quinta-feira, 24 de maio de 2018

Obedecer sem questionar


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Está aí algo que é impossível para a maioria das pessoas. Parece mesmo que obedecer cegamente a alguém, uma ideologia ou até mesmo a Deus, tira um pouco da nossa autonomia. E você pode estar se perguntando: Por que eu faria isso? Por que eu obedeceria uma ordem sem sequer perguntar porque, quando, pra que ou tem certeza?

Tudo bem. Nem sempre é fácil. Não estamos numa ditadura ou num quartel. Você tem o direito de questionar e saber se realmente o que estão te pedindo vai trazer algum benefício pra sua vida ou para a sua família.

Mas a atitude de um dos personagens da Bíblia me surpreendeu muito. Se você ler a história de Abraão vai entender que, tem momentos na vida, que precisamos acreditar cegamente em alguém. Não porque não temos confiança em nós mesmo, mas às vezes, por não ter opção. E com Abraão foi assim: Ou ele aceitava os termos de Deus ou continuava com sua vida na cidade de Ur dos Caldeus.

A promessa era de tirar o fôlego: Farei de ti uma grande nação! A exigência: Sai da tua terra, do meio da tua parentela, da casa de teu pai. O desafio: Vai para uma terra que eu te mostrarei!

Abraão não teve muito tempo para pensar, para avaliar a situação ou para planejar uma estratégia de viagem. Seria um longo ou um curto percurso? Que lugar era aquele para onde deveria seguir? O que encontraria lá? E se não desse certo poderia voltar, afinal Ur era uma cidade próspera? Será que ele pensou: E por que eu? O que tem em mim para ser o escolhido? E para ser uma grande nação? Eu nem tenho filhos! E finalmente a grande indagação: Quem era esse Deus que fazia promessas?

A maioria das pessoas não iria cogitar na possibilidade de tirar os pés da Mesopotâmia até se certificar de tudo! Mas Abraão não. Ele simplesmente obedeceu! E aprontou a sua comitiva e saiu para fora dos portões da grande cidade confiando nas promessas de Deus para sua descendência. Em Hebreus lemos que “Abraão sendo chamado, obedeceu, indo para um lugar que havia de receber por herança, e saiu, sem saber para onde ia” (Hb 11.8). Tem momentos na vida que temos que fazer escolhas que vão alterar o nosso destino!

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Observe o termo “saiu” – está relacionado à mudanças. Abraão saiu de sua cidade natal, de perto de familiares e amigos, do meio dos deuses que se adoravam ali, deixando para trás uma vida socialmente estruturada. A cada passo para frente o passado ficava para trás. Na verdade, era uma mudança radical para a qual nem todos nós estamos preparados, porque é bem mais cômodo ficar na famosa zona de conforto.

Então, duas coisas me chamam a atenção neste texto bíblico (Gn 12). Primeiro: Abraão foi escolhido pelo próprio Deus para dar início a uma nova geração de vencedores: O povo hebreu que ao longo dos anos se transformou no povo judeu. Israel hoje não é apenas um sonho, mas uma grande nação. Completamos 70 anos de Independência (1948-2018). A terra percorrida pelo patriarca (Gn 13.17) como se estivesse tomando posse de cada lugar faz parte do território israelense. O filho da promessa, Isaque, seguiu os caminhos de Abraão e repassou a herança para Jacó, cujos filhos se transformaram nas 12 tribos de Israel. As decisões de Abraão em obedecer a Deus e seguir em direção a Terra Prometida alterou a sua própria vida e a de toda a sua descendência.

A segunda coisa que chama a atenção é que ao obedecer, Abraão sentenciou a sua vida a uma vida de bênção. Apesar dele ter que enfrentar adversários, de ser provado, ter desavenças familiares e todo tipo de problema que podemos ler no texto sagrado, a promessa de Deus é que ele seria uma benção!

Observe que Deus diz que Abraão seria abençoado, teria o nome engrandecido e a nação que nasceria dele seria grande e que as bênçãos que viriam através desta nação se estenderiam a todas as famílias da terra (Gn 12.2-3). Porque todas essas promessas estão relacionadas a nação de Israel! Inclusive a parte em que Deus sentencia: “Amaldiçoarei aqueles que te amaldiçoarem”. Talvez, esses líderes mundiais que julgam e se propõem a denegrir a imagem de Israel nunca deram importância ao texto sagrado ou não se incomodam de afrontar Deus!

As experiências de Abraão nos servem de exemplo, principalmente àquelas relacionadas a comunhão com Deus. Havia cumplicidade entre o Eterno e o homem mortal (Gn 18.17). E o envolvimento era tão grande que o próprio Deus o chamou de amigo (Is 41.8). Ao optar pelo sacrifício de Isaque, no monte Moriá – que hoje é o Monte do Templo em Jerusalém – o patriarca depositou tanta fé em Deus que logo o Senhor o recompensou desviando o sacrifício para um cordeirinho.

Será que estamos dispostos a “sair” e aceitar as recomendações de Deus? Será que desejamos para nós esse tipo de relacionamento? Queremos as bênçãos, mas não queremos sacrifícios ou o Deus das bênçãos? A nossa terra prometida é algo inatingível ou está logo ali, virando a página e seguindo por um caminho melhor?

Pense nisto.


Marion Vaz




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