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Interessante esse jeito
de falar que a gente adota e nem se importa se alguém vai notar. Acordei cedo pra
procurar emprego, mas quando estava tomando café liguei a TV pra saber o que
estava acontecendo no país, se o trânsito na Avenida Brasil estava lento e
enquanto passeava de canal em canal, resolvi ouvir o que o presidente da
república (na época) estava falando naquele programa.
Logo me interessei sobre o assunto.
Dizia o presidente que a taxa de desemprego estava caindo, pois havia “imprego”
em várias áreas. Caí na gargalhada!
- Tá brincando? Falei
com os botões do controle remoto. E os disparates não pararam por aí.
A jovem
que entrevistava declarou no seu microfone:
- Nessa “intrevista”
queria que o senhor falasse sobre o que o governo está fazendo para ajudar os
jovens... blá-blá-blá pra lá, blá-blá-blá pra cá tive que sair de casa.
Já na rua, com fome,
resolvi comer um cachorro quente.
- Compreto tia? Perguntou o
rapaz da carrocinha.
- Compreto! Respondi. E
eu ia lá criar uma discussão por causa de um “L”? De jeito nenhum! Até aí tudo bem, quem nunca trocou as letras ou atropelou uma regra de Português? Se tivesse que me aborrecer seria pelo "tia".
Cheguei ao local
indicado e enfrentei aquela fila de pessoas que também aguardavam a vez. Sol
quente, dor de cabeça, troca de sorrisos, alguns dos candidatos pareciam assustados, outros
nervosos a ponto de deixar tudo o que estava nas mãos cair no chão, alguém no
telefone dizendo que já era a décima entrevista naquela semana...
Olhei atentamente e me
vi cercada de pessoas bem mais jovens que eu. Todo mundo com o mesmo estilo de
roupa, alguns sem qualquer tipo de preocupação como se dissessem: Se não der
certo, tudo bem... Amanhã é outro dia... Pensei: O que eu estou fazendo aqui?
Na hora de entrar
aquela muvuca, fila de elevador, salinha apertada, mais tempo de espera como se
o tempo não fosse importante. Na verdade reparei que o emprego mais promissor
era aquele de “eu sou o intrevistador” como nos comunicou a pessoa com a
prancheta (hoje eles usam um Tablet) na mão. Pensei: Jura?
A primeira fala: As
digníssimas Boas vindas com direito a travessão. Depois veio a exposição do
trabalho, qualificações e tempo de serviço exigido, nesse não pedia
experiência, blá-blá-blá aos montes e por fim a remuneração... Que vergonha!
Reparei que a cada explicação, um grupinho de dois ou três se levantava e saia do local. Não era bem aquilo que eles estavam
querendo! Olhei para os lados e
pensei: a concorrência diminuiu.
Alguém ao meu lado falou baixinho: Isso é muito "isquisito"! Concordo!
Outro período de espera e finalmente chega um funcionário trazendo as provas seletivas. Logo de início uma redação, 15 linhas com a seguinte informação: sem erros ortográficos, sem rasuras. Título: Quem é você? Juro que eu fiquei um tempo pensando, pensando, no que iria escrever! Olhei para os lados e parecia que todo mundo tinha o mesmo problema, como falar de si mesmo para alguém que vai pagar o seu salário?
Resumo: Dor nas costas, cadeira
dura, estressada com toda aquela “burocracia necessária” (?) Então escrevi algumas linhas e entreguei as
provas. No início da página tinha uma
linha para se colocar o nome e a idade do candidato (parte chata e era aí que a
coisa pegava, porque já tinha passado dos quarenta).
Mais tempo de espera e
finalmente uma terceira pessoa chegou e anunciou os nomes de quem
continuaria no processo seletivo. Àqueles que não fossem citados deveriam
sair com um sorriso e uma declaração de: - Boa Sorte da próxima vez! – Voz mais
chata! Novidade! Peguei minha
bolsa linda, sorri e fui embora!
Chocada! Não! De jeito
nenhum!
Centro da cidade, gente
andando de um lado para outro, cada um com seu “mundinho” e eu lá, no salto,
andando em plena Rio Branco como se nada, absolutamente nada me atingisse.
Até que... Cansada de tantos “nãos”
decidi parar de correr atrás de emprego, entrevistas que não me levariam a lugar algum e sinceramente: Odeio perder tempo!
Você deve estar
pensando: Desiste não! Lute! Você vai vencer! Conquiste seu lugar ao sol! A
vida é assim mesmo! Não desista dos teus sonhos! Isso parece até letra de uma
música...
Eu respondo: Vai "intender" o mundo que nos cerca.
Marion Vaz
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