Está aí algo que é impossível
para a maioria das pessoas. Parece mesmo que obedecer cegamente a alguém, uma
ideologia ou até mesmo a Deus, tira um pouco da nossa autonomia. E você pode
estar se perguntando: Por que eu faria isso? Por que eu obedeceria uma ordem
sem sequer perguntar porque, quando, pra que ou tem certeza?
Tudo bem. Nem sempre é fácil. Não
estamos numa ditadura ou num quartel. Você tem o direito de questionar e saber
se realmente o que estão te pedindo vai trazer algum benefício pra sua vida ou
para a sua família.
Mas a atitude de um dos
personagens da Bíblia me surpreendeu muito. Se você ler a história de Abraão
vai entender que, tem momentos na vida, que precisamos acreditar cegamente em
alguém. Não porque não temos confiança em nós mesmo, mas às vezes, por não ter
opção. E com Abraão foi assim: Ou ele aceitava os termos de Deus ou continuava
com sua vida na cidade de Ur dos Caldeus.
A promessa era de tirar o fôlego:
Farei de ti uma grande nação! A exigência: Sai da tua terra, do meio da tua
parentela, da casa de teu pai. O desafio: Vai para uma terra que eu te
mostrarei!
Abraão não teve muito tempo para
pensar, para avaliar a situação ou para planejar uma estratégia de viagem.
Seria um longo ou um curto percurso? Que lugar era aquele para onde deveria
seguir? O que encontraria lá? E se não desse certo poderia voltar, afinal Ur
era uma cidade próspera? Será que ele pensou: E por que eu? O que tem em mim
para ser o escolhido? E para ser uma grande nação? Eu nem tenho filhos! E
finalmente a grande indagação: Quem era esse Deus que fazia promessas?
A maioria das pessoas não iria
cogitar na possibilidade de tirar os pés da Mesopotâmia até se certificar de
tudo! Mas Abraão não. Ele simplesmente obedeceu! E aprontou a sua comitiva e
saiu para fora dos portões da grande cidade confiando nas promessas de Deus
para sua descendência. Em Hebreus lemos que “Abraão sendo chamado, obedeceu,
indo para um lugar que havia de receber por herança, e saiu, sem saber para
onde ia” (Hb 11.8). Tem momentos na vida que temos que fazer escolhas que vão
alterar o nosso destino!
Observe o termo “saiu” – está
relacionado à mudanças. Abraão saiu de sua cidade natal, de perto de familiares
e amigos, do meio dos deuses que se adoravam ali, deixando para trás uma vida socialmente estruturada. A cada passo para frente o passado ficava para trás. Na verdade,
era uma mudança radical para a qual nem todos nós estamos preparados, porque é
bem mais cômodo ficar na famosa zona de conforto.
Então, duas coisas me chamam a
atenção neste texto bíblico (Gn 12). Primeiro: Abraão foi escolhido pelo
próprio Deus para dar início a uma nova geração de vencedores: O povo hebreu
que ao longo dos anos se transformou no povo judeu. Israel hoje não é apenas
um sonho, mas uma grande nação. Completamos 70 anos de Independência
(1948-2018). A terra percorrida pelo patriarca (Gn 13.17) como se estivesse
tomando posse de cada lugar faz parte do território israelense. O filho da
promessa, Isaque, seguiu os caminhos de Abraão e repassou a herança para Jacó,
cujos filhos se transformaram nas 12 tribos de Israel. As decisões de Abraão em obedecer
a Deus e seguir em direção a Terra Prometida alterou a sua própria vida e a de
toda a sua descendência.
A segunda coisa que chama a
atenção é que ao obedecer, Abraão sentenciou a sua vida a uma vida de bênção.
Apesar dele ter que enfrentar adversários, de ser provado, ter desavenças
familiares e todo tipo de problema que podemos ler no texto sagrado, a promessa
de Deus é que ele seria uma benção!
Observe que Deus diz que Abraão
seria abençoado, teria o nome engrandecido e a nação que nasceria dele seria
grande e que as bênçãos que viriam através desta nação se estenderiam a
todas as famílias da terra (Gn 12.2-3). Porque todas essas promessas estão
relacionadas a nação de Israel! Inclusive a parte em que Deus sentencia:
“Amaldiçoarei aqueles que te amaldiçoarem”. Talvez, esses líderes mundiais que
julgam e se propõem a denegrir a imagem de Israel nunca deram importância ao
texto sagrado ou não se incomodam de afrontar Deus!
Será que estamos dispostos a
“sair” e aceitar as recomendações de Deus? Será que desejamos para nós esse
tipo de relacionamento? Queremos as bênçãos, mas não queremos sacrifícios ou o
Deus das bênçãos? A nossa terra prometida é algo inatingível ou está logo ali,
virando a página e seguindo por um caminho melhor?
Pense nisto.
Marion Vaz