Quando Davi se expressou desta
forma (Salmo 139.24) para com o Eterno D-us, imagino que queria que o Senhor
tivesse pleno interesse em seus
sentimentos e pensamentos. Talvez este ser humano, mortal, entendesse que só o Eterno
poderia conhecer o que se passava em seu íntimo. Davi poderia estar mesmo
fazendo uma oração sincera. Convencido que nada havia em seu coração que
pudesse ser achado. Ou talvez sim! E somente o Senhor poderia guia-lo pelo
caminho eterno.
O que me leva a pensar: Quem? Se não Aquele que nos criou poderia interpretar sonhos, conhecer as desilusões, os desejos mais profundos? E se houvesse mesmo, no íntimo do coração de Davi algum caminho mau, algum
desejo de vingança que estivesse corroendo sua alma? Algo no passado que ele
mesmo já tivesse esquecido? Somente o seu D-us poderia desvendar tais
mistérios. Na verdade, tenho experimentado algo parecido.
É comum nas orações pedir perdão
a D-us por pecados cometidos. Alguns ainda acrescentam “peço perdão por meus
pecados em palavra, pensamento e obra...”. Ao término de cada oração nos
sentimos bem perante o Senhor na certeza de todas as obras praticadas foram
perdoadas e esquecidas pelo Eterno. E isso é uma realidade na vida de todas as
pessoas que se aproximam de D-us com o coração sincero. Não há dúvidas que o
perdão de D-us é algo que se pode alcançar
diariamente.
No entanto, às vezes me
surpreendo com alguma lembrança do passado, alguma frase dita num momento de
raiva, algum desejo mal contra alguém. Às vezes, algo tão simplório, mas que
poderia mesmo estar influenciando a vida presente de alguém. É como se D-us
estivesse me lembrando daquele ato ou daquele sentimento. Reflito sobre o
assunto e percebo o quanto fui, digamos assim, espontânea em minhas atitudes.
No momento aquele seria um ato compatível com a situação. Anos depois, percebo
que tais palavras devem ser retiradas, ofensas perdoadas e desejo de todo
coração que o Senhor, primeiramente me perdoe e depois retiro tudo que falei na
época.
É lógico que muita gente está
passando por situações difíceis, enfermidades, adversidades na vida financeira
ou familiar por consequências de atitudes que tiveram no passado, ou seja,
estão colhendo aquilo que plantaram. Não se engane. O que estou relatando é
algo pessoal.
Talvez você esteja pensado: Esta
escritora é louca! Como pode D-us perdoar os pecados e depois ficar lembrando
algo aqui ou ali? A primeira vista realmente parece algo desconexo. Concordo.
Mas penso como o salmista que pediu ao senhor: “Vê se há em mim algum caminho
mau...” Davi se expôs a D-us, ele foi
sincero, não se escondeu por trás de uma “capa” de santidade. Se houvesse algo
só o Eterno poderia saber. Ele tinha essa intimidade e experiências pessoais com
o Todo Poderoso. Em um determinado momento o próprio D-us declarou: “Achei a
Davi...”. Imagine o Criador procurando no meio da humanidade alguém a quem
pudesse dar tantas responsabilidades como fez com Davi?
Estamos tão acostumados com a
nossa vidinha religiosa básica que não nos damos ao trabalho de saber o que o
Senhor pensa a nosso respeito. Ao sermos agraciados com bens materiais e outras
bênçãos logo imaginamos que o Senhor se agrada de nós assim como somos...
Quanta hipocrisia! Pra que remexer no passado não é mesmo? Deixa isso de lado!
O que passou... Passou... Diz a letra de uma musica. E depois nos queixamos de
algum problema... Mas eu sou tão bonzinho... Não entendo porque esta luta...
“Vê se há em mim algum caminho mau...” afirma o salmista ao se dar conta de sua
limitada consciência. No Salmo 51 exclama: “Cria em mim, ó D-us, um coração
puro e renova em mim um espírito reto”. Uma declaração óbvia de renovação
espiritual.
Diante disto só me resta declarar
que os erros do passado não nos impeçam de ter uma comunhão perfeita com D-us e
não impeçam outras pessoas de viverem plenamente.
Marion Vaz