quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Não sei como ela consegue?

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Assisti um filme muito interessante esta semana. Era uma história até muito engraçada sobre um casal que tinha dois filhos e que trabalhavam em diferentes áreas. Os dois tinham projetos importantes e tinham que dedicar mais tempo ao trabalho do que ao lar. O roteiro mostrava como a mãe, dona da casa, esposa e dedicada funcionária tentava se adaptar  aquela vida corrida, viagens a negócios e fusos horários. Por sorte ela tinha uma empregada que além de cuidar da casa, era uma pessoa de confiança e dedicada babá para as crianças. 

Kate, parece um pouco atrapalhada, distraída em alguns momentos, resolvida em outros assuntos, mas se autodenomina dedicada mãe para seus filhos, mesmo que a menina tenha certas reservas em relação ao seu comportamento. Kate procura não esquecer as datas de aniversário e compromissos familiares. Mas era só o telefone tocar que seu sensor dava um sinal de alerta.

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A primeira cena que chamou atenção mostrava o marido impaciente porque tinha que sair para uma reunião importante, mas a empregada estava atrasada por algum motivo. Ele reclamou com a esposa e disse que ia chamar a atenção da fulana. A esposa quase teve um treco e saiu em defesa da talzinha afirmando que ela era uma ótima empregada, sabia tudo sobre a casa, as necessidades das crianças e que igual a ela jamais encontraria. Não mesmo! Afirmou. Enquanto discutiam a mulher chegou e logo pegou o menino pequeno no colo e começou suas atividades e os patrões saíram para trabalhar.
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Interessante que algumas cenas depois me aparece a empregada falando para a patroa que o cabelo do menino estava muito grande e como precisava ser cortado com urgência e ela tomou a iniciativa e levou a criança ao barbeiro para aparar a franja. Foi o suficiente para a mãe ficar nervosa.

- O primeiro corte de cabelo! Dizia a mulher. Eu queria estar presente! Era importante!
- Como a senhora estava no trabalho não quis incomodar.
- Mas fulaninha, tentou falar com certa reserva sem querer ofender a empregada, de que queria ser notificada de tudo, de qualquer coisa relevante ou não sobre os filhos. E até compreensível. Mas em outras partes do filme a mãe volta a repetir o assunto: O primeiro corte de cabelo... Como se fosse o fim do mundo. O primeiro corte de cabelo...  Ao sair em viagem naquele dia a dona da casa tinha até lágrimas nos olhos! Nunca mais vai haver o primeiro corte de cabelo...

Ela podia não estar presente em casa e como afirmou o próprio marido numa das vezes que eles brigaram: Mesmo quando estava em casa, ela não estava presente, porque sempre tinha um telefonema pra atender, uma amiga pra conversar, um projeto em particular... Mas não podia perder o primeiro corte de cabelo?? Bem... O interessante é que sua linha de raciocínio começa a mudar a partir deste episódio.

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Entendi que a empregada era ótima pessoa, cuidava dos filhos dela quase que em tempo integral enquanto a mãe e o pai trabalhavam com afinco para realizar seus projetos e ganhar mais dinheiro. A babá era boa para levar os filhos na escola, levar no parquinho, brincar com eles, dar comida, lavar a roupar, etc. Mas afinal e daí, você deve estar se perguntando. Não era para isso que ela era paga? Com certeza! Entendi que ela não podia tomar decisões porque ela não fazia parte da família. Naquele telefonema, a relação era entre patroa e empregada. Não interessava se a talzinha também tivesse que adiar seus planos porque o voo atrasou, ou por causa de uma reunião de emergência, ou porque a patroa tinha que sair com as amigas. Talvez ela recebesse um bônus, mas o filme não mostra isso.


Pra saber como ela consegue é só prestar atenção na história e no dedicado marido que segurava as pontas em casa, quando a mãe não podia assumir algum compromisso por causa do trabalho. Por outro lado podemos detectar nessa "parceria" o vínculo que mantinha a família unida. No desenrolar da história os pais conseguiram realizar seus projetos, tiveram festa de natal e até neve caindo do céu. 

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A empregada continuou suas tarefas porque afinal... Devia ganhar bem. Porque com tanto trabalho devia ser bem remunerada e “pelo andar da carruagem” as pessoas não podem abrir mão de seus empregos. E Kate e o marido tiveram aquele final feliz que toda família deseja.

Moral da história: Kate, o modelo de pessoa realizada que toda mulher deseja ser, mas que, quando enfrenta as dificuldades tem sempre uma "fada madrinha" com varinha mágica nas horas do sufoco. Infelizmente na vida real não é assim. a gente se desgasta muito pra criar os filhos e dar a impressão que as coisas estão aparentemente perfeitas. Nem sempre estamos bonitas e com sorriso no rosto. Parece fácil ser uma dedicada mãe, dona de casa, profissional de destaque quando se tem alguém em quem se apoiar. Não acho que Kate seria assim tão maravilhosa sem ajuda da família, do marido ou da empregada. Sim, acho que já sei como ela consegue...


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Marion Vaz

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