Quando D-us instituiu o Shabat como dia de descanso
para adoração tinha em mente que o homem trabalhasse seis dias na semana e
guardasse o sétimo como dia santo. Todo texto sagrado pode ser lido em Êxodo
20.
Durante todos esses anos a religião judaica vem
proclamando a santidade do Shabat e opondo-se a qualquer mudança. Embora que,
haja opiniões diferentes, e isto por causa do secularismo, o Shabat tem sido
honrado pelo povo judeu e outras religiões cristãs.
Mas, na maioria das igrejas cristãs o domingo passou
a ser o dia consagrado a D-us em virtude da ressurreição de Jesus ter acontecido
ao despontar o primeiro dia da semana (Lucas 24). A partir desse ponto,
variando de igreja para igreja, os crentes são convidados a participar dos
cultos não só no domingo como nos demais dias que a igreja esteja aberta e há
também os obreiros de tempo integral que
doam parte ou todo o seu tempo.
O ativismo religioso é o termo usado para aquele
acúmulo de funções que alguém exerce na igreja ou na comunidade religiosa e que
foi comprovado que em certos casos causa o esgotamento físico, mental e
espiritual da pessoa. Ativismo é quando alguém diz: "Eu sou o cara. Eu trabalho muito. Eu estou à frente de tudo."
Quando me deparei com esse termo em um artigo da
revista http://cristianismohoje.com.br/ lembrei-me de que havia discutido isso com outras
pessoas. Principalmente aquelas que insistiam em dizer que “não tinham tempo”.
Por vezes me questionei sobre o assunto. A pessoa vivia tão sobrecarregada de
funções na igreja que não tinha tempo para mais nada! O acúmulo de cargos ocasionou
um esgotamento físico, acelerado pelos problemas familiares, doenças e outras
implicações decorrentes da ausência da figura materna em sua casa.
Por certo existem funções e departamentos numa
igreja que requerem maior desprendimento e tempo de alguém para que haja uma
boa administração. Mas por certo existe hoje um abusivo “controle” do tempo dos
fieis em função da demanda de cultos, reuniões, orações, consagrações e festividades
que ocorrem o tempo todo, e todos os dias na semana. Por isso iniciei o artigo
falando sobre o Shabat e sua finalidade.
A desculpa para tal envolvimento na “obra” é sempre
em função da fé, da espiritualidade (que no caso varia de pessoa para pessoa),
da volta de Jesus e de que a salvação dos outros depende da Igreja e seus
evangelismos, sem falar na crescente busca pela “perfeição”. Assim, os fieis
passam a frequentar a maioria dos cultos e demais reuniões e aquele que só
puder ir aos domingos é caracterizado de crente domingueiro.
Em minha opinião outro fator que contribui muito
para essa demanda de cultos é sem dúvida a questão da oferta, principalmente no
caso de haver obras de reconstrução ou modernização do Templo.
Mas percebo que a adoração a D-us através das
ofertas e dízimos passou a definir um estilo de vida de prosperidade. Não sei
na sua igreja, mas eu me deparei com esse “novo mandamento” que vem moldando o
crente do novo milênio. Quanto mais ele dá, mais ele é abençoado! E já existem
ministros que determinam o valor (quantia) a ser “oferecido a D-us”. Quem tem
fé oferta! Com certeza o Senhor vê o coração do seu servo e muitas pessoas são
mesmo abençoadas em virtude de terem confiado em D-us. Mas existe esse
gerenciamento do culto que culmina em dois pontos principais: 1 - Hora da oferta.
2- Hora da pregação.
Mas, voltando ao ativismo religioso, é preciso
evitar os excessos, o acúmulo de funções, o abandono familiar, as desculpas
para não sair com amigos. Evitar aquele cotidiano estressante que vai gerar
problemas para a própria pessoa, sua família e com os demais irmãos da
igreja.
Os maiores problemas de relacionamentos vêm pela
falta de diálogo, pelos desentendimentos, abuso de autoridade e desequilíbrios
emocionais oriundos do estresse, do esgotamento. E o pior é que muitas pessoas
atribuem isso ao diabo e suas artimanhas, quando na verdade, o corpo físico é
que é limitado e está sendo exposto de forma inadequada e em ritmo acelerado.
O ativismo religioso causa problemas dentro de casa,
por causa da ausência dos pais, do repasse de suas obrigações a outras pessoas,
quando a mãe ou o pai deveria estar dentro do lar, convivendo com os filhos,
dando apoio, conversando, evitando conflitos, almoçando, jantando juntos. O outro
lado da moeda indica que muitos fazem de suas obrigações religiosas uma espécie
de fuga de suas verdadeiras responsabilidades no lar.
E infelizmente, as reuniões extras acabam afastando
as pessoas do convívio com seus familiares, prejudicam os relacionamentos de
casais, pais e filhos, porque quando a família deveria estar junta para
qualquer outra atividade, as pessoas estão em reuniões, ensaios, visitas, etc.
E agora que chegamos a um estágio crítico de problemas, de falta de autoridade
no lar, filhos afastados, divórcios, crises emocionais, acusações desmedidas...
Os líderes começaram a promover diversos cursinhos, encontros de casais, culto
(ops) da família, etc. Enfim...
Parece até que eu sou contra as reuniões nas
igrejas, mas não. O culto racional é aquele que adoramos a D-us com toda
dedicação, com envolvimento, com amor e fé. Não aquela reunião rotineira com
todos aqueles blá-blá-blás que se repetem a cada culto sem a menor complacência.
E as pessoas ali, sentadas, cansadas, algumas conversando e até mesmo enviando
mensagens de e-mail, porque o culto perdeu a sua finalidade principal. Tornou-se
algo corriqueiro. Observei isso na própria figura do líder que,
coitado, ali a semana inteira e já não tem mais o que dizer e fica repetindo a
programação da semana! E as pessoas acabam se acostumando com aquele ambiente e
com aquele tipo de “culto”. Quantas pessoas “ativas” adoeceram recentemente?
O perigo dessa demanda de cultos se por um lado
contribui para edificações de muitos, por outro lado, influencia na dependência
espiritual daqueles que se não estiverem na igreja todos os dias sentem-se
fracos e “presa fácil” do inimigo. Mesmo porque essa ideologia é constantemente
ministrada e ligada ao recebimento de bênçãos. Tudo se resume ao fato de que “se
o crente não estiver naquele domingo na igreja poderá perder a sua benção e
voltar para o fim da fila”. E não venha me dizer que nunca ouviu esta frase!
E assim temos crentes “motivados” e “envolvidos” na
obra de D-us, mas temos crentes estressados, com dificuldades mil, mas esboçando
felicidade e “caminhando para os céus”. Porque afinal de contas, estamos aqui
de “passagem”. Nosso reino não é “aqui”. Temos uma “chamada” e poucos são os
“trabalhadores”.
Com tais argumentos esquecemos que a vida é uma só,
que o ser humano deveria vir em primeiro lugar e que o nosso “D-us trabalha
para aqueles que Nele confiam”. E principalmente que “tudo tem o seu tempo
determinado e há tempo para todo propósito debaixo dos céus” Eclesiastes 3.1
Então está na hora de você priorizar algumas coisas e
ter propósitos firmes para que possa administrar bem o seu tempo.
Marion Vaz.