terça-feira, 30 de agosto de 2011

Nada faltará




Atendendo a pedidos vou postar alguns dos muitos textos do escritor Miguel Vaz (In Memoriam)


Nada me faltará

Há duas premissas que se fazem necessária na vida do crente: A confiança e a disposição para lutar contra as adversidades. Esses dois elementos, auxiliares imprescindíveis a uma vida de oração, fortalecem sobremaneira a esperança e tornam possíveis todas as coisas que desejamos e esperamos obter e concretizar, estendendo as asas do ideal às raias do inatingível e suprindo a carência mais urgente e inadiável.


Quando o homem recita “O Senhor é meu Pastor; nada me faltará”, ele está enfrentando, desafiando mesmo, as adversidades, sorrindo perante o dia de amanhã e antevendo realizadas todas as suas inspirações, todos os seus anseios e necessidades. Quando ele diz: “O Senhor”, mergulha na humildade, reconhecendo-se subalterno de alguém com mais poder – com todo o poder.

A sua obediência quando diz: “é meu pastor”, coloca-o na posição de ovelha, sem direção própria, mas seguindo os caminhos palmilhados por aquele que a dirige aos lugares de saciedade. E quando finalmente diz: “Nada me faltará”, o homem está despindo-se de todas as suas dúvidas, de toda sua desconfiança, de todo o seu desespero e colocando-se inteiramente nas mãos de Deus e esperando receber dele o provimento.

“Nada me faltará” – Confiança irrestrita, completa e insofismável. Confiança absoluta. Certeza inabalável de que o crente pode continuar a sua missão, no propósito sublime de fazer a obra de Deus sob promessas fiéis de sucesso nesta vida e a garantia de uma vida eterna.


Crônica de Miguel Vaz


Por que Fugir?

Quando alguma adversidade nos assalta de improviso, a reação mais lógica é a do medo e da fuga. Não é corriqueiro enfrentarmos situações embaraçosas e um comodismo bem acentuado nos ensina que é mais profícuo recuarmos do que expormos o nosso físico, o nosso nome e a nossa personalidade ao vilipêncio contraindo fama desairosa e sem proveito.

Quando há de fato o que temer não resta ao humano falível, senão a alternativa do medo e da fuga. O animal feroz e doentio que se nos depara,o assaltante que nos encontra em lugares ermos, a calúnia o desprezo e o desamparo, senão um disfarçado desinteresse de alguém em quem confiamos, bem podem nos tornar pusilânimes e fujões.

Mas quando estamos rodeados de antebraços que nos apóiam, que nos sustentam, que diminuem a nossa tarefa a menos da metade, não vemos porque fugir. Se nós temos a crença e a fé; se nós temos o ensino nas Escrituras, das Palavras de Jesus: “Estarei convosco” – Por que fugir? E fugir de que, se Jesus nos deu o poder da vitória?

Empreguemos uma dose maior do nosso esforço para superarmos as nossas próprias necessidades, desprendamos mais depressa do que temos de dispor; façamos das nossas impossibilidades o motivo para um maior desejo de vitória e Deus fará a parte que somente a Ele é possível.

Vida difícil? Espiritualidade fraca? Finanças estacionárias? Se Deus cuida dos passarinhos, são frágeis, tão pequeninos, por certo cuidará também de nós e da sua obra. Sejamos fortes.

Crônica de Miguel Vaz


Textos extraídos do livro Amor Provado e outras Crônicas – 1979


domingo, 28 de agosto de 2011

Segredos para uma vida saudável




Infelizmente, temos um grande número de pessoas no mundo sofrendo, principalmente por causa dos problemas emocionais. A maior parte deles é devido aos maus hábitos adquiridos no decorrer dos anos. Pessoas angustiadas, chorosas, rancorosas e cheias de pensamentos negativos e até interferindo na vida dos outros com seu pessimismo.

Mas existem segredos para uma vida saudável. Pelo menos é o que Elizete Malafaia mostrou em seu artigo na revista Aliança de junho/11. Com pequenos acréscimos vou descrever esses segredos:

•Resolva os conflitos antes que cresçam o bastante para interferir na sua vida e no seu humor. Pior do que um problema é um problema mal resolvido.

•Não fique se remoendo por causa dos problemas. Não protele uma decisão e resolva todos eles.

•Observe os fatos e a realidade com mais flexibilidade. Não se acomode, mas também não queira mudar o mundo sozinho.

•Acredite que você é importante, pelo que você é e pelo que pode fazer. Mas valorize as outras pessoas também.









•Enriqueça suas relações interpessoais com a família, seus amigos, pessoas da igreja, do trabalho, do lugar onde mora.

•Procure dizer coisas boas, agradáveis e veja o lado bom da vida. Não fique criticando os outros ou suas atitudes só porque pensam diferente de você.

•Avalie suas atitudes. O que você faz deve ser coerente com o que pensa e diz.

•Viva o dia de hoje, sonhe, deseje, mas não se esqueça de planejar o futuro.


•Promova e valorize férias e momentos de lazer. Viaje e aproveite um pouco da vida também.



•Procure atividades físicas como fazer caminhada, praticar esportes, freqüentar academia. Mente, corpo e coração agradecem!



•Adquira bons livros e leia mais. Amplie sua compreensão do mundo ao seu redor.

•Não encare todas as situações como se fosse um desafio. Respire, pense, planeje e então faça algo. Se não conseguir resolver tudo... Paciência! O mundo não vai acabar por causa disso! Em determinadas situações é preciso pedir ajuda a outra pessoa.



•Observe o horário do sono, da alimentação, do estudo, do lazer, do trabalho, da devoção. Não deixe que um interfira no outro.

•Desperte seu coração para oração e leitura bíblica. A Bíblia é uma fonte de riquezas!

•Observe os bons hábitos de higiene física, mental e espiritual. Cuide do seu emocional também. Lembre-se que você tem direito de ser feliz também.

•Pense que nunca é tarde para mudar ou para se arrepender ou para pedir perdão.

•Não crie desculpas para não mudar. Tenha força de vontade e se esforce para mudar algumas de suas atitudes e assim ter uma vida feliz e saudável.


Marion Vaz

sábado, 20 de agosto de 2011

40 Dias de Jejum e Oração



40 dias de jejum e oração 2011.

Participe e experimente crescimento espiritual e muitas bênçãos de Deus.



Link http://www.jejum40dias.com.br/index.php



quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Fé - Definição e Prática


Fé implica numa disposição para confiar em outra pessoa. "Difere de credulidade, porque naquilo em que se tem fé, confiança é verdadeiro de fato, e, ainda que muitas vezes transcenda a nossa razão, não lhe é contrário.

A credulidade, porém, alimenta-se de coisas imaginárias, e é cultivada pela simples imaginação. A fé difere da crença porque é uma confiança do coração e não apenas uma aquiescência intelectual. A fé religiosa é uma confiança tão forte em determinada pessoa ou princípio estabelecido, que produz influência na atividade mental e espiritual dos homens, devendo, normalmente, dirigir a sua vida. A fé é uma atitude, e deve ser um impulso.

A fé cristã é uma completa confiança em Cristo, pela qual se realiza a união com o Espírito de Deus, havendo vontade de viver a vida que Ele aprovaria. Não é uma aceitação cega e desarrazoada, mas um sentimento baseado nos fatos da Sua vida, da Sua obra, do Seu Poder e da Sua Palavra.

A revelação é necessariamente uma antecipação da fé. A fé é descrita como "uma simples, mas profunda confiança Naquele que de tal modo falou e viveu na luz, que instintivamente os seus verdadeiros adoradores obedecem à Sua vontade, estando mesmo às escuras". A mais simples definição de fé é uma confiança que nasce do coração.

A Fé no Antigo Testamento

As atitudes para com Deus que no NT a fé nos indica, é largamente designada no AT pela palavra "temor". O temor está em primeiro lugar que a fé; a reverência em primeiro lugar que a confiança.

Mas é perfeitamente claro que a confiança em Deus é princípio essencial no AT, sendo isso particularmente entendido naquela parte do AT, que trata dos princípios que constituem o fundamento das coisas, isto é, nos Salmos e nos Profetas. Não está longe da verdade, quando se sugere que o "temor do Senhor" contém, pelo menos na sua expressão, o germe da fé no NT.

As palavras "confiar" e "confiança" ocorrem muitas vezes; e o mais famoso exemplo está, certamente, na crença de Abraão (Gn 15.6), que nos escritos tanto judaicos como cristãos é considerada como exemplo típico de fé na prática.

A Fé nos Evangelhos

Fé é uma das palavras mais comuns e mais características do NT. A sua significação varia um pouco, mas todas as variedades se aproximam muito. No seu mais simples emprego mostra a confiança de alguém que, diretamente, ou de outra sorte, está em contato com Jesus por meio da palavra proferida, ou da promessa feita. As palavras ou promessas de Jesus estão sempre, ou quase sempre, em determinada relação com a obra e a Palavra de Deus.

Neste sentido a fé é uma confiança na obra, e na Palavra de Deus ou de Cristo. É este o uso comum dos três primeiros Evangelhos (Mt 9.29; 13.58; 15.28; Mc 5.34-36; 9.23; Lc 17.5,6). Esta fé, pelo menos naquele tempo, implicava que os discípulos tivessem confiança de que haviam de realizar a obra para a qual Cristo lhes deu poder; é a fé que opera maravilhas. Na passagem de Mc 11.22-24 a fé em Deus é a designada.

Mas a fé tem, no NT, um significado muito mais amplo e mais importante, um sentido que, na realidade, não está fora dos três primeiros Evangelhos (Mt 9.2; Lc 7.50): é a fé salvadora que implica na salvação. Mas esta idéia geralmente sobressai no quarto evangelho (João) embora seja admirável que o nome "fé" não se veja em parte alguma deste livro, sendo muito comum o verbo "crer".

Neste Evangelho acha-se representada a fé, como gerada em nós pela obra de Deus (Jo 6.44), como sendo uma determinada confiança na obra e poder de Jesus Cristo, e também um instrumento que, operando em nossos corações, nos leva para a vida e para a luz (Jo 3.15-18; 4.41-53; 19.35; 20.31, etc).

Em cada um dos evangelhos, Jesus proclama-Se a Si mesmo Salvador, e requer a nossa fé, como uma atitude mental que devemos possuir como instrumento que devemos usar, e por meio do qual possamos alcançar a salvação que Ele nos oferece. A tese é mais clara em João do que nos evangelhos sinóticos, mas é bastante clara no último (Mt 18.6; Lc 8.12; 22.32).

A Fé nas Cartas de Paulo

Nós somos justificados, considerados justos, simplesmente pelos merecimentos de Jesus Cristo. As obras não tem valor, são obras de filhos rebeldes. A fé não é uma causa, mas tão somente o instrumento, a estendida mão, com a qual nos apropriamos do dom da justificação, que Jesus pelos méritos expiatórios, está habilitado a oferecer-nos. Este é o ensino da epístola aos Romanos (3 a 8), e o da epístola aos Gálatas.

Nós realmente estamos sendo justificados, somos santificados pela constante operação e influência do Santo Espírito de Deus, esse grande dom concedido à Igreja e a nós pelo Pai por meio de Jesus. E ainda nesta consideração a fé tem uma função a desempenhar, o meio pelo qual nos submetemos à operação do Espírito (Ef 3.16-19).


Fé e Obras

Tem-se afirmado que há contradição entre Paulo e Tiago, com respeito ao lugar que a fé e as obras geralmente tomam, e especialmente em relação a Abraão (Rm 4.2; Tg 2.21).

Assim a fé é uma profunda convicção de que são verdadeiras as promessas de Deus em Cristo. Deste modo a fé é uma fonte natural e cercada de obras, porque se trata duma fé viva, uma fé que atua pelo amor (Gl 5.6).

Paulo condena aquelas obras que, sem fé, reclamam mérito para si próprio; ao passo que Tiago recomenda aquelas obras que é a conseqüência da fé e justificação, que são, na verdade, uma prova de justificação. Tiago condena uma fé morta; Paulo louva uma fé viva. Não há, pois, contradição. A fé viva, a fé que justifica e que se manifesta por meio daquelas boas obras que agradam a Deus e pode ser conhecida naquela frase já citada: "a fé que atua pelo amor". "


Artigo do site da Fé Cristã

Fonte: http://www.vivos.com.br/136.htm

domingo, 14 de agosto de 2011

Ser pai




Ser pai não é apenas colocar uma criança no mundo. Mas é acompanhar seu crescimento físico, social e psicológico.

Ser pai é saber impor limites sem desrespeitar os direitos que uma criança tem, de brincar, descobrir, aprender, cair, levantar, chorar, sorrir, falar...

Ser pai é mais do que dar um sobrenome. Ser pai é segurar firme na mão do filho e caminhar em direção ao por do sol... É experimentar junto às mesmas emoções.

Ser pai é ver os filhos crescerem, é participar, é fazer acontecer, é ter tempo pra um bate papo, um lanche, uma partida de futebol.

Ser pai é ter problemas e não descontar nos filhos toda a sua frustração ou a frustração pelo pai que teve. É se conscientizar que se o filho errou a culpa pode ser sua, porque ninguém é perfeito!

Ser pai é ser o mantenedor, mesmo que não more na mesma casa tem que sentir essa obrigação de custear as despesas do filho. É lembrar-se do aniversário do filho (a) e dar um telefonema, comprar presentes no dias das crianças, no natal, mesmo que não seja um presente caro.

Ser pai é sentir orgulho de ter filhos e desejar e fazer por onde para que os filhos sintam orgulho de ter um pai.



Ser pai é mais do que apenas ser o pai biológico, mas é amar aquele pequeno ser, mesmo quando se tornar adolescente, jovem, adulto... Porque as preocupações ora aumentam, ora diminuem.






Ser pai é não esconder dos outros que tem um filho, porque filhos crescem e certamente vão saber a verdade.

Ser pai é ter coragem de educar, e educar não é só dizer o que se tem de fazer, mas é assumir os riscos de suas próprias atitudes.

Ser pai é estar presente nos momentos alegres, na formatura, no nascimento dos netos. É brindar para festejar as grandes conquistas. É estar presente na hora da dor também.

Ser pai é reconhecer que não é perfeito, mas está fazendo por onde... É reconhecer que errou em algum momento e fazer tudo diferente... É não esperar pela hora da morte pra pedir perdão...

Ser pai é moldar caráter. É saber que qualquer atitude boba pode ferir e magoar um filho transformando-o num péssimo pai no futuro...

Ser pai e mãe é assumir dupla responsabilidade, o que também acarreta em diversas outras funções.

Ser pai é mais do que ser apenas o cara que aparece de vez em quando dando gargalhadas e fazendo piadas, é ser amigo, é estar presente mesmo ausente.

Ser pai é dar conselhos que valem à pena, é ter um ombro em que o filho possa apoiar a cabeça.







Ser pai é não repassar para outros as suas obrigações e acabar sendo o vilão da história. É não repassar para os filhos os seus maus hábitos. Ser pai é não usar palavras de maldição contra o filho.

Ser pai é ensinar o filho a respeitar os outros, valorizar a vida e incentivar sonhos e a criatividade.








Ser pai e vencer suas próprias limitações e encarar tudo de frente, sem preconceito, sem medo, sem se fazer de vítima. É ser o adulto e não uma criança grande.

Ser pai é andar junto, é aturar o mau humor do filho, esperar o tempo certo de ter aquela conversa... É corrigir, é dizer NÃO quando for preciso.

Ser pai é mais do que trabalhar, trabalhar, trabalhar e nunca ter dinheiro! É ter consciência de suas obrigações e não ser apenas um cara que nunca tem tempo ou que só vive estressado.

Ser pai é ensinar o filho a amar a D-us e a respeitar a religiosidade dos outro. É ensinar a ser o bom cidadão que uma sociedade precisa.

Ser pai é sofrer a dor do filho, é desejar ter evitado um acidente, é se comprometer com o bem estar do filho.

Ser pai é também saber sorrir, é ser agradável, comunicativo, esperto, o melhor de todos os pais. É ser o Super Herói do filho.

Ser pai é mais do que apenas colocar um nome numa criança... Por que isso... Qualquer um pode fazer... Mas ser pai... Isso não... Ser pai de verdade é ser... Um exemplo a ser seguido.


Feliz Dia dos Pais!



Marion Vaz


PS. Meu pai faleceu a mais de 15 anos atrás e até hoje eu sinto saudades dele. Um pai amoroso, trabalhador, honesto, que me amava, que me educou e deu o melhor de si para os quatro filhos (mesmo com todas as dificuldades financeiras que tinha), mas ele era alguém em quem eu podia confiar. In Memórian.


terça-feira, 9 de agosto de 2011

Conto Não chores

Em suas caminhadas pelo imenso território da Galileia, Jesus percorria as cidades fazendo discípulos por onde passava. Um aglomerado de gente seguia após ele, faziam perguntas, ouviam suas explicações, suas parábolas. Não havia um só lugar em Israel que não tivesse ouvido falar de Jesus e de sua mensagem. Às vezes, e de tanto chamar a atenção do povo, alguns sacerdotes e doutores da Lei tinham inveja dele. Outros ficavam curiosos e procuravam falar com ele, mesmo que escondido como no caso de Nicodemos.

Até as crianças corriam para abraçá-lo, ficavam correndo em volta dele a ponto de jogá-lo no chão. Alguns dos discípulos não tinham tanta paciência assim e tentavam afastá-las. Mas Jesus acariciava seus cabelos e as abençoava. Às vezes, sentava numa pedra a beira do caminho só para conversar com meninos e meninas.

Os discípulos diziam que o mestre estava cansado e que não era hora, que viessem depois, mas Jesus estava sempre pronto a abençoar as crianças.
- Pedro! Você já foi pequeno. Deixe vir a mim os pequeninos!



- Desculpe mestre. Só achei que...
- Venham crianças, vou contar uma história. Mas façam silêncio! Pediu.

Logo estavam de volta as suas caminhadas visitando os vilarejos, Jesus ensinando, curando e falando do reino de Deus. Naquele dia, já estavam caminhando há algumas horas e as pessoas saiam ao encontro dele e por onde Jesus passava um grupo juntava-se a outro.

Mas quando chegaram próximo a uma cidade chamada Naim, todos ouviram um lamento e grande choro. Olharam para frente e viram um grupo de pessoas que andavam bem devagarzinho. O olhar atendo de Jesus caiu sobre uma mulher. Amparada por outras a viúva caminhava com um pano que cobria a cabeça, o vestido velho e escuro mostrava que não tinha posses. Pobre mulher com seus olhos avermelhados, uma dor no peito e a angustia de quem perderá seu único filho!


Nos lábio que se mexiam murmurava um lamento e caminhava, passo a passo, em direção a saída da cidade. A sua frente alguns homens levavam o esquife.




Na estrada vinha Jesus com seus discípulos e aquela grande multidão que o acompanhava. Todos estavam sorrindo, alegres. Alguns haviam sido curados e vinham glorificando a Deus pelo caminho e testemunhando os feitos de Jesus. É verdade que alguns seguiam com a multidão por pura curiosidade. Queriam ver milagres. De repente, ouviu-se um lamento em alta voz. A pobre mulher não podia mais suportar em silêncio tanta dor.

O choro chama a atenção de Jesus e aproximando-se do cortejo, com seu coração cheio de compaixão, olhou para a senhora de semblante cansado. Ela que já havia perdido o marido, e agora o filho, seu único filho também tinha morrido. Então Jesus falou calmamente: Mulher não chores!

A mulher olhou para o estranho a sua frente. Como não chorar? Como não sentir tristeza por ver a vida se esvair? O que fazer com aquela dor da separação, com as incertezas do futuro, com a solidão? Agora que estava tão velha, com suas mãos já cansadas para o trabalho, a pele enrugada, o rosto franzino e o seu filho, motivo de suas alegrias, a esperança de uma velhice tranquila, esta li, pronto para descer à sepultura. E aquele homem dizendo pra não chorar? Jesus entendeu cada lamento de dor e disse novamente:
- Não choreis.

As pessoas olhavam sem entender muito bem, ao sinal de Jesus os homens que levavam o defunto colocaram o caixão no chão. A multidão que lamentava o morto queria ver o que Jesus faria.


O homem da Galileia tocou no morto e falou com autoridade.
- Mancebo! Levanta-te!







A voz de Jesus ordenou que a vida voltasse ao corpo, o rapaz fez um pequeno movimento e depois mexeu os braços, esticou as pernas. Depois balbuciou alguma coisa e sentou-se olhando para as pessoas que o cercavam.

Logo a voz saltou-lhe da garganta e chamou pela mãe. A mulher mal podia crer em próprios olhos. Ela correu e abraçou o filho, apalpou-o para ver se não era apenas um sonho. A multidão que chorava começou a ri e glorificar a Deus. Jesus ajudou o jovem a se levantar e entregou-o a sua mãe. A mulher chorou, agradeceu, chorou de novo. O jovem levou algum tempo para entender o que estava acontecendo.

Jesus continuou seu caminho, havia muitos outros milagres a realizar. Parte daquela grande multidão seguiu atrás dele. Enquanto os moradores de Naim exclamavam:
- Um grande profeta se levantou entre nós e Deus visitou o seu povo!



Marion Vaz

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

A Outra Face da Cruz

A imagem de um cristo abatido e apático, com o rosto coberto de sangue e olhar perdido, tem sido uma marca registrada ao longo dos anos nas pinturas e fotos.



Um homem de cabelos compridos, face marcada pelo sofrimento, semi nu, exposto numa cruz de madeira, pode ser visto em qualquer centro religioso, Igrejas e Catedrais, hospitais e/ou no pescoço das pessoas como pendente de um cordão.

Outras imagens mostram o mesmo cristo de rosto lavado, cujos cabelos cobrem os ombros, olhar cativante e uma expressão facial de um ligeiro e quase imperceptível sorriso, também fazem parte de calendários, santinhos e estão nas paredes das casas.


Ao observarmos tais imagens que inspiram suspiro e orações de devotos, que fazem o sinal da cruz demonstrando toda a sua religiosidade, ativa ou inativa, podemos dizer que fazem parte do cotidiano.



Embora que, as razões que levaram o cristo a deixar-se crucificar variem de religião para religião, multidões se convertem diariamente, e rios de lágrimas significam arrependimento e devoção.

Mas a outra face da cruz também pode ser vista nas observações dos historiadores como nos mostra esse artigo de Frederick Goldman – O Outro 1492 – publicado na revista Bnay Brit – Herança Judaica (1992), cujo tema central é a trajetória dos judeus frente ao antissemitismo europeu.

Segundo Goldman, acordos políticos na Inglaterra, França e posteriormente Espanha e Portugal, obrigaram os judeus a se converterem ao Cristianismo sob pena de serem expulsos.

Ao se recusarem a abandonar suas crenças e suas tradições “venderam seus lares e pomares por qualquer valor que conseguissem e partiram”. Andres Bernaldez escreve em História dos Reis Católicos: “... Rezaram suas últimas preces nas sinagogas... e saíram da terra onde nasceram, jovens e adultos, velhos e crianças, a pé ou montados em burricos ou outros animais, em carroças... Caminhavam pelas estradas e pelos campos, com muito esforço e pouca sorte, alguns desmaiando, outros dando a luz, outros passando tão mal que não havia cristão que não sentisse pena deles... E assim saíram de Castela”.

Nem mesmo judeus ibéricos que gozavam de um status especial, considerados “servos da coroa”, cujo ofício de conselheiros, tesoureiros do reino escaparam do cruel destino. Muitos judeus que tinham alcançado cargos importantes no decorrer dos anos eram agentes do mercado financeiro, penhoristas, banqueiros, cobradores de impostos e serviam a coroa, a Igreja, a nobreza e aos donos de terras.

Alguns tinham laços de amizade com o rei de Aragão e conta-nos Goldman que as primeiras viagens marítimas de Colombo que resultaram em descoberta de novos continentes, foram custeadas pelos judeus ibéricos. Assim como os próprios instrumentos náuticos de navegação utilizados, foram inventados por judeus.

Eram eles que, através de fundo de empréstimos de comunidades judaicas, custeavam os exércitos, compravam canhões para reforçar o exército de Fernando e compravam suprimentos de alimentos para equipar a força militar.

Assim, quando o Edito de Expulsão de 1492 foi anunciado, os judeus não se sentiram ameaçados e tentaram de todas as forças negociarem, já que enormes somas de dinheiros eram “oferecidas” pelas comunidades judaicas a coroa, para custearem as guerras. Acharam que levariam em conta os serviços prestados a sociedade e a coroa. O pagamento pela “estadia” que enriquecia reis e reinos, desmantelava a herança judaica.

Essa visão tática seria copiada mais tarde pela Inquisição cujo “zelo” da cruz levaria milhares de judeus ao martírio.

No editorial da revista, Ernesto Strauss afirma que “a experiência histórica dos judeus, seja recente ou a mais remota, adverte para os perigos da discriminação de raças e credos”.

Assim, o ano de 1492 é associado ao Descobrimento da América, também marca o termino da existência da comunidade judaica na Espanha.

“Mas o sentimento popular contra os “inimigos de Cristo” (os judeus) já circulava entre as gentes há muitos anos atrás. A peste Negra devastou a Europa, causando fome e desordem social, mas a culpa recaiu sobre os judeus. Sinagogas e casas foram queimadas. Em 1391 em Barcelona, 11.000 judeus foram assassinados, outros milhares nas demais cidades. O que se repetiu em 1449 e 1467” Informa Goldman.

Para escapar da morte, uma multidão de judeus foi obrigada (sentenciada), a conversão e ao batismo nas igrejas. Muitos deles viram nisso a “salvação” de suas vidas e respectivas profissões, mas muitos continuaram praticando secretamente o Judaísmo.

Como todo processo de “adaptação” tem suas vantagens, fizeram carreira em quase todas as instituições municipais, judiciárias e legislativas, como também casaram com membros de família nobres.

Os conversos e seus descendentes proliferaram de tal forma, segundo o historiador Denys Hay, que se deu início ao conceito de “limpeza do sangue”.

Para revigorar e fortificar a fé cristã era preciso elaborar uma estratégia contra os conversos. Assim nasceu a “Santa” Inquisição. Foi em Servilha, em 1481, que os primeiros judeus foram queimados vivos, cujo único pecado atribuído era a fidelidade a sua religião ancestral – a religião de Moisés.

Já em 1488 mais de 700 “hereges” também foram queimados, 5000 castigados, 15000 indicados e “reconciliados” por meio de torturas. As confissões de “crimes” eram arrancadas por meio dos mais violentos meios de tortura.


A Cadeira da inquisição

Uma cadeira de madeira com seus assentos cobertos de espinhos.






As costas, os braços, as pernas e os pés da vítima eram penetrados por esses espinhos que eram apertados com cintos de couro para pressionar cada vez mais a vitima.

Essa peça foi usada na Alemanha até o século XIX, na Itália e na Espanha até o final de 1700 e na França e outros países europeus até o final de 1800.

A Inquisição foi implantada em outros lugares e continuou por séculos. A derradeira execução aconteceu em Valencia - Espanha em 26 de junho de 1826. Mas somente em 15 de julho de 1834, a Inquisição foi finalmente declarada ilegal. Até essa data trezentos mil casos foram julgados, conversos martirizados e 30.000 judeus tinham sido queimados vivos.

Segundo Goldman, dezesseis navios partiram de Cartagena em Aragão com destino a Itália em dois de agosto de 1492 em resposta ao Edito de Expulsão. A maioria dos judeus atravessou as montanhas em direção a Portugal. Na fronteira, pagaram fortunas por vistos temporários de residência. Essa comunidade judaica sobreviveu até 1496 quando acordos políticos entre o rei Manuel e Fernando exigiram que os judeus de Portugal se convertessem sob pena de expulsão (de novo).

Cecil Roth informa que “dos judeus que embarcaram nos navios, nem todos conseguiram sobreviver. A maioria foi roubada e morta pelos capitães dos navios ou por piratas. Os sobreviventes que chegaram aos portos “civilizados” estavam mortos de fome e foram recebidos por “frades zelosos” que ofereciam pão em troca do batismo.”
Somente em 1968 o Edito de Expulsão de 1492 foi anulado pelo governo espanhol. Pedidos de desculpas, tanto do governo de Portugal como da Espanha foram feitos aos judeus da diáspora na década de 90.

Infelizmente, a História registra outros casos de antissemitismo relacionados à intolerância religiosa e a tal “limpeza do sangue” , que perseguiram judeus e se alastrou em outras partes do mundo.

Outra face da Cruz foi registrada no Evangelho de João (13.35), mas pelo que eu relatei acima, essa parece ter se perdido no tempo:

“Nisto conhecereis que sois meus discípulos, quando vos amardes uns aos outros”.




Referências:

Fonte: Revista B`nai Brit – Edição out/1992

Andres Bernaldez – Historiador espanhol

Cecil Roth - Historiador e acadêmico britânico de religião judaica.

Denys Hay – Historiador especializado na Europa Medieval e Renascentista.

Ernesto Strauss – Editor e diretor cultural da revista B`nai Brit

Frederick Goldman – Ensaista de história e cultura judaica com artigos publicados no The NY Time.