Ao ler sobre assunto, recorri a outros livros que falam sobre o ministério de Jesus e a liderança que exerceu sobre os discípulos. Importante ressaltar que a matéria em si tráz excelentes ensinamentos para líderes cristãos e o que vou expor aqui, não é uma crítica, mas pequenos apontamentos sobre o assunto.
A primeira impressão que se tem quando se fala de liderança é que o líder deve ser alguém capacitado e pronto a exercer sua força de persuasão sobre os liderados e também para aqueles a quem deseja liderar.
Encontramos na História uma lista de homens que, por sua competência, foram tidos como verdadeiros e grandes líderes mundiais. Muitos para o bem, mas, infelizmente, alguns para o mal.
No caso do mestre Jesus é nos Evangelhos que encontramo-lo com seus discípulos. Em seu livro O Líder que Deus usa, Russell P. Shedd retrata o assunto com propriedade e diz que “a escola de discípulos que Jesus fundou foi ambulante”, sua proposta de aprendizado não tinha uma prioridade acadêmica, mas a formação do caráter, da lealdade e do serviço ao Senhor.
Para tal propósito, Jesus teria escolhido pessoas comuns como pescadores e colhedores de impostos e não clérigos. A observação do escritor é que “fariseus e sacerdotes, cheios de preconceitos,(expressão usada pelo autor)não eram maleáveis”. Assim, pessoas de classes mais simples estariam propensas a aceitar os conceitos e ensinamentos de Jesus.
O autor do livro não deixa de ter razão! Ao observarmos os textos bíblicos nos deparamos com inúmeras pessoas necessitadas que seguiam a Jesus aonde quer que ele fosse. Muitas delas tocavam em seu corpo para obter curas, outras só para ouvirem suas mensagens e admirando sua eloquência. Assim, temos os “homens comuns” separados como discípulos de Jesus e aprendendo dele para uma missão que se iniciaria após a morte do Mestre.
Embora a maneira como o autor se reportou aos judeus não tenha soado bem aos meus ouvidos, ele não deixa de ter razão ao fato de que mudar a mentalidade de anciões, sacerdotes, fariseus e escribas não seria uma tarefa muito fácil. Por isso que, quando Jesus era interceptado por algum desses, e alguns até mesmo com boa intenção em suas indagações, havia confronto, havia debate, questionamento sobre esse ou aquele ponto da Lei.
Infelizmente, e até de forma global, as passagens bíblicas que mostram esse tipo de confronto são apresentadas conforme o perfil do pregador ou ensinador que, muitas vezes, anula o contexto sociocultural da época e retrata os acontecimentos como se fosse implicância dos judeus com Jesus, ou até mesmo para testar sua Deidade (embora que, para os judeus, Deus era o único Senhor).
Às vezes, o confronto, a discussão era realmente acirrada e, se formos imparciais, vamos entender que Jesus perdia a paciência. É só ler Mateus 23 que vemos claramente que no auge da discussão Jesus começa a gritar: hipócritas, raça de víboras, etc. A menos que o leitor ache que Jesus falou tais palavras calmamente da mesma forma como recitou as Bem aventuranças!
Mas logo no início do Evangelho de João encontramos um doutor da Lei chamado Nicodemos afirmando ser Jesus “um homem vindo de Deus” e reconhecendo suas obras.
O interessante é que realmente havia conflito quando o Mestre Jesus esbarrava num “clérigo”, num ancião, sacerdote ou fariseu, cujo entendimento da Lei era maior do que dos “homens simples” escolhidos para discípulos ou que estavam entre a multidão.
Então pensei que existem dois fatores em relação a não ser “maleável” , e quanto a ser discípulo. Vejamos:
- Os clérigos – Tinham sua própria mentalidade quanto aos assuntos referentes à Lei e não seriam facilmente persuadidos. Esse seria o ponto positivo. É importante se ter consciência daquilo que se crê e ninguém pode dizer nada ao contrário dos judeus. Venceram reinos, impérios e toda sorte de atrocidades e mantiveram sua crença, suas tradições.
O lado negativo, o que também pode acontecer com qualquer pessoa, é ficar irredutível, completamente avesso a qualquer tipo de mudança.
- Os discípulos – Quanto a esses homens simples que lidavam com a pesca diariamente, ou eram tido como pecadores por serem publicanos e demais homens que ingressaram ao convívio e formam os doze discípulos de Jesus chamados de “leigos”, segundo as afirmações do nosso autor, eles “tinham menos resistência aos conceitos ensinados por Jesus” e facilmente recebiam suas mensagens. Assim Jesus formava caráter e uma nova mentalidade. Isso é bom!
Um exemplo prático dessa afirmação está no relato de Israel no deserto. O povo que saiu do Egito tinha uma mentalidade passiva, quatrocentos e poucos anos no Egito, sob o julgo da servidão transformaram os hebreus em covardes! É por isso que vemo-los varias vezes, obstinados em voltar para o Egio, qualquer dificuldade era tida como uma tragédia e logo gritavam: Vamos morrer!
Para herdar a Terra Prometida (habitada por outros povos) teriam que guerrear com força, garra e determinação. Por isso foi moldada uma mentalidade nova nos jovens que cresceram durante a trajetória no deserto! E uma consciência da herança que Deus havia prometido a Abraão, Isaque e Jacó e que agora eles teriam que tomar posse através da guerra. A recomendação de Deus para Josué foi: “Sê forte e corajoso...” Não havia espaço para os covardes! Assim, aa areias quentes do deserto viram meninos se transformarem em homens fortes e corajosos.
Quanto aos discípulos Jesus estava lidando com “leigos”, mas também com pessoas sujeitas aos seus ensinamentos, capazes de aprender e que admiravam o seu Mestre! Discípulos que assimilavam a medida do possível, tudo aquilo que Jesus lhe fazia entender e assim, ao longo do tempo, teriam suas próprias convicções acerca de Jesus e do Reino de Deus. É importante ressalta que, embora "leigos" em algumas questãos referente a Lei, os discípulos cumpriam as ordenaças de Deus, participavam das festas religiosas e outros costumes como nos indicam os textos bíblicos.
O lado negativo – Generalizando é claro - o problema de não ter um conceito próprio a respeito de qualquer ensinamento bíblico ou sobre a própria vontade de Deus, é que o homem pode simplesmente adotar a visão de outrem. Pode se tornar uma caricatura do pseudo-mestre. Passa a pensar igual, desejar as mesmas coisas, adota os mesmos hábitos e até a mesma maneira de falar, roupas, entonação da voz. E não me venha dizer que nunca viu algo parecido! A pessoa perde a sua individualidade!
Mas Jesus estava formando pessoas de caráter, seguidores, imitadores, com os mesmos sentimentos e reações referentes à vontade de Deus. É diferente! Porque os discípulos cresceram espiritualmente, foram fiéis ao seu Mestre, mas eram pessoas com suas próprias características, não eram robôs!
O que me chama atenção no texto é que de uma forma ou de outra, Jesus, como líder, alcançou seus objetivos. Alcançou os “leigos” e alcançou os “clérigos”, mesmo que alguns não tenham “alcançado” a essência dos ensinamentos de Jesus.
Marion Vaz
A primeira impressão que se tem quando se fala de liderança é que o líder deve ser alguém capacitado e pronto a exercer sua força de persuasão sobre os liderados e também para aqueles a quem deseja liderar.
Encontramos na História uma lista de homens que, por sua competência, foram tidos como verdadeiros e grandes líderes mundiais. Muitos para o bem, mas, infelizmente, alguns para o mal.
No caso do mestre Jesus é nos Evangelhos que encontramo-lo com seus discípulos. Em seu livro O Líder que Deus usa, Russell P. Shedd retrata o assunto com propriedade e diz que “a escola de discípulos que Jesus fundou foi ambulante”, sua proposta de aprendizado não tinha uma prioridade acadêmica, mas a formação do caráter, da lealdade e do serviço ao Senhor.
Para tal propósito, Jesus teria escolhido pessoas comuns como pescadores e colhedores de impostos e não clérigos. A observação do escritor é que “fariseus e sacerdotes, cheios de preconceitos,(expressão usada pelo autor)não eram maleáveis”. Assim, pessoas de classes mais simples estariam propensas a aceitar os conceitos e ensinamentos de Jesus.
O autor do livro não deixa de ter razão! Ao observarmos os textos bíblicos nos deparamos com inúmeras pessoas necessitadas que seguiam a Jesus aonde quer que ele fosse. Muitas delas tocavam em seu corpo para obter curas, outras só para ouvirem suas mensagens e admirando sua eloquência. Assim, temos os “homens comuns” separados como discípulos de Jesus e aprendendo dele para uma missão que se iniciaria após a morte do Mestre.
Embora a maneira como o autor se reportou aos judeus não tenha soado bem aos meus ouvidos, ele não deixa de ter razão ao fato de que mudar a mentalidade de anciões, sacerdotes, fariseus e escribas não seria uma tarefa muito fácil. Por isso que, quando Jesus era interceptado por algum desses, e alguns até mesmo com boa intenção em suas indagações, havia confronto, havia debate, questionamento sobre esse ou aquele ponto da Lei.
Infelizmente, e até de forma global, as passagens bíblicas que mostram esse tipo de confronto são apresentadas conforme o perfil do pregador ou ensinador que, muitas vezes, anula o contexto sociocultural da época e retrata os acontecimentos como se fosse implicância dos judeus com Jesus, ou até mesmo para testar sua Deidade (embora que, para os judeus, Deus era o único Senhor).
Às vezes, o confronto, a discussão era realmente acirrada e, se formos imparciais, vamos entender que Jesus perdia a paciência. É só ler Mateus 23 que vemos claramente que no auge da discussão Jesus começa a gritar: hipócritas, raça de víboras, etc. A menos que o leitor ache que Jesus falou tais palavras calmamente da mesma forma como recitou as Bem aventuranças!
Mas logo no início do Evangelho de João encontramos um doutor da Lei chamado Nicodemos afirmando ser Jesus “um homem vindo de Deus” e reconhecendo suas obras.
O interessante é que realmente havia conflito quando o Mestre Jesus esbarrava num “clérigo”, num ancião, sacerdote ou fariseu, cujo entendimento da Lei era maior do que dos “homens simples” escolhidos para discípulos ou que estavam entre a multidão.
Então pensei que existem dois fatores em relação a não ser “maleável” , e quanto a ser discípulo. Vejamos:
- Os clérigos – Tinham sua própria mentalidade quanto aos assuntos referentes à Lei e não seriam facilmente persuadidos. Esse seria o ponto positivo. É importante se ter consciência daquilo que se crê e ninguém pode dizer nada ao contrário dos judeus. Venceram reinos, impérios e toda sorte de atrocidades e mantiveram sua crença, suas tradições.
O lado negativo, o que também pode acontecer com qualquer pessoa, é ficar irredutível, completamente avesso a qualquer tipo de mudança.
- Os discípulos – Quanto a esses homens simples que lidavam com a pesca diariamente, ou eram tido como pecadores por serem publicanos e demais homens que ingressaram ao convívio e formam os doze discípulos de Jesus chamados de “leigos”, segundo as afirmações do nosso autor, eles “tinham menos resistência aos conceitos ensinados por Jesus” e facilmente recebiam suas mensagens. Assim Jesus formava caráter e uma nova mentalidade. Isso é bom!
Um exemplo prático dessa afirmação está no relato de Israel no deserto. O povo que saiu do Egito tinha uma mentalidade passiva, quatrocentos e poucos anos no Egito, sob o julgo da servidão transformaram os hebreus em covardes! É por isso que vemo-los varias vezes, obstinados em voltar para o Egio, qualquer dificuldade era tida como uma tragédia e logo gritavam: Vamos morrer!
Para herdar a Terra Prometida (habitada por outros povos) teriam que guerrear com força, garra e determinação. Por isso foi moldada uma mentalidade nova nos jovens que cresceram durante a trajetória no deserto! E uma consciência da herança que Deus havia prometido a Abraão, Isaque e Jacó e que agora eles teriam que tomar posse através da guerra. A recomendação de Deus para Josué foi: “Sê forte e corajoso...” Não havia espaço para os covardes! Assim, aa areias quentes do deserto viram meninos se transformarem em homens fortes e corajosos.
Quanto aos discípulos Jesus estava lidando com “leigos”, mas também com pessoas sujeitas aos seus ensinamentos, capazes de aprender e que admiravam o seu Mestre! Discípulos que assimilavam a medida do possível, tudo aquilo que Jesus lhe fazia entender e assim, ao longo do tempo, teriam suas próprias convicções acerca de Jesus e do Reino de Deus. É importante ressalta que, embora "leigos" em algumas questãos referente a Lei, os discípulos cumpriam as ordenaças de Deus, participavam das festas religiosas e outros costumes como nos indicam os textos bíblicos.
O lado negativo – Generalizando é claro - o problema de não ter um conceito próprio a respeito de qualquer ensinamento bíblico ou sobre a própria vontade de Deus, é que o homem pode simplesmente adotar a visão de outrem. Pode se tornar uma caricatura do pseudo-mestre. Passa a pensar igual, desejar as mesmas coisas, adota os mesmos hábitos e até a mesma maneira de falar, roupas, entonação da voz. E não me venha dizer que nunca viu algo parecido! A pessoa perde a sua individualidade!
Mas Jesus estava formando pessoas de caráter, seguidores, imitadores, com os mesmos sentimentos e reações referentes à vontade de Deus. É diferente! Porque os discípulos cresceram espiritualmente, foram fiéis ao seu Mestre, mas eram pessoas com suas próprias características, não eram robôs!
O que me chama atenção no texto é que de uma forma ou de outra, Jesus, como líder, alcançou seus objetivos. Alcançou os “leigos” e alcançou os “clérigos”, mesmo que alguns não tenham “alcançado” a essência dos ensinamentos de Jesus.
Marion Vaz
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