domingo, 3 de março de 2024

Auto retrato

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Eu me olhei esta semana no espelho e confesso que não gostei do que vi. A gente passa tanto tempo correndo de um lado para outro, esperando um pouco de reconhecimento e de repente se dá conta da ilusão. Não há respeito, consideração ou qualquer outro sentimento de empatia. 

Às vezes, a gente espera demais, sonha demais e se ilude com a fantasia de uma vida feliz e uma família amorosa e no fim das contas é tropeçar e cair. E agora estou aqui vazia de esperança e cheia de coisas pra reclamar, como se fosse possível encontrar uma saída.

E se eu fosse fazer um auto retrato só veria borrões por causa do modo "automático".  Quem me olha diz: "Ela está bem", " Está correndo... está bem", está trabalhando feito louca, está bem" - Tudo no automático! Sem tecla de pause. Talvez, para não ter que pensar em nada! 

Mas o espelho não é mágico e nem mente. Ele mostra o real estado físico de quem não se aprecia, não liga para a aparência, não come e não dorme direito.  Ele mostra o rosto sem maquiagem, sem adereços, sem cor. Ele mostra as lágrimas mas não vê a alma em frangalhos.

Juro que eu queria que fosse diferente! Queria rebobinar os dias e mudar fatos. Não dá. Dizem por aí que o tempo cura as feridas. Concordo. Mas também aceito que as feridas fechadas deixam marcas na pele.

E se não dá para apagar o passado, o jeito é seguir em frente, no automático. Esperando que o amanhã seja diferente ou que pelo menos, a gente tenha aprendido alguma coisa.



Marion Vaz