Alguém me disse: Abre a caixinha do seu coração e me diga o que está pensando. Quando ouvi esta expressão fiquei pensando na dificuldade que eu tenho de expor o que sinto. Não é tão simples assim. Respondi. Mas a pessoa ficou falando do quanto eu era importante e como ele queria ser meu amigo e aquele blá blá blá sem fim.
De um modo geral as pessoas passaram a ser mais seletivas e os relacionamentos ficaram mais impessoais. Todo mundo tem amigos e muitas vezes saem juntos para se divertir, conversar, beber e ir ao cinema. Mas na maioria das vezes é tudo muito convencional. Podem até discutir um assunto e cada um dá a sua opinião, mas abrir a caixinha dos sentimentos é pedir demais.
Não sei se por causa do tempo, da vida, dos inúmeros bullying que a gente sofre desde há muito anos, prefiro ouvir do que falar. Mesmo quando alguém pede minha opinião faço de forma reservada e se por acaso esbarro naquela pessoa que "corta" o assunto ou começa a falar sem parar... Já era. Ela nunca vai saber o que eu penso de verdade. É por isso que eu prefiro escrever. Quem quiser me conhecer, que leia os meus textos! Simples assim.
Talvez seja um jeito de me proteger ou de não me decepcionar tanto. Sei lá. É difícil ter tanta coisa para dizer e se manter neutra. Confesso. Mas o que adianta se expor se alguém tem sempre "aquela opinião formada sobre tudo" como diz a letra da música. E depois de uma ladainha sem fim não adianta dar uma pausa, olhar pra você e perguntar: Você concorda? Parece piada, mas eu conheço gente assim. Então eu dou aquele sorrisinho de "cara de paisagem" e penso: Amiga - Já perdi o fio da meada há muitos blá blá blás atrás...
Enfim... A caixinha dos nossos sentimentos não pode ser exposta para qualquer um como se fosse algo corriqueiro. A gente tem que escolher à dedo aquela pessoa com quem queremos manter um relacionamento, uma amizade, uma cumplicidade. Alguém que não vai te ouvir pra depois te jogar pedras. Alguém que vai te respeitar mesmo descobrindo que você é frágil, e que precisa de conselhos de vez em quando. Porque na maioria das vezes tudo o que os amigos, familiares ou parceiros querem é que você sirva de apoio, de muleta, que seja forte para suportar toda a carga de problemas que eles querem te impor.
Conselho de amiga: Preserve todos os relacionamentos saudáveis que tiver, mantenha distância de pessoas oprimidas, vingativas e com sentimentos autodestrutivos - limite-se ao bom dia e boa noite. Dê uma chance para as novas amizades até descobrir em quem confiar. Só destranque sua caixinha de sentimentos para alguém muito especial, que vai estar ao teu lado em qualquer situação, mas tenha sempre uma palavra amiga para quem precisar. Faça elogios se te permitirem.
Mas abra espaço na sua agenda para você mesmo, ir as compras sozinha e escolher o que quiser, ir ao cinema, passear, ler um livro, viajar e conhecer lugares e pessoas diferentes e vai descobrir que é muito bom sair da "zona de conforto".
Marion Vaz
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