sábado, 24 de março de 2012

Uma árvore plantada num vaso pequeno



Ao ouvir essa frase pela primeira vez logo me veio à mente uma árvore com seus galhos largos repleto de folhas e frutos tentando se equilibrar num tronco que ia se afinando até chegar à raiz que estava presa a um pequeno vaso. 

Quando ouvi as razões pela qual foi feito o referido comentário, imaginei a mesma árvore num determinado lugar, onde outras pessoas também  se movimentavam de um lado para outro seguindo o ritmo de suas atividades. Pessoas que estavam completamente alheias ao dilema da pobre árvore.

Então pensei  que muitas pessoas vivem um momento de frustração ao perceberem que seus superiores não estão valorizando o seu potencial.

Foi quando me lembrei de uma situação em que alguém disse claramente que não me daria um emprego porque não acreditava no meu potencial, apensa r de ter visto o meu desempenho em outras áreas e saber que eu era competente. Saí dali com o coração triste, lágrimas no rosto e sem forças para seguir em frente.

Mas eu não me deixei abater por muito tempo, logo fui atrás de outras oportunidades e consegui! Mas tem pessoas que ficam prostradas, feridas com certos comentários e desistem de vencer na vida!

Muito triste quando alguém se sente tão superior que é capaz de magoar uma pessoa por ela estar num momento de declínio financeiro. Muito triste quando uma empresa descarta um funcionário quando a culpa é toda do gerenciamento, porque a empresa não se preocupa em oferecer oportunidade de crescimento, o mínimo de conforto e reconhecimento público.

Talvez você também se sinta assim, desmotivado, cansado demais até para pensar. Pode estar trabalhando muito  e não está vendo nenhum tipo de compensação. 



Talvez sua empresa exija demais, delega uma cota de funções acima do padrão e não se sente com a menor obrigação de pensar no funcionário, apenas nos lucros. Isso pode acontecer com qualquer um. 

Na vida espiritual não é diferente! Muitos acham que não recebem as bênçãos que “merecem”  porque D-us não está nem aí para suas necessidades. Cuidado com tal pensamento!

A nossa árvore não está nesse contexto, pois quase todo o seu tempo é para fazer a obra e ela tem se esforçado muito para conquistar almas para o reino de D-us.


No entanto, em termos profissionais, está fixada num terreno tão pequeno que não permite expandir suas raízes. Conclusão: Ela até consegue ser uma árvore frondosa, dá os frutos na estação certa, diminui a fome dos peregrinos que passam na estrada, ao contrário da figueira do Evangelho de  Mateus (21.19). 

A nossa árvore não precisa ser podada, cortada, só para ficar tão pequena quando o vaso que sustenta sua raiz, Não! Ela precisa e deseja crescer ainda mais, quer novos horizontes, novas metas, novas batalhas e também novas vitórias! Ela está certa! 

Muitas pessoas não querem se acomodar a uma determinada situação e trabalhar apenas para receber um salário no final do mês como se só isso bastasse! A nossa árvore quer fazer prosperar o seu caminho como diz o salmista (1.3). Quer produzir frutos e frutos que permaneçam! 

Mas em muitos casos, a árvore se mantém presa ao pequeno vaso por razões pessoais, por necessidade, por causa até mesmo da falta de oportunidade no mercado de trabalho. Contudo, se sente frustrada porque não se desenvolve completamente e não mostra todo o seu potencial.  Foi contratada para aquele serviço e ponto.

A nossa árvore não! Ela não vai se sujeitar a mediocridade em que foi submetida! Não! Ela vai expor sua opinião, vai mudar seu comportamento e vai contrariar a muitos em função dos seus sonhos! Provavelmente vai ser demitida!   Ou não! Vamos aguardar o desfecho!?

Marion Vaz

Chico Anísio


Deixando o mundo material para o mundo espiritual em 23 de março, ele que fez inúmeros personagens, alem de exercer o papel de humorista, escritor, locutor e outras tantas funções, ao lado de nomes renomados de rádio e televisão, encontra um significado maior para a vida – O legado.

Na telinha da Globo, o humorista e ator Chico Anísio, conquistou o público brasileiro. 

Acreditamos que todo ser humano tem um legado para deixar para as gerações futuras e o fazemos através dos nossos erros e acertos, sejam eles conscientes ou não. 


Assim nos despedimos desse grande homem, aceitando que também nos resta um pouco de tempo para sermos melhores hoje do que fomos ontem.  Adeus Chico!

Marion Vaz

sexta-feira, 2 de março de 2012

Sansão - A Restauração de um Herói Falido

                          


Heróis e Vilões

     Ao falarmos de um herói da história bíblica como Sansão, devemos ter em mente que não estamos falando apenas de um homem, ou de um caso isolado. A restauração de um homem nesse contexto é também a restauração de um povo. As palavras do Anjo afirmaram que “Ele começará a livrar a Israel das mãos dos filisteus”  (Jz 13.5).

     Sansão foi escolhido desde o ventre de sua mãe para ser nazireu de Deus. O menino cresceu forte e corajoso e numa época em que os filhos de Israel eram constantemente ameaçados pelos filisteus. Sansão julgou sobre Israel por um período de vinte anos.

     Com a sua força era capaz de ferir mil homens (15.15), gostava de brincar de enigmas, e um deles desencadeou vários problemas familiares. O declínio de Sansão não começou quando ele conheceu Dalila como se pensa, mas quando ele deliberadamente rompeu o pacto de nazireado com Deus.

    “Do comedor saiu comida, e do forte saiu doçura” - Pelo voto de nazireado Sansão estava proibido cortar o cabelo ou de tocar ou até aproximar-se de um cadáver, no entanto, ele tomou os favos de mel na sua mão tirando o mel do cadáver do leão (14.9).

     Daí por diante, sua vida foi marcada por vários erros de ordem física e espiritual até culminar no maior deles, que o afastou definitivamente da presença de Deus. 

     Assim, entendemos que as grandes falhas que cometemos em nossa vida são consequência de um longo período de desobediência. E que elas podem ou não resultar em uma queda repentina, mas em algum momento isso vai acontecer. Então é preciso avaliar nossas atitudes e o quanto elas são verdadeiras diante de Deus.


Errar é humano

     A Bíblia revela uma relação de nomes de heróis e vilões que fizeram parte da história sagrada, relação que pode ser ampliada quando se trata da História da humanidade.

     Na epístola de Hebreus, precisamente no capítulo 11 observamos os nomes dos Heróis da fé. Homens que marcaram presença pela maneira como se comportaram diante da sociedade obedecendo a Deus em todos os momentos.

    Mesmo esses homens e mulheres estavam sujeitos a errar. E o texto bíblico nos mostra algumas dessas falhas que podemos classificar de grandes e pequenas, mas algumas em grande escala que trouxeram consequências irremediáveis.

     Assim, encontramos Abraão e Isaque vivenciando o mesmo drama ao mentirem dizendo que suas esposas eram apenas irmãs. Sara recebeu uma advertência do anjo quando riu sobre a promessa de ter um filho em sua velhice. Raabe, que salvou os espias em temor ao Deus de Israel, era considerada uma meretriz. Josué devia orar antes de guerrear contra a cidade de Ai, mas não o fez. Davi, o homem segundo o coração de Deus, deixou-se levar pela beleza de Bate-Sebá.
        
O preço do pecado


    Sansão começou a brincar com o pecado, mentindo, fazendo aliança com outros povos através do casamento e por fim, quando foi até Gaza se envolveu com uma prostituta.
    
     Não satisfeito, enamorou-se de Dalila (Jz 16.4) e passou a visitá-la regularmente. Os anciões daquela região fizeram uma proposta irrecusável (vs 5) e a mulher elaborou um plano para descobrir o segredo da força de Sansão.

     Mas como alguém que não tinha o que perder, adormecia tranquilamente até que ela o despertasse (vs 14). Da última vez, o sono era tão profundo (talvez por causa de alguma bebida forte) que ele não percebeu que seus cabelos estavam sendo cortados (vs 19-20).

    O pecado não prejudica apenas aquele que pecou, mas em certas circunstâncias envolve as demais pessoas que convivem numa casa, numa família e até mesmo na vizinhança. Ele pode contaminar outros e levá-los a perdição eterna.

    O pecado deixa marcas terríveis na vida do pecador.  As cicatrizes podem ser física, emocional, mental e espiritual e algumas pode ser visíveis mesmo que o pecador tenha se arrependido. 

    Embora as relações com Deus possam ser restauradas, algumas pessoas são assombradas por seus erros por boa parte do restante de suas vidas. Mas...

“Ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata eles se tornarão brancos como a neve, ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã”
Isaías 1.18


Tempo de rir

     Mas todo pecado tem um preço e com Sansão não foi diferente. Mas boa parte da sua vida achou que era tempo de rir, de fazer piadas, enigmas, de zombar de seus inimigos.

    A força de seus braços intimidava-os, mesmo aqueles que tentavam persuadi-lo em alguma façanha. E sansão gostava disso, achava-se invencível, esperto, encantador.
      
     Talvez tenha sido por isso que se deixou envolver por Dalila que por várias vezes tentou persuadi-lo a contar o segredo. Ele ria e brincava, zombava dela e mentia de novo, talvez pensando nos carinhos que poderia receber da bela mulher.

     Tem gente brincando com o pecado, “beliscando” aqui e ali depois pedindo perdão ou seguindo em frente sem qualquer centelha de temor a Deus.

     Quem sabe não seja esse o mal da presente década? O descaso em relação à vontade e a santidade de Deus? Pessoas entrando e saindo das Igrejas sem compromisso com a sua Palavra, sem temor. Assim os homens pecam deliberadamente achando que não haverá punição, que não haverá morte e nem castigo eterno. Entretanto a advertência do apóstolo Paulo é esta: “o salário do pecado é a morte” (Rm 6.23).

      Honri e Fineias eram filhos de Eli e também eram sacerdotes, mas os seus pecados era muitíssimo grande aos olhos de Deus (1 Sm 2.17) “e não havia injustiça que eles não cometessem” e segundo Flávio Josefo eles exerciam uma “funesca tirania” [1]. Eli recebeu uma repreensão do Senhor porque conhecia todo mal que os filhos praticavam, mas não fazia nada (vs 29).

      Sansão também agia de forma irresponsável, brincando, mentindo, jogando com o poder e a força que o Senhor lhe tinha concedido. 

      Quanta gente brincando com os dons que recebeu do Senhor? Quantos desprezando os talentos, enterrando-os ou apenas ignorando-os.

      Mas como está escrito no Livro de Eclesiastes “Tempo de rir e tempo de prantear...” (3.4) e o tempo de Sansão lamentar estava chegando.

Brincando com a natureza humana

     A jovem Dalila insistia com ele para descobrir o segredo de sua força e por três vezes ele a enganou. Primeiros foram sete cordas de nervos, depois  cordas novas e depois as sete tranças em seus cabelos. Observe que ele usa o número sete várias vezes em sua brincadeira com Dalila quando essa numeração equivale à perfeição.

     Normalmente sete representa algo completo como na narrativa da criação, quando Deus termina sua obra e descansa no sétimo dia. Naamã teve que mergulhar por sete vezes no rio Jordão para ser curado de lepra (2 Rs 5.10). Jacó serviu a Labão durante sete anos por amor a Raquel (Gn 29.20). Os sacerdotes cercaram Jericó por sete vezes e no sétimo dia, rodearam sete vezes (Js 6.4).   
 
     Mas existem outros relatos bíblicos que retratam algo negativo: Caim seria vingado sete vezes (Gn 4.15). Maria Madalena tinha sete demônios antes de seu encontro com Jesus (Lc 8.2). Mas em Apocalipse encontramos o número sete determinando igrejas, selos, taças, anjos, candelabros, etc.

     Não estamos criando qualquer tipo de misticismo em torno dessa numeração, mas apenas analisando as atitudes de Sansão que brincou com a natureza humana, deixando-se amarrar com sete cordas de virmes frescos, sem se dar conta do que Dalila estava tramando, talvez confiando na sua força física. Por fim, ele chega próximo da verdade quando fala que a mulher deveria fazer sete tranças em seus cabelos para perder toda a sua força. 

     Aprendemos aqui que ele mesmo se traiu, deixando-se envolver pelo pecado da mentira, pelos argumentos da bela mulher, era divertido enfrentar seus inimigos todos os dias e vencê-los. Enquanto isso, os filisteus estavam cercando-o, colocando armadilhas, esperando pacientemente o momento propício para matá-lo.

      No Jardim do Édem, Eva ficou de longe olhando o fruto proibido, observando-o talvez achando que não havia mal algum em se aproximar só um pouquinho (Gn 3). Foi quando a serpente chegou sorrateiramente com suas perguntas e respostas sobre o mal e o bem, sobre ser igual a Deus. “Foi assim que Deus disse?” Indagou. Eva tentou argumentar, mas era tarde, a dúvida já estava alojada em seu coração. 
    
      Seria oportuno ou atrevimento perguntar ao amado leitor se existe (ou quais) áreas de sua vida que não se submetem a Deus hoje?
      Eva não pensou duas vezes quando o cheiro forte do fruto entrou em suas narinas e aguçou os demais sentidos além da simples curiosidade, então ela pegou o fruto e comeu e deu ao seu marido.

     Com relação a Sansão a Bíblia afirma que por vários dias Dalila insistiu no assunto e por tantas vezes que Sansão começou a ficar angustiado. Observe no versículo 15 que ela começa a fazer chantagem emocional. No versículo 16 vemos que “a sua alma (de Sansão) ficou angustiada até a morte”. 

     O pecado não desiste até que o homem caia em suas garras! A admoestação de Paulo é para fugir: da prostituição (1 Co 6.18), da idolatria (10.14), do amor ao dinheiro e toda sorte de “coisas” que possam  prejudicar a comunhão com Deus (1 Tm 6.11).

     A palavra sedução em sua origem tem uma aplicação negativa, ou seja, designa alguém que é levado para o lado, afastando-se de uma coisa boa e correta para algo vil, corrupto e inferior. Isso significa ser atraído para o mal. Sedutor é aquele (a) que seduz, atrai, encanta ou é capaz de persuadir por meio de astúcia.

     A história de Sansão nos ensina que devemos nos afastar de amizades que nos influenciem para o mal. Quantas pessoas, jovens ou adolescentes se envolvem com pessoas erradas e vivenciam situações adversas? Essa foi a ruína de Sansão. Ele era forte, mas a bela e jovem Dalila foi uma de suas fraquezas.

     E o homem forte cedeu aos caprichos da sua amada e revelou seu segredo. O texto bíblico afirma que Dalila não perdeu tempo, mandou chamar os chefes dos filisteus, recebeu o pagamento combinado e assim que Sansão adormeceu sobre seus joelhos mandou cortar os longos cabelos daquele que confiou nela (16.18-19).

      Sansão acordou de sobressalto com os gritos da mulher avisando da chegada dos filisteus. Ele pensou que mais uma vez poderia vencê-los, que podia contornar a situação.  Mas estava errado, pois “o Senhor se tinha retirado dele” (v 20). Sansão estava só, sem a proteção de Deus, e como ele mesmo tinha dito: “tinha se tornado fraco, e era como qualquer outro homem”. 

      O versículo seguinte nos informa o estado miserável e a vida de escravidão, o opróbrio, o sofrimento e a humilhação que o homem escolhido por Deus, o juiz de Israel, o homem mais forte da época passou a enfrentar, enquanto que Dalila desaparece do cenário.

      Mas os cabelos de Sansão voltariam a crescer e quando pedisse perdão a Deus por seus pecados teria sua força de volta. O que nos lembra que não importa o quanto o homem possa se distanciar de Deus, o Senhor deseja  restaurar a comunhão com ele. 
 
      O nosso Deus quer te erguer até a altura que você ocupava antes de pecar. Quer renovar as promessas, porque ainda é tempo de perdão.

Marion Vaz

Livro: A Restauração de Herói Falido




[1] JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus Ed. CPAD. 2004. Rio de Janeiro p. 275
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