia se suicidado. O pastor ficou muito entristecido ao pensar que ele tinha morrido sem salvação, mesmo depois de devotar tempo e esforço na tentativa de uma conversão a Cristo. 

Por várias noites sofreu com a ideia de que outros parentes haviam se perdido enquanto ele usava o seu tempo para pregar o Evangelho em outras cidades e para outras famílias. Por fim, ao ver uma reportagem sobre a África em que várias pessoas estavam morrendo e que inclusive, muitas delas ainda eram crianças, começou a indagar com Deus o porque de tudo aquilo. 

Passados alguns dias sob aquele estresse e achando que tinha ouvido a voz Deus, mudou a sua estratégia de pregação. Em sua nova percepção do Evangelho e baseando-se na interpretação de versículos isolados, começou a anunciar que o sacrifício de Jesus era suficiente para salvação de todos, e não somente aqueles que haviam aceitado a Cristo como mediador.

Essa mudança de percepção alterou profundamente a mente e o coração do pastor que ele passou a agir e pregar com todo ardor sobre aquilo que havia descoberto nas Escrituras. Os seguidores daquela igreja rejeitaram tal ensinamento e muitos o deixaram. Interessante do filme é que apesar das controvérsias e situações adversas, esse pastor continuou anunciando sua teoria da inclusão e como o filme é baseado em fatos reais, mais pessoas estão aderindo e se tornando membros da nova igreja. 

Duas coisas me chamaram a atenção no desenrolar da história. A primeira é que não há verdades absolutas que não possam ser questionadas ou alteradas pelo homem, que, mediante um estudo mais aprofundado, ou como resultado de um sentimento de frustração, possam sofrer modificações em sua interpretação.

A segunda diz respeito ao texto bíblico em si. Qualquer pessoa que estude Teologia é instruído a não interpretar versículos ou referências sem analisar o texto e o contexto. Até mesmo na hora de preparar uma mensagem que será direcionada a outras pessoas precisamos ter esse cuidado de não usar um texto da Bíblia isoladamente, mesmo que tenhamos a nítida impressão que estamos sob a direção de Deus ou do Espírito Dele.

Em termos de religiosidade os textos do Novo Testamento afirmam que Cristo morreu por todos. Que o sacrifício na cruz deu acesso imediato a Deus para todas as pessoas. Paulo afirma que "... não há distinção entre judeus e gregos..." (Rm 10.12) e Pedro fala a todos que "Para Deus não há acepção de pessoas..." (At 10.34). E com certeza muitos outros versículos esclarecem que o amor de Deus é imenso e tão intenso que Ele deu o seu próprio filho para morrer pelos pecadores de forma a alcançar e abraçar qualquer pessoa (Jo 3.16). Nenhuma das afirmações acima podem ser descartadas. Com certeza o que o NT informa é que o sacrifício de Jesus é único e eficaz no qual qualquer pessoa pode ser redimida.

Existem outros textos que afirmam sobre a Santidade e a Justiça de Deus e que para ter acesso a Vida Eterna o homem precisa passar por um processo de santificação, uma mudança de vida, um retorno a espiritualidade e tal forma que seja visível a sociedade que nos cerca.

Outro ponto a considerar é que todas as Religiões concordam quanto ao fato de que as pessoas precisam ser boas, honestas, tratar o próximo como amor e respeito. Em sua maioria, afirmam que as nossas obras mostram o que somos e pensamos e que, através delas, seremos julgados. Ponto. Na religião Judaica encontramos um Conceito e uma série de Mandamentos dados pelo próprio Deus para guiar o seu povo. No Cristianismo repetem-se os dois principais mandamentos: "Amar a Deus sob todas as coisas e amar ao próximo como a ti mesmo" (Mc 12.30-31).

Desde as primeiras páginas da Bíblia até a última podemos ler histórias de pessoas que se diferenciavam de outras por causa da sua maneira correta de viver. O que nos leva a outra verdade: Deus não pode ser injusto. Se alguém vive no pecado e tem consciência disso não pode alcançar o céu sem mudar a sua trajetória. Deus é amor. E se Ele não pode levar uma pessoa que nunca ouviu acerca do plano de salvação para a perdição eterna, como elas seriam julgadas? Sinceramente, isso é com Deus. Ele é o Ser Soberano!

Pelo que eu entendi, a Teoria da Inclusão afirma o contrário. Que todos, sem exceção podem entrar no Reino dos Céus, por causa do amor incondicional de Deus. E independente da vida que tem aqui na terra, no fim, nenhuma pessoa será lançada no inferno  baseando-se na reconciliação universal (Em Cristo). Então, as pessoas transgridem as Leis de Deus sem qualquer tipo de remorso e ainda querem ser aceitas e justificadas para entrar no céu junto com aquelas que procuram viver em santidade diante de Deus? Sinceramente... Prefiro não arriscar.

Com certeza, estamos vivendo hoje um contexto bem diferente daquele que encontramos nas páginas do Antigo Testamento. Os estudiosos afirmam que este é o Tempo da Graça. E do jeito que a nossa Sociedade caminha podemos afirmar que, por muito menos, naquela época, a terra tragaria a todos, sem qualquer distinção, só por causa da força do pecado que controla suas vidas.

Outra verdade bíblica afirma que Deus conhece as intenções do coração do homem (Jr 17.10). Então é melhor agir como Davi: "Sonda-me ó Deus... e vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno" (Salmo 139.23-24).


Marion Vaz


Ps. O texto acima refere-se apenas a questão religiosa e não faz qualquer comparação com a inclusão social que, deve sim, incluir todas as pessoas sem distinção de idade, cor de pele, religiosidade, opção sexual, situação econômica ou estado civil.

quarta-feira, 4 de abril de 2018

Morte e Ressurreição

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Duas comemorações importantes foram feitas neste último final de semana: O Pessach - Páscoa Judaica e a memorável páscoa cristã. Como todo mundo sempre escreve sobre isso e aqui mesmo no blog tem muitas postagem sobre o assunto deixei passar em branco.

O Pessach tem sua característica em que todo judeu relembra a saída do povo de Israel do Egito e sua jornada em direção a Terra Prometida. A morte dos primogênitos no Egito como efeito da 10ª praga dá origem a ordem de evacuação. A liberdade conquistada depois de 400 anos de escravidão fala de vida, de mudança, de um novo período na história do povo hebreu. Agora o deserto seria o lar dos filhos de Yaakov por 40 anos. Um período de aprendizado, de estruturar a nação tanto no sentido social quanto espiritual. O povo de Israel teria que aprender a confiar e depender do seu Deus.

A Páscoa cristã também fala de morte, de sacrifício, de sangue. Jesus, o enviado de Deus para salvar a humanidade seria traído, preso e sentenciado a morte em uma cruz. Soldados romanos sem compaixão tratam o filho de Maria de forma grosseira e desumana. Jesus é espancado e colocado numa cruz e depois de algumas horas a vida se esvai. Seu corpo segue para o sepulcro e ali permanece por três dias. 

A ressurreição acontece no domingo antes do raiar do sol. Mulheres chegam ao sepulcro e verificam que a pedra havia sido removida. Maria Madalena tem o seu primeiro contato com o Mestre ressurreto. Alguns discípulos chegam correndo e olham o local. No desenrolar da história Jesus aparece aos discípulos em ocasiões distintas. O plano de salvação havia sido concluído. Uma nova etapa, uma nova era, um recomeço? Cada um encara do jeito que quiser. O texto informa que João creu. E isso já basta.

Nas duas explicações acima sobre comemoração da Páscoa podemos salientar as palavras: Morte e Vida, Medo e Confiança, Fim de um ciclo e começo de outro. 

Independente disso muitos de nós continuamos presos em nossos dilemas, defeitos, objetivos. Parece que nunca damos uma chance para a liberdade ou para a ressurreição porque não queremos abrir mão de alguma coisa, não queremos passar pelo sofrimento, ou pela morte de algum projeto, de algum sentimento. Não queremos romper com o passado e ficamos no mesmo ciclo por anos a fio. Não nos damos a chance de encarar o novo, o desconhecido porque não sabemos o que vamos encontrar lá na frente ou porque achamos que o que temos é o suficiente.

Parei pra pensar sobre isso, porque aconteceu algo que me deixou muito decepcionada esta semana. Quando pensei que estava dando um passo a frente, só estava andando em círculos e talvez retrocedendo. E já é o terceiro dia... 


Marion Vaz

sexta-feira, 16 de março de 2018

Divorciada


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Todo mundo se casa com aquele sorriso no rosto e a esperança de uma vida à dois repleta de amor e felicidade. Não importa o problema que se tenha que enfrentar, o juramento para uma união eterna é: "Na saúde e na doença, na tristeza e na alegria...". 

De vez em quando a gente se lembra daquele momento mágico em que se apaixonou por alguém e pensou ser ele o príncipe encantado daquele conto de fadas que guardamos na memória. Tudo bem. Acontece com todo mundo. Com o passar do tempo o príncipe vira sapo e donzela um espantalho. A carruagem vira apenas uma abóbora e os fieis escoteiros em ratinhos correndo para todos os lados para bem longe.

O divórcio na verdade, não é nada demais. Apenas um rompimento de contrato e daquele padrão de vida que, dependendo do tempo que se ficou casada, a gente estava acostumada a ter. E pra muita gente é um alívio se livrar do marido ou da esposa, principalmente se já tiver alguém na "pista". 

Embora que hoje em dia seja algo normal e aceitável se divorciar, dependendo é claro de alguns aspectos, na época que eu me divorciei foi um verdadeiro e cruel episódio. A separação aconteceu muito rápido e eu me neguei a acreditar que o meu sonho dourado chegou ao fim. Ficou aquele clima de perda, de culpa, decepção, arrependimento, frustração que aos poucos foi se transformando em raiva. Ainda mais que a outra parte se adaptou rapidamente a nova vida e nova esposa. 

Se você foi criado num padrão religioso sabe que divórcio não faz parte do "plano de salvação". Na verdade fiquei meio perdida mesmo, sem rumo, sem contato com alguns amigos e parentes que literalmente viraram a cara pra mim. Parecia que ser divorciada era como ter uma doença contagiosa. E não pense que estou exagerando não. Manter a vida religiosa então virou um martírio porque as pessoas não aceitavam que se podia ser boa mãe, honesta, religiosa, eficiente no trabalho se a gente fosse uma mulher divorciada.

Mas lá estava eu "divorciada de papel passado" e com três filhas pra criar, desempregada e sem pensão alimentícia afrontando o "Sistema"  todos os domingos.

Mas foi um episódio em particular que me fez cair na real. Depois do período da frustração, passei pelo da raiva e transformei a vida do meu Ex num inferno. Aí me conformei que ele realmente tinha se apaixonado e merecia ser feliz. Parei de brigar pela pensão alimentícia e de pedir pra ele se mais atencioso com as filhas. Afinal, era muito patético ter que exigir de um pai que ele fosse amoroso com as filhas já que ele tinha outra família.

O certo mesmo é o Ex arcar com parte das despesas e ajustar a sua vida para dar mais atenção aos filhos. A nova esposa devia ser mais coerente e mais receptiva nesse tipo de situação. Mas na maioria das vezes, o casal se separa e quem constituiu uma nova família se esquece da anterior.

Quando me dei conta de que tinha que seguir em frente conheci uma pessoa que pareceu bastante cordial. Nos encontramos duas vezes e num dado momento ele me revelou que não queria compromisso com uma mulher divorciada e com três filhas. Pensei: Essa pessoa sou eu! Depois do primeiro choque, fiquei olhando a criatura e pensando: Que cretino! Após todas as explicações sem lógica dele, respondi com toda a educação: Eu sou uma mulher divorciada e com três filhas. Não me telefone mais, não me procure e não me tenha por sua amiga! Fim do relacionamento. Depois de dois meses ele me ligou e pediu desculpas pelo que havia dito. Respondi: Tudo bem. Mas não vamos ser amigos. 

Claro que não estava tudo bem! Enquanto o meu Ex se estabelecia em sua nova família e parecia estar muito feliz, eu assumi todas as responsabilidades de uma casa, que não se resumem apenas em contas à pagar, tinha que alimentar três crianças. assistir ao crescimento, saber lidar com as emoções, frustrações ou realizações de cada uma, conviver com as diferenças de temperamento e adicionando a tudo isso ter equilíbrio emocional mesmo me sentindo só e desamparada. Porque a solidão não era um momento ou outro, mas passou a fazer parte da minha vida, do meu dia a dia.

E aquela frase: Divorciada e com três filhas ficou gravada na minha mente. Essa era a minha condição, não apenas um estado civil. As pessoas me olhavam e não viam uma mulher, uma amiga, uma pessoa. Elas viam a minha situação financeira e as dificuldades que eu teria pela frente. Foi uma fase muito ruim. Confesso. Mas o tempo passou, minhas filhas cresceram, se formaram na faculdade, uma casou e me deu uma netinha linda. As outras duas estão trabalhando e estudando e eu, mesmo com esse status estou aqui, de pé, confiando no amanhã.

Quanto ao relacionamento do meu ex com as meninas melhorou bastante nos últimos anos e acredito piamente que foi graças a intervenção divina. Parece que agora ele quer recuperar o tempo perdido. Isso é bom. E sinceramente, é bom sim pra ele e para as meninas que se sentem amada pelo pai. Agora ele percebe que faz sentido tudo o que eu dizia que iria acontecer quando se aproximasse das filhas, a troca de valores, a cumplicidade, o carinho e os momentos em família. Porque afinal de contas ele se divorciou de mim, não das filhas.

De tudo isso me resta entender que a gente não pode mudar o passado então melhor seguir em frente. Só falta descobrir como...

Marion Vaz

quinta-feira, 8 de março de 2018

Caixinha dos Sentimentos

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Alguém me disse: Abre a caixinha do seu coração e me diga o que está pensando. Quando ouvi esta expressão fiquei pensando na dificuldade que eu tenho de expor o que sinto. Não é tão simples assim. Respondi. Mas a pessoa ficou falando do quanto eu era importante e como ele queria ser meu amigo e aquele blá blá blá sem fim.

De um modo geral as pessoas passaram a ser mais seletivas e os relacionamentos ficaram mais impessoais. Todo mundo tem amigos e muitas vezes saem juntos para se divertir, conversar, beber e ir ao cinema. Mas na maioria das vezes é tudo muito convencional. Podem até discutir um assunto e cada um dá a sua opinião, mas abrir a caixinha dos sentimentos é pedir demais.

Não sei se por causa do tempo, da vida, dos inúmeros bullying que a gente sofre desde há muito anos, prefiro ouvir do que falar. Mesmo quando alguém pede minha opinião faço de forma reservada e se por acaso esbarro naquela pessoa que "corta" o assunto ou começa a falar sem parar... Já era. Ela nunca vai saber o que eu penso de verdade. É por isso que eu prefiro escrever. Quem quiser me conhecer, que leia os meus textos! Simples assim.

Talvez seja um jeito de me proteger ou de não me decepcionar tanto. Sei lá. É difícil ter tanta coisa para dizer e se manter neutra. Confesso. Mas o que adianta se expor se alguém tem sempre "aquela opinião formada sobre tudo" como diz a letra da música. E depois de uma ladainha sem fim não adianta dar uma pausa, olhar pra você e perguntar: Você concorda? Parece piada, mas eu conheço gente assim. Então eu dou aquele sorrisinho de "cara de paisagem" e penso: Amiga - Já perdi o fio da meada há muitos blá blá blás atrás...

Enfim... A caixinha dos nossos sentimentos não pode ser exposta para qualquer um como se fosse algo corriqueiro. A gente tem que escolher à dedo aquela pessoa com quem queremos manter um relacionamento, uma amizade, uma cumplicidade. Alguém que não vai te ouvir pra depois te jogar pedras. Alguém que vai te respeitar mesmo descobrindo que você é frágil, e que precisa de conselhos de vez em quando. Porque na maioria das vezes tudo o que os amigos, familiares ou parceiros querem é que você sirva de apoio, de muleta, que seja forte para suportar toda a carga de problemas que eles querem te impor.

Conselho de amiga: Preserve todos os relacionamentos saudáveis que tiver, mantenha distância de pessoas oprimidas, vingativas e com sentimentos autodestrutivos - limite-se ao bom dia e boa noite. Dê uma chance para as novas amizades até descobrir em quem confiar. Só destranque sua caixinha de sentimentos para alguém muito especial, que vai estar ao teu lado em qualquer situação, mas tenha sempre uma palavra amiga para quem precisar. Faça elogios se te permitirem.

Mas abra espaço na sua agenda para você mesmo, ir as compras sozinha e escolher o que quiser, ir ao cinema, passear, ler um livro, viajar e conhecer lugares e pessoas diferentes e vai descobrir que é muito bom sair da "zona de conforto".


Marion Vaz




segunda-feira, 5 de março de 2018

Revoltz - Parte 2


Meu problema com a Empresa que fornece energia elétrica no RJ não é mais segredo pra ninguém. No dia 24 de fevereiro eu fiz aniversário. Parabéns pra mim. E foi também neste mesmo dia há cerca de um ano atrás que chegou a primeira conta de luz com um valor absurdamente alto e completamente fora do meu padrão de consumo de energia. 

De lá pra cá muitas dores de cabeça e você pode conferir toda a Saga neste link. Então, esse mês recebi outra cobrança com valor acima de 3 mil reais para uma residência de quarto, sala, cozinha e banheiro. Para marcar esse "aniversário" resolvi postar fotos de alguns postes de luz que ficam nos arredores da minha rua. A confusão na fiação pede uma vistoria urgente. Mas quem liga não é mesmo?



É no meio desse mafuá que fica o fio de luz que vai para o meu medidor. Viram porque minha conta vem tão alta? 

Então vamos dar uma olhada nos demais postes de luz:








É. Acho que está na hora de alguém fazer o dever de casa.


Marion Vaz



quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Loterias da Vida

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Quem nunca sonhou em ganhar na loteria? Mesmo aquelas pessoas que nunca fizeram um joguinho sequer já suspiraram ao pensar no assunto. Pois é... Mas para desespero de todos aqueles que jogam regularmente e tentam a sorte a qualquer custo, o resultado é sempre o mesmo: Não foi desta vez!

Quando entro numa casa lotérica para pagar uma conta fico olhando a quantidade de pessoas fazendo sua "fezinha/' no balcão. E tem gente que investe mesmo! Olho para o atendente com aquele sorriso no rosto praticamente forçando a gente a tentar também.

Às vezes, me pego sonhando com aquele montante de dinheiro anunciado em cada prêmio. Seria bom mesmo nunca mais me preocupar com o futuro, poder comprar uma boa casa, carro, viajar, ajudar minha família, investir num bom negócio e ajudar outras pessoas, dar a volta ao mundo... E a lista de desejos não tem fim. Quanto mais a gente pensa, mais dinheiro sai voando das nossas mãos.

Uma vez ou outra escuto as pessoas conversando sobre o que fariam se ganhassem tanto dinheiro. alguns comentários são coerentes, outros nem tanto. E acho que por isso alguns nunca vão realizar esse sonho. Eu fico olhando pra aquele monte de zeros e penso no investimento que toda essa gente faz em busca de um único objetivo para que no final das contas, ou o prêmio se acumula ou alguém lá longe, numa cidade que a gente nunca ouviu falar acaba acertando e levando a melhor. Minha imaginação já chegou ao ponto de achar de algumas cidades do Brasil se tornaram apenas o "Ponto de Arrecadação" porque é muito dinheiro envolvido. 

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Mas pra minha surpresa, dois sortudos da vez e da cidade do Rio de Janeiro fazem parte dos ganhadores da Mega da Virada com mais 15 apostadores no restante do país. Cada um recebeu mais de 18.000.000,00 de reais. É muito zero, não é? E com esse dinheirão dá pra comprar a felicidade de qualquer um. Então se algum de vocês ler essa matéria, me coloca na sua lista benevolente, por favor.

Interessante da matéria que saiu no jornal é que há dez anos atrás essa mesma loteria do Rio teve um ganhador. Então foram dez anos de investimento até que outro "sortudo" aparecesse. Tem coisas que acontecem só em filmes: Um homem fez uma aposta numa casa lotérica e depois entrou num bar para tomar um café, mas percebeu que não tinha o dinheiro da gorjeta. Então disse para a atendente que se acertasse na loteria dividiria o prêmio com ela. E não deu outra. E como ele era todo certinho teve muito trabalho em convencer a esposa que tinha que cumprir sua palavra.

Mas as loterias da vida não se resumem apenas em ganhar dinheiro, muita gente acerta "os números" quando encontra uma pessoa pra dividir os melhores momentos da sua existência, quando abraça os filhos depois de um dia cansativo no trabalho, quando olha a mesa do jantar repleta de parentes e amigos num dia especial ou vai dormir abraçadinho com a mulher da sua vida. Quando acorda de manhã e sente a brisa entrando pela janela do quarto. Para alguns estar vivo já é o suficiente. Ganhar nessa loteria pode parecer apenas um sonho distante, mas se você não se jogar nunca vai saber.


Marion Vaz


quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

O Valor da Perda

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Pra começar acredito que ninguém gosta de perder nada. Quando se fala em perda logo vem a sensação de tristeza. A angustia invade o coração e a gente não quer admitir que algo ou alguém está fora do nosso alcance. É do ser humano mesmo achar que pode controlar tudo. Cada centavo que ganha, cada objeto que compramos e até com muito custo. Com certeza tem alguma coisa que faz parte da nossa vida que a gente não empresta pra ninguém. Pode ser um livro, um vestido, um brinco, uma caneca. Afirmamos sem qualquer inibição: Não! É meu! Não dou, não vendo, não empresto, não e não!

E ser egoísta de vez em quando não tem nada de errado. Porque tem sempre aquela pessoa na família ou no rol de amigos com capacidade para destruir, manchar ou quebrar seja lá o que for. E depois aparece com aquela desculpa esfarrapada. Se tem uma coisa que eu não empresto pra ninguém são os meus livros. Principalmente se forem relacionados a Israel. Ninguém toca! Ponto final.

Mas existem aquelas perdas que não podemos evitar. Alguém que se foi porque estava doente ou por causa de um acidente e o luto nos ajuda a sofrer em silêncio. E só o que nos resta é esperar o tempo passar pra ver se o coração se acalma. 

As perdas desse artigo são diferentes. Elas constroem caráter. Porque tem coisas que a gente só dá valor quando perde. Você não esperava que aquilo acontecesse e então fica ali, parado, triste, analisando como tudo ocorreu. Por um certo período nos culpamos, depois avaliamos um conjunto de ações que levaram aquele distanciamento. Choramos sim. Por que não? 

Quando alguém se queixa de um problema ou pessoa não percebe que parte da culpa cabe a ela também. Se perdeu um objeto foi por desleixo, por falta de organização, porque não prestou atenção onde guardou. Quando se trata de relacionamentos sempre vai haver o outro lado da moeda. Mas tem gente que gosta de culpar os outros, porque ela, lindinha, é a melhor das criaturas. Será? Se perdeu aquela promoção no trabalho não foi por acaso porque não se esforçou o suficiente? A imprudência no trânsito te custou uma multa? A nota ruim na prova foi porque você não estudou? 

Eu gosto de pensar que neste mundo as pessoas tem que aprender com seus erros e acertos. Não podemos viver em função das experiências dos outros. Nem podemos impedir que alguém amadureça mesmo se ou quando tiver que passar por adversidades. As pessoas mais idosas tendem a achar que porque estão na "melhor idade" sabem mais que outros. Querem ditar os caminhos a serem tomados, como agir nesta ou naquela situação, tem sempre um conselho ou uma experiência para contar. Às vezes, é bom ouvir um conselho. Nada contra. 

Mas no geral, cada um  precisa vivenciar suas próprias experiências e errar faz parte do aprendizado. Raramente se acerta da primeira vez. Fato. E perder também nos adverte que temos que mudar em algum ponto. Quando determinadas coisas acontecem não basta apenas gritar de raiva (o que às vezes pode ser muito bom - tipo AHHHHHH!).  Mas é melhor parar de ficar choramingando pelos cantos, de colocar a culpa no outro ou aceitar de boa - Porque isso também faz a pessoa se acostumar com as perdas. É hora de analisar os fatos e descobrir como se tornar uma pessoa melhor.

O valor da perda não é numérico e sim qualitativo em relação à pessoa que sofreu os danos. Porque a partir de uma autoavaliação podemos descobrir uma série de outros defeitos (ou qualidades) que nos influenciam. E tudo se resume a valores morais. Então seja honesto com você mesmo e assuma seus erros e defeitos. E se for o caso peça desculpas! Chega de pegar atalho! Ganhe através das perdas. 


Marion Vaz

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Eu queria mudar o mundo... Então comecei a escrever!

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Essa é a minha chave mestra que abre todas as portas da minha capacidade: Eu queria mudar o mundo... Então comecei a escrever! - Assumi isso como um lema, um desafio, uma ordenança divina. Desde o início achava que para mudar o mundo e a maneira como as pessoas pensam, precisava fazer isso através da escrita.

Os blogs foram o meu ponto de partida. Escrevia de tudo, desde problemas de ordem física a espiritual. Gosto de escrever e de expor o que penso. Às vezes, exagero. Confesso. Principalmente quanto algo me atinge direta ou indiretamente. Faço uso do meu direito de liberdade de expressão porque pelo menos isso ainda não nos tiraram.

Escrever não faz você ficar rica! Não neste país onde o estilo literário, o vínculo com as editoras, os agentes e avaliadores de originais só trabalham em busca do autor independente que possui uma soma considerável de leitores. Entendo que as Editoras precisam de retorno financeiro e que ninguém mais se preocupa com o autor iniciante. A gente que se esforce pra virar celebridade e chamar a atenção da Mídia. 

Então não importa se você realmente escreve bem e tem excelentes histórias pra contar. Por isso optei pelo método de auto publicação. Mesmo porque eu queria ter o prazer de ver e tocar num livro com o meu nome. Sou do tempo do papel e caneta, da máquina de escrever e por fim cheguei a Era da informática, da tecnologia. E como a Editora PerSe abriu as portas lá fui eu publicando minhas ideias em forma de livros. 

Para ganhar dinheiro preciso de patrocínio, de um agente, de estoque, gerenciamento de site e redes sociais e uma série de outras atividades a fim de aproximar os leitores. Só que pra mim nem tudo se resume a ganhar dinheiro. 

O que me impulsiona mesmo é elaborar um bom texto e expor de forma clara e objetiva. É sentir que o que escrevo pode mudar o pensamento, a vida, e quem sabe, o destino de alguém. Escrever é mais do que alinhar palavras e expressões. Você tem que colocar sua alma naquele texto, naquele romance, artigo. É dar vida a algo inanimado.

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O escritor deixa de ser ele mesmo pra sentir o que a personagem sente, sonha, fala... A gente faz transbordar os desejos, ilumina os passos e quase não dá para manter a individualidade. Para escrever bem você tem que ser apaixonado pelo que faz! É se surpreender como você mesmo e pensar: Está muito bom! Então você publica e fica torcendo para que o leitor ame tanto quanto você. Às vezes, eu acho que todo escritor "viaja na maionese" de tanta expectativa. 

O ideal seria que todo mundo que exercesse qualquer outra função fosse assim tão dedicado, apaixonado, sonhador, envolvido moralmente com um padrão de qualidade.

Escrever é se libertar mesmo estando preso, amar sem ser amado, é sonhar acordado, é enxergar além do horizonte mesmo sem visão nítida... Porque o que nos basta é a Esperança.


Marion Vaz

Se você gosta de escrever como eu, visite o Point do Escritor e veja a quantidade de dicas que vão te ajudar.




quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

2018 - "Hoje é um novo dia..."


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O ano está apenas começando e já sinto no ar aquele sentimento bom de que tudo pode melhorar de momento para outro. A letra da música nos convida a ter esperança e com certeza vai ser difícil esquecer esta melodia. Então a dica é seguir em frente.  Confiante. Sem medo de ser feliz. Somos mais fortes do que se pode julgar e não vamos deixar de sonhar.  Que venha 2018 com toda a sua energia boa. Que nunca nos falte a fé em D-us e no que Ele pode fazer. Que se multipliquem os sonhos. 

Que as águas de Janeiro levem toda sujeira pra bem longe. Que haja paz dentro dos corações mesmo que o mundo esteja em guerra. "Ninguém é igual a ninguém" já dizia Carlos Drummond de Andrade bem antes de 1980. Então não vou me comparar a ninguém e muito menos seguir pela maioria. Somos únicos em muitos sentidos e múltiplos sentimentos. Peça direção a D-us e siga seus conselhos. Não espere do ser humano além das expectativas e assim você não vai se decepcionar tanto. Espelhe-se nos bons. Ande a beira mar e sinta a brisa. Respire fundo e recomece tantas vezes quanto necessário. Mas não desista no meio do caminho. 

Que venha 2018! Eu acredito no impossível.

Marion Vaz