sábado, 9 de março de 2013

Ativismo Religioso





Quando D-us instituiu o Shabat como dia de descanso para adoração tinha em mente que o homem trabalhasse seis dias na semana e guardasse o sétimo como dia santo. Todo texto sagrado pode ser lido em Êxodo 20.

Durante todos esses anos a religião judaica vem proclamando a santidade do Shabat e opondo-se a qualquer mudança. Embora que, haja opiniões diferentes, e isto por causa do secularismo, o Shabat tem sido honrado pelo povo judeu e outras religiões cristãs.










Mas, na maioria das igrejas cristãs o domingo passou a ser o dia consagrado a D-us em virtude da ressurreição de Jesus ter acontecido ao despontar o primeiro dia da semana (Lucas 24). A partir desse ponto, variando de igreja para igreja, os crentes são convidados a participar dos cultos não só no domingo como nos demais dias que a igreja esteja aberta e há também os  obreiros de tempo integral que doam parte ou todo o seu tempo.

O ativismo religioso é o termo usado para aquele acúmulo de funções que alguém exerce na igreja ou na comunidade religiosa e que foi comprovado que em certos casos causa o esgotamento físico, mental e espiritual da pessoa. Ativismo é quando alguém diz: "Eu sou o cara. Eu trabalho muito. Eu estou à frente de tudo."

 
Quando me deparei com esse termo em um artigo da revista http://cristianismohoje.com.br/ lembrei-me de que havia discutido isso com outras pessoas. Principalmente aquelas que insistiam em dizer que “não tinham tempo”. Por vezes me questionei sobre o assunto. A pessoa vivia tão sobrecarregada de funções na igreja que não tinha tempo para mais nada! O acúmulo de cargos ocasionou um esgotamento físico, acelerado pelos problemas familiares, doenças e outras implicações decorrentes da ausência da figura materna em sua casa.

Por certo existem funções e departamentos numa igreja que requerem maior desprendimento e tempo de alguém para que haja uma boa administração. Mas por certo existe hoje um abusivo “controle” do tempo dos fieis em função da demanda de cultos, reuniões, orações, consagrações e festividades que ocorrem o tempo todo, e todos os dias na semana. Por isso iniciei o artigo falando sobre o Shabat e sua finalidade.

A desculpa para tal envolvimento na “obra” é sempre em função da fé, da espiritualidade (que no caso varia de pessoa para pessoa), da volta de Jesus e de que a salvação dos outros depende da Igreja e seus evangelismos, sem falar na crescente busca pela “perfeição”. Assim, os fieis passam a frequentar a maioria dos cultos e demais reuniões e aquele que só puder ir aos domingos é caracterizado de crente domingueiro.
 
Em minha opinião outro fator que contribui muito para essa demanda de cultos é sem dúvida a questão da oferta, principalmente no caso de haver obras de reconstrução ou modernização do Templo.

Mas percebo que a adoração a D-us através das ofertas e dízimos passou a definir um estilo de vida de prosperidade. Não sei na sua igreja, mas eu me deparei com esse “novo mandamento” que vem moldando o crente do novo milênio. Quanto mais ele dá, mais ele é abençoado! E já existem ministros que determinam o valor (quantia) a ser “oferecido a D-us”. Quem tem fé oferta! Com certeza o Senhor vê o coração do seu servo e muitas pessoas são mesmo abençoadas em virtude de terem confiado em D-us. Mas existe esse gerenciamento do culto que culmina em dois pontos principais: 1 - Hora da oferta. 2- Hora da pregação.

Mas, voltando ao ativismo religioso, é preciso evitar os excessos, o acúmulo de funções, o abandono familiar, as desculpas para não sair com amigos. Evitar aquele cotidiano estressante que vai gerar problemas para a própria pessoa, sua família e com os demais irmãos da igreja. 






Os maiores problemas de relacionamentos vêm pela falta de diálogo, pelos desentendimentos, abuso de autoridade e desequilíbrios emocionais oriundos do estresse, do esgotamento. E o pior é que muitas pessoas atribuem isso ao diabo e suas artimanhas, quando na verdade, o corpo físico é que é limitado e está sendo exposto de forma inadequada e em ritmo acelerado.

O ativismo religioso causa problemas dentro de casa, por causa da ausência dos pais, do repasse de suas obrigações a outras pessoas, quando a mãe ou o pai deveria estar dentro do lar, convivendo com os filhos, dando apoio, conversando, evitando conflitos, almoçando, jantando juntos. O outro lado da moeda indica que muitos fazem de suas obrigações religiosas uma espécie de fuga de suas verdadeiras responsabilidades no lar.

E infelizmente, as reuniões extras acabam afastando as pessoas do convívio com seus familiares, prejudicam os relacionamentos de casais, pais e filhos, porque quando a família deveria estar junta para qualquer outra atividade, as pessoas estão em reuniões, ensaios, visitas, etc. E agora que chegamos a um estágio crítico de problemas, de falta de autoridade no lar, filhos afastados, divórcios, crises emocionais, acusações desmedidas... Os líderes começaram a promover diversos cursinhos, encontros de casais, culto (ops) da família, etc. Enfim...

Parece até que eu sou contra as reuniões nas igrejas, mas não. O culto racional é aquele que adoramos a D-us com toda dedicação, com envolvimento, com amor e fé. Não aquela reunião rotineira com todos aqueles blá-blá-blás que se repetem a cada culto sem a menor complacência. E as pessoas ali, sentadas, cansadas, algumas conversando e até mesmo enviando mensagens de e-mail, porque o culto perdeu a sua finalidade principal. Tornou-se  algo corriqueiro.  Observei isso na própria figura do líder que, coitado, ali a semana inteira e já não tem mais o que dizer e fica repetindo a programação da semana! E as pessoas acabam se acostumando com aquele ambiente e com aquele tipo de “culto”. Quantas pessoas “ativas” adoeceram recentemente?

O perigo dessa demanda de cultos se por um lado contribui para edificações de muitos, por outro lado, influencia na dependência espiritual daqueles que se não estiverem na igreja todos os dias sentem-se fracos e “presa fácil” do inimigo. Mesmo porque essa ideologia é constantemente ministrada e ligada ao recebimento de bênçãos. Tudo se resume ao fato de que “se o crente não estiver naquele domingo na igreja poderá perder a sua benção e voltar para o fim da fila”. E não venha me dizer que nunca ouviu esta frase!

E assim temos crentes “motivados” e “envolvidos” na obra de D-us, mas temos crentes estressados, com dificuldades mil, mas esboçando felicidade e “caminhando para os céus”. Porque afinal de contas, estamos aqui de “passagem”. Nosso reino não é “aqui”. Temos uma “chamada” e poucos são os “trabalhadores”.

Com tais argumentos esquecemos que a vida é uma só, que o ser humano deveria vir em primeiro lugar e que o nosso “D-us trabalha para aqueles que Nele confiam”. E principalmente que “tudo tem o seu tempo determinado e há tempo para todo propósito debaixo dos céus” Eclesiastes 3.1

Então está na hora de você priorizar algumas coisas e ter propósitos firmes para que possa administrar bem o seu tempo.

 

Marion Vaz.


 

 


 

 

 

 

 

 

 

6 comentários:

  1. Muito bom esse artigo enriqueceu muito a aula que vou dar nessa manha de EBD. Deus abençoe.

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  2. Obrigada pela visita e que o Senhor continue abençoando a tua vida,

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  3. Muito bom!Deus abençoe! De qual denominação a senhora congrega?

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  4. Muito bom esse estudo, ele me deu um esclarecimento bom do que significa o ativismo religioso, que Deus possa te abençoa grandiosamente

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    1. Obrigada por visitar o blog. Fique a vontade para acessar a qualquer hora.

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