domingo, 24 de maio de 2020

Convivência Forçada na Quarentena

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Quem critica a quarentena não tem a menor ideia do que se passa dentro das residências. Muita gente acha que está tudo tranquilo, que é um verdadeiro "mar de rosas". Que as pessoas são amáveis e estão tirando de letra este distanciamento social de amigos/trabalho/shopping e ter que conviver só com os parentes que moram na mesma casa. Sabe de nada inocente! 

Na verdade, estamos sofrendo um impacto muito maior, presos em casa, em espaços pequenos de convivência que na maioria das vezes se resumem em sala, quarto, cozinha, varanda ou área. Estamos sim à merce de todo tipo de problema, sufocando os sentimentos, escolhendo os problemas que podemos resolver e deixando outros para o fim da Pandemia. Assim, passam os dias sem qualquer perspectiva de tempos melhores. Amamos sim, trocando sorrisos por mera conveniência. 

Percebi o quanto nossos dias, que se transformam em semanas, são inúteis e sem produtividade. Tudo o que estávamos acostumados a fazer, toda a nossa rotina diária foi interrompida pelo Covid-19. E tudo o que nos resta é ver a hora passar, com todo o cuidado para não tropeçar uns nos outros dentro de casa. 

As noites são inquietas e com breves momentos de sono. Estou à beira da histeria sem poder demonstrar qualquer mudança na fisionomia. Essa coisa de ter que ser forte para proteger outros é que está matando muita gente. E quem paga é o corpo que começa a ter reações por causa do confinamento. Sinto que há um esgotamento mental e físico em andamento e eu estou ficando doente na alma. 

O pior desse distanciamento social e da convivência forçada é não ter uma vida própria, ter que aturar uma série de coisas e comportamentos de pessoas e vizinhos e não poder sair correndo para outro lugar. Não ter onde se esconder. É muito difícil aturar certas coisas que a gente só tinha que conviver nos finais de semanas ou por uma hora ou duas. Mas por causa da quarentena, a gente revive no dia a dia, um emaranhado de atitudes e certas condutas que estão nos levando a exaustão. 

Ficar em casa não é esse "mar de rosas" que as lives e depoimentos tem tentado passar. É uma guerra silenciosa que nos consome lentamente, pedaço por pedaço, conforme a sua fome. E como não se pode descontar em casa, muita gente transfere seu ódio para as redes sociais em forma de comentários agressivos. Só pode.

Estamos diante de uma nova era, uma nova realidade. Vamos sobreviver? Sim. O ser humano tem essa capacidade de se adaptar ao mundo pós guerra e fazer de tudo para recomeçar e sobreviver a tudo de ruim que nos sobrevenha. Então, de todo coração te desejo sorte.


Marion Vaz

Atualização:

No Brasil são mais de 365 mil casos confirmados de Covid-19 e cerca de 22.700  óbitos. 


segunda-feira, 11 de maio de 2020

Quando a hipocrisia reina

Maneiras de enxergar além das máscaras e descobrir quem as pessoas ...

A quarentena no Brasil segue adiante e aqui ou ali com maior ou menor número de adeptos.  Segundo as estatísticas do governo mais de 160 mil pessoas estão com Covid-19 e mais de 11 mil óbitos já foram registrados .

No geral a população já entendeu que o vírus é agressivo e que o isolamento social nos protege de certa forma. Mas como sempre tem aquela "ovelha negra", alguns ainda relutam em admitir o óbvio e teimam em sair as ruas. Uma pessoa idosa foi caminhar no calçadão da praia sem máscara e postou isso afirmando que era "bolsonarista" e que não tinha medo de ficar doente. E ainda fez piadinha de que os demais podiam apodrecer em suas casas. Sem comentários!

Infelizmente, esta premissa teve origem no padrão comportamental do presidente eleito. Alguns pastores e ministros do Evangelho de Jesus que seguem o mesmo pensamento dele insistem que a "obra" não pode parar.  Igrejas com portas abertas em muitos locais e cultos dominicais continuam acontecendo.

Chato mesmo são as postagens agressivas que por hora vem sendo a marca de muitos outros que se dizem "ungidos" do Eterno.  Eu tive que deletar muita gente das redes sociais porque não consigo compactuar com tal postura. São muito agressivos na maneira de falar com o povo ou  reportar um assunto. Um determinado pastor só sabe criticar as medidas de segurança e o faz de forma grosseira e sem qualquer respeito pelos internautas. Um jovem desta mesma igreja (acredito que de conformidade com a liderança) afirmou  que "esse povo merece ser escravo" referindo-se as pessoas que permanecem em distanciamento social.

Por outro lado, há líderes religiosos que compreendem as dificuldades que o momento presente representa e são verdadeiros servos de Deus. Estão usando o tempo online para abençoar e ministrar com amor e temperança a Palavra de Deus. Muitos estão ajudando com cestas básicas e alimentos as pessoas carentes. Acredito que a quarentena foi um divisor de águas entre os verdadeiros adoradores e o fanatismo religioso. 

Porque esse pseudo mandamento de que só estando na igreja é que o povo vai ser abençoado caiu por terra nesta quarentena. É possível perceber que aqueles que defendiam a tese estão completamente sem rumo. O descontentamento é nítido no semblante deles quando se pronunciam contra ao distanciamento e afirmam o quanto se sentem "prejudicados". 

O problema desse tipo de comportamento é que quando a quarentena terminar e a pandemia for coisa do passado, tais pessoas vão esquecer todo o mal que fizeram e subir nos púlpito para pregar o amor ao próximo e coisas do gênero. E vão fazer isto sem qualquer constrangimento no estilo: segue o baile... Hipócritas!

Não sei você, mas eu imagino Jesus olhando lá de cima com a mão na cabeça e pensando: Não foi pra isso que eu me sacrifiquei..."


Marion Vaz