terça-feira, 5 de outubro de 2010

Que queres que eu te faça?

Esta pergunta feita por Jesus ao cego Bartimeu, parece não ter causado espanto aquele pobre homem, que de prontidão respondeu: "Que eu veja!" (Lucas 18). Seus gritos de socorro foram ouvidos quando Jesus estava a caminho da cidade de Jericó. Mesmo sendo repreendico por diversas pessoas para que se calasse, Bartimeu gritou bem alto: "Jesus Filho de Davi, tem misericórdia de mim!"

A história bíblica conta que o pobre homem vivia a mendigar a beira de uma estrada. Cego, sujo, maltrapilho e esquecido pela sociedade da época, Bartimeu foi condenado a passar anos de sua vida miserável sem qualquer perspectiva de melhorar ou reverter aquela situação.

Na sociedade hodierna encontramos pessoas vivenciando os mesmos dramas. Algumas delas realmente vivendo nas ruas, suplicando a ajuda dos trausentes. Mas existem pessoas que por causa de algum problema, doença, dificuldade financeira ou espiritual acabam se acomodando com determinadas situações.

Estão vivendo a vida que os outros querem, não podem gritar, não podem sonhar, não exigem reparações. Pessoas que choram e não são consoladas. Pessoas que já se conformaram com sua desgraça.



Bartimeu poderia continuar naquela situação até o fim de seus dias. Poderia ficar no anonimato, invisível! Mas uma atitude, que alguns consideram atitude de fé ou se podemos ser mais realista eu diria uma atitude de desespero, mudou o curso de sua vida.




Analisando o texto bíblico podemos pensar que o cego já devia ter ouvido falar desse Jesus, de seus milagres, de sua compaixão. A maneira como se referiu a Jesus demonstra reverência. Reconhecendo a autoridade Daquele que podia operar um milagre em sua vida, só restava uma coisa a fazer: Gritar! Pedir socorro e expor sua aflição, seu desespero, seu desejo. E Bartimeu reuniu todas as suas forças e pensou: Se ele me ouvir, virá em meu socorro! Então gritou: Jesus, Filho de Davi tem misericórdia de mim!

O mal que assola a humanidade é a descrença. Não cremos em mais nada! Não acreditamos nas pessoas, nas promessas que nos fazem! E muitos não acreditam em seus próprios sonhos! Nos calamos quando somos repreendidos, não temos coragem de expor nossa opinião ou de exigir nossos direitos. Absorvermos cada informação, cada crítica e ainda damos razões a outrem. e os anos passam. Toda sorte de injustiça nos é imposta e com um agravante: que nos calemos!

Mas Bartimeu gritou e gritou alto. Alguns diziam: Ele não te ouvirá! Cale-se mendigo! Quem és para que ele te ouça e te responda? Mas o cego não dava ouvidos, não se deixou convencer e gritava constantemente a ponto de incomodar as pessoas a sua volta: "...Tem misericórdia de mim!"



Jesus parou sua caminhada e mandou chamar o tal cego e perguntou: "Que queres que eu te faça? Que eu veja!" Respondeu o homem. Com uma naturalidade que até hoje me surpreende, Jesus respondeu: "Então vê!"



A névoa que encobria seus olhos se dissipou e aos poucos as imagens foram ficando cada vez mais nítidas, as cores, pessoas, animais, objetos.


Talvez o rosto de Jesus tenha sido a primeira imagem que ele contemplou. Imagino que uma alegria indescritível tomou conta de Bartimeu. Quantas mudanças ocorreriam em sua vida a partir daquele momento?




É preciso acreditar! É preciso lutar! É preciso sonhar!

Mas desta vez foi preciso gritar!

Marion Vaz

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