domingo, 15 de agosto de 2010

Semeando em Pedregais

“E outra caiu sobre pedregais, onde não havia muita terra, e logo nasceu, porque não tinha terra profunda; mas saindo o sol, queimou-se; e, porque não tinha raiz, secou-se... E da mesma forma os que recebem a semente sobre pedregais; os quais, ouvindo a palavra, logo com prazer a recebem; mas não tem raiz em si mesmo, antes são temporão; depois sobrevindo a tribulação ou perseguição por causa da palavra, logo se escandalizam.”
(Marcos 4.5,6,16,17)

No versículo 5, o evangelista Marcos faz menção da semente que caiu em um terreno cheio de pedras. Certamente no terreno não havia terra suficiente para a raiz da planta se fixar. Sabemos que é pela raiz que a planta se alimenta, quanto maior a árvores, maior a raiz em baixo da terra. Por ela, a planta suga as proteínas do solo, a água, os sais minerais e que através do caule e das ramificações chegam a todas as partes da planta.

A raiz também serve para fixar a planta no solo. Podemos compará-la ao alicerce de um prédio. A importância de ter um bom alicerce para depois construir uma casa é comentado na passagem bíblica de Lucas 6.48 .

Um solo constituído de pedras é, sem dúvida, um perigo para a semeadura. Uma planta precisa crescer e sem o alimento constante, não resiste ao sol quente, ela seca por falta de água em seu interior. Ela precisa estar firme no solo, pois se a raiz estiver na superfície, qualquer vento a desloca e seu destino será a morte.

Nesta parábola, o terreno coberto de pedras simboliza aquelas pessoas que ouvem a Palavra de Deus e a recebem com prazer, com alegria. De novo percebemos, que a Palavra vence as barreiras humanas e faz morada no coração do homem. Mas é algo temporário! A alegria da salvação nas primeiras semanas ou nos primeiros meses de conversão, não é suficiente para firmar o novo crente no caminho da salvação.

No texto sagrado observamos que estes novos convertidos vão ser duramente testados em sua nova fé. Sofrerão angustias, perseguições e serão atribulados em todos os ângulos de suas vidas. O pouco que ouviram ou que aprenderam acerca da Palavra de Deus, não é suficiente para combater as investidas de Satanás. A pouca fé que os levou a erguer as mãos em direção a Cristo, agora esvai diante das perseguições, ou quem sabe, do abandono de alguns membros da própria igreja.

Uma análise mais apurada do texto nos revela que a dificuldade de perseverar na fé e na comunhão é devido à falta de conhecimento da Palavra. Lembramos que a raiz não se fixa na terra por causa das pedras. Diz o salmista que a Palavra o vivificou num período de angústia (Sl 119.50). Mas isso não aconteceu com nosso amigo da parábola.

A Palavra alimenta, limpa, fortalece, renova as forças. Sem a leitura diária e o conhecimento e a compreensão plena dos textos sagrados, o crente seja ele novo convertido ou não, fica desnutrido e conseqüentemente esfria na fé.

Semear em pedregais exige uma ação mais firme por parte da igreja, em manter um discipulado após o ato de conversão.




Os conversos tendem para o sentimentalismo e se magoam com facilidade. Eles se escandalizam (Mc 4.17) e se desviam, como lemos no texto do Evangelho de Lucas 8.13.


O apóstolo Paulo escrevendo aos crentes de Corinto, chama-os de meninos na fé em Cristo (I cor 3.1). Aqueles crentes eram tratados de acordo com o seu crescimento espiritual (vs 2). Estes precisam de um cuidado especial, a raiz não tem firmeza. As pedras atrapalham o desenvolvimento e fortalecimento da planta. O sol que devia aquecer queima suas tenras folhas. O que nos ensina a ter cuidado no falar, usar sempre uma palavra branda, ter amor para com o pobre pecador agora redimido, pelo qual, o sangue de Cristo foi derramado na cruz.

Tornamos a enfatizar que a culpa não é do terreno pedregoso, ou seja, do coração do homem, que não estava pronto para receber a mensagem. A semente, a Palavra de Deus é poderosa, tanto que faz morada no coração. As adversidades da vida é que vão angustiar e entristecer o novo crente a ponto de arrebatar do seu coração, a divina e preciosa Palavra de Deus.

Então, o que fazer com um terreno destes? Remover as pedras! Diz o texto que a Palavra entra no coração e fica guardada por um certo tempo (Mt 13.21); É neste período que havendo um acompanhamento espiritual como um discipulado, implantando na igreja os parceiros de oração: pessoas que se responsabilizem em orar especificamente por uma pessoa, intercedendo por ela, pode haver um fortalecimento espiritual. A Palavra é como martelo que esmiúça a penha (Jr 23.29). Não há coração de pedra que resiste ao poder da Palavra de Deus ou a ação do Espírito Santo.

Partimos do ponto que as pedras não nasceram no terreno, elas foram amontoadas lá, em alguma parte do passado. Elas podem significar problemas na infância, mágoas, desilusões. Precisam ser removidas! Empurradas de um lado para o outro para dar a raiz um espaço para fixar no solo. Vencidos os obstáculos humanos, certamente esse novo crente desfrutará de uma comunhão perfeita com Deus. E na hora das adversidades enfrentará com mais confiança.

É trabalho árduo para quem semeia entre pedregais e para quem quer manter os novos convertidos na Igreja do Senhor.

Um exemplo prático de semear em pedregais é o evangelismo em hospitais. O semeador encontra barreiras já na portaria, depois nos corredores quando esbarra com outros irmãos de denominações diferentes. No quarto do paciente quando ele está acompanhado de parentes que professam outra religião, ou estão resignados com a doença e acham que Deus os esqueceu. E no próprio paciente que diante do seu estado de deficiência e incapacidade física, rejeita a mensagem do Evangelho.

O enfermo está envolto em tantas dores e medicamentos, que se dá o direito de até negar a existência de Deus. Às vezes, é até compreensível que ele se sinta abandonado. Há enfermidades que além da dor física, do constrangimento, traz ao homem, o desespero, a desesperança. O que fazer para remover tantas pedras? É o sol causticante queimando todos os sentimentos do enfermo, transformando-o num homem insensível.

A mensagem precisa ser anunciada com amor, acompanhada de oração, de quebrantamento, de fé. O doente precisa ver no olhar do semeador uma esperança. Quando o semeador pode sentir ou compreender o que o outro está passando, com ajuda do Espírito Santo pode restaurar uma vida.

É indiscutível que no tratamento com enfermos, o semeador não deve prometer curas instantâneas, mesmo porque, Jesus trabalha nos corações de maneiras diferentes. Lendo os Evangelhos podemos assimilar seus métodos: ao cego Bartimeu disse: “vê, a tua fé te salvou” (Lc 18.42); ao paralítico de Betesda perguntou: “queres ficar são?” (Jo 5;6); a sogra de Pedro foi curada com um simples toque das mãos de Jesus (Mt 8.15).

O paralítico de Cafarnaum recebeu a cura por causa da fé dos seus amigos (Mc 2.5); já na cura de um cego de nascença Jesus cuspiu no chão, fez lodo com sua própria saliva e untou os olhos do cego. Em seguida mandou-o lavar-se no tanque de Siloé. A obediência às ordens de Jesus restaurou-lhe a visão (Jo 9.6-7); A mulher do fluxo de sangue, teve que abrir caminho no meio de uma multidão e tocar nas vestes de Jesus para receber a cura (Mc 5.28).

Como podemos ver, a cura de uma enfermidade está intimamente ligada a fé, a obediência e ao temor a Deus. E Jesus, o médico dos médicos, conhecedor da urgência da restauração física de cada um, prioriza a salvação das almas. O semeador precisa ajudar a semente que caiu em pedregais, a firmar raiz na terra. Mas isto, antes que o sol (as tribulações) apareça e queime a planta. Entendemos o quanto é difícil, mas para o semeador, a decepção consiste em não ver o fruto do seu trabalho.

Ao falar de Jesus para o enfermo, o crente precisa ter ousadia e convicção da mensagem que anuncia. Muitos estão completamente desiludidos e às vezes, abandonados pelos familiares. Uma palavra de poder pode impulsionar-lhe a fé, a ponto deles obterem a cura física e espiritual e o perdão dos pecados. Mas seja prudente, para que o seu ministério não sofre decepções. O semeador em pedregais deve estar sob a direção do Espírito Santo e ser totalmente dependente Dele.

Marion Vaz

Do Livro Parábola do Semeador de Marion Vaz

2 comentários:

  1. Obrigada Marion vaz; há anos aceitei jesus e não tive uma experiência de interpretação, ensinamentos e exortação como esta.
    Agradeço a Deus pelo teu ministério.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada por visitar o blog. Que o Senhor continue abençoando a tua vida e o teu ministério.

      Excluir