domingo, 16 de outubro de 2022

Minha Primeira Viagem para Israel

Tudo começou em meio a pandemia de covid-19 quando estávamos no isolamento social. A agência de viagens Hurb anunciou uma viagem para Jerusalém. Fiquei surpresa com o preço mas sabia de outros processos e valores a incluir. Mas isso não me importava. Era a chance de realizar um sonho: Conhecer Jerusalém. 

Enfim, a viagem foi marcada para esse mês de outubro, voos, hotel, transfer, tudo como estava na descrição do pacote. Providenciei a documentação necessária: passaporte, atestado de vacina de covid-19, seguro viagem e passaporte verde (pedido de entrada no país)  e viajei para Israel.


Você pode pesquisar na internet sobre passaporte, valores em shekel, documentação, melhor data para viagem, como e onde ir, etc,  nos diversos sites de viagens online. Só posso dizer que comprar pacotes de passeios sai em conta lá mesmo. Aqui, eu quero descrever a minha experiência de pisar na Terra Prometida. 

Conhecer Jerusalém foi uma emoção única e que vale por uma vida inteira, pelo menos era o que eu pensava. Agora sei que preciso de mais tempo para preencher os espaços vazios no meu coração. Mas, era um sonho de muitos anos e mal acreditei que se tornou real, quando o avião pousou no aeroporto de Tel Aviv. Confesso que chorei. Eu só conseguia pensar: Eu cheguei! Eu cheguei!

E é claro que eu não fui sozinha. Uma experiência maravilhosa como esta pude compartilhar com minha filha Gabrielle. 

E só tinha cinco dias para conhecer Jerusalém. Por isso fiz uma lista com antecedência sobre os lugares que queria conhecer. Vi diversos vídeos no canal Youtube que me ajudaram a mapear o caminho, ruas adjacentes, praças e locais de comércio. Então, #ficaadica porque este canal é muito bom @Relaxing Walter

Jerusalém é como o próprio nome indica: uma cidade de paz. Um lugar onde a fé é extraordinariamente vista nas ruas e nos lugares sagrados de cada religião. 


Yaffo Street

Uma cidade alegre. No Shabbat todas as lojas estavam fechadas e poucas pessoas nas ruas, mas ao anoitecer as pessoas lotaram as ruas para comer, conversar, festejar. Muita gente mesmo. 

Há diversos grupos musicais se apresentando em locais variados e por onde se passa pode-se ouvir o som das músicas, os risos, as conversas, e ver crianças e adultos transitando de um lado para outro.

A Cidade Murada é formada por quatro quarteirões: o judaico, o armênico, o cristão e o muçulmano e eles estão interligados por ruas estreitas e portões. Pude passar por cinco deles: portão de Jafa, portão do Kotel, portão Novo, portão de Damasco e portão de Sion.


Gate Jafa


Gate Sion


Gate Kotel


Gate New


Gate Damasco




Cidade de Davi


Menorah de ouro para o Terceiro Templo de Jerusalém em pleno bairro judaico

Cada local tem características próprias que marcam a personalidade de seus habitantes. E também pude ver harmonia e certa interação com os turistas. Na parte nova de Jerusalém vi pessoas de todos os credos transitando juntas nas ruas, nos transportes, nas praças. Vi mulheres árabes em ambiente cristão e judeus no portão de Damasco. Passei de um bairro ao outro sem qualquer problema ou incômodo.

Lembrando que se está em outro país e é preciso respeitar a religião, a cultura, as tradições, as leis e as pessoas e se vestir com roupas adequadas.

Mas um emaranhado de sentimentos toma conta de qualquer pessoa que visita Jerusalém. Há algo de especial no ar, talvez. E não tem como vivenciar tantas experiências e emoções e não sentir uma mudança na alma. Vi pessoas de todos os lugares do mundo na cidade de Deus. Todas com coração palpitando, descompassado, olhos brilhando, choro contido para não dar muita pinta de turista. Mas todas, independente do seu próprio segmento religioso expressando gratidão por estar em Jerusalém


Muralhas de Jerusalém 


Vista panorâmica do Monte das Oliveiras e cemitério judaico 

Ao chegar ao Kotel me deparei com aquelas pedras gigantescas sobrepostas, imponentes, cheias de história e carregadas de simbolismo. Cheguei bem perto para tocar, para entender a realização do meu sonho. Orei agradecendo a Deus por tamanha graça e chorei muito me sentindo tão pequena. E ainda estou procurando entender o poder de Deus e sua generosidade para conosco.



E é claro que levei uma lista de nomes de amigos e parentes e coloquei ali no Muro Ocidental.



No Jardim do Túmulo cristãos de todos os lugares do mundo tem seu espaço e um panfleto no idioma deles. Um grupo cantava em inglês com tanta emoção que cheguei a conclusão que precisamos repensar a questão da religiosidade e se estamos dispersos do verdadeiro sentido da fé em Deus. 




O túmulo vazio não encerra um capítulo, mas reacende a chama da esperança. E lá estava o Monte Gólgota tão visível, tão perto que eu queria tocar. E toda a história da crucificação, do sacrifício de Jesus foi passo a passo contada por diversos guias em suas caravanas. 

Na Igreja do Santo Sepulcro, outro reencontro de pessoas de diversos países, pessoas cheias de fé, alguns poucos curiosos, mas a maioria entregando seus sentimentos, chorando, rezando, sem qualquer constrangimento.  Eram cinco e meia da tarde quando uma procissão atravessou a Igreja com sua romaria e orações e velas acesas. Cleros e fieis devotos num momento de adoração. 



O Monte Herzl guarda o túmulo de Theodor Herzl, um homem extraordinário que ousou sonhar com um país para o seu povo. Ele lutou para que o sonho viesse a ser real. Fez conferências e debates no seu país de origem e encorajou a muitos que sua ideia era viável. Ele faleceu em 1904 e cinquenta anos após a sua morte nasceu a Nação de Israel. Eu estive lá e coloquei uma pequena pedra em seu túmulo em homenagem. 






Eu tenho este carinho por personagens importantes da história judaica porque a história é construída com trabalho, com esforço e com dedicação e muitas vezes com renúncia. E em Israel as ruas e locais têm os nomes das pessoas que marcaram presença no decorrer dos anos e foram fieis aos seus ideais.

Eu amei quando a Hurb nos colocou num hotel bem no centro da cidade, a rua Ben Yerudah é uma homenagem a Eliezer Ben Yerudah considerado o pai do hebraico moderno por causa da sua determinação em fazer do hebraico o idioma nacional nas comunidades judaicas que viviam na terra de Israel por volta de 1881. Ele faleceu em 1922 mas deixou um legado para as gerações futuras. 



Ben Yerudah Street

O Memorial Yad Vashem é um local de reflexão sobre o valor da vida humana. Histórias e pertences de pessoas que viveram os horrores da Segunda Guerra Mundial e tiveram suas vidas interrompidas no Holocausto. Não tem como sair daquele local do mesmo modo que entramos. Somos impactados pela realidade das atrocidades cometidas contra os seis milhões de judeus e demais grupos de pessoas aterrorizadas pelo sistema Nazista. 

Particularmente, o holocausto me afeta de forma profunda. Porque eu me pergunto a que ponto pode chegar a influência maligna e a cegueira de uma população para consentir com tamanha destruição. Poder e morte num mesmo contexto. Interessante que meu voo fez conexão exatamente na Alemanha e passei algumas horas no aeroporto de Munique.

E fiquei olhando os rostos daquelas pessoas que transitavam, ouvindo suas vozes e muitos outros turistas em transito também. E num restaurante comi um sanduiche típico da Alemanha. E ali também estava uma nova geração, talvez sem qualquer ideia sobre o ocorrido. Mas eu estava lá tão consciente do sofrimento das 6 milhões de almas judaicas, que eu levei todas elas comigo no coração para a Israel. 

No Yad Vashem as histórias interrompidas ganham espaço, os lábios amordaçados falam e os gritos são ouvidos.  E os nomes são revelados e eternizados para que sejam lembrados nas gerações seguintes.

E ao voltar de VLT, vi uma pequena menina, talvez com seus 11 anos, andando livremente. Ela entrou sozinha na condução e ficou a poucos passos da porta e depois desceu na estação seguinte, Vi pelo vidro da janela ela correr pela rua. Então, finalmente sorri. Aquela cena me consolou pelo fato de ver toda essa liberdade que o povo judaico tem agora em sua própria terra. E eu estava ali, e me senti parte dessa nova história, das festas nas ruas, observando as pessoas sorrindo, dançando e cantando músicas em hebraico.



Visitar a cidade moderna de Jerusalém foi surreal. Foi muito bom andar nas ruas, ver os jardins, parques, locais que só via pela internet estavam a poucos passos. A Jaffa Street, Tsion Square, a praça da Prefeitura, a Igreja Russa, o jardim de pedras, a Grande Sinagoga, Páris Square, Mamila Center, monumentos e objetos e obras de arte por todos os lugares.



Praça da Prefeitura de Jerusalém



Grande Sinagoga de Jerusalém






O Moinho de Montefiore foi construído em 1857 financiado pelo filantropo judeu Moses Montefiori com o intuito de ajudar a economia dos residentes de Jerusalém. Você pode ler mais aqui.  Com seus bairros e jardins no entorno, podemos ter uma vista panorâmica de parte da cidade que tira o fôlego!






Eu sou particularmente apaixonada por Israel e por Jerusalém por isso decidi provocar esse sentimento em outras pessoas também através do meu blog Eretz Israel e páginas do Instagran e Facebook. Corre lá e curta as fotos desse país incrivelmente lindo. E se você leu até aqui vale conferir os vídeos que estão no meu canal YouTube. 


Em Jerusalém eu adotei esta árvore quando vi as imagens da webcam na câmera do Hotel Inbal. Eu não podia deixar de chegar bem perto dela e tocar no tronco da minha árvore. Ela fica na King David Street bem pertinho da Sderot Blumfield que leva ao Moinho de Montefiori.

Amo essa cultura de parques e jardins em Israel e tem flores de diversas cores embelezando cada parte da cidade de Jerusalém. 




As ruas limpas, caixas eletrônicos por toda a parte. Parece que tudo foi planejado para facilitar a vida dos moradores e turistas. Tudo muito fácil mesmo para quem não domina o idioma hebraico ou fala pouco inglês. Mas é aconselhável pesquisar sobre os lugares que se quer visitar e fazer um roteiro.

O inglês é importante para se comunicar na hora da intervista na imigração no aeroporto, fazer o check in no hotel. O hebraico é o idioma oficial de Israel, mas toda a sinalização nas ruas contém três idiomas: hebraico, árabe que é reconhecido em Israel e o inglês.

Quando o sinal de trânsito fica verde para o pedestre há um sinal eletrônico que faz barulho avisando o tempo para atravessar a rua.


Outra curiosidade é o Relógio de Sol que marca as horas certinhas no Gan Teddy. Este parque em Jerusalém tem imensas áreas verdes para que as famílias possam passear com seus filhos. Ele fica bem pertinho do portão de Jaffa. É só atravessar a rua.



Nos postes, bancos de praças e até lixeiras públicas tinha o emblema da cidade. Aliás, o leão da tribo de Judah como símbolo de Jerusalém estava em toda parte. 




Oliveiras carregadas de frutos podem ser encontradas nas ruas e parques de Jerusalém e eu fiquei pensando no azeite como símbolo da unção no texto sagrado e sua conexão com a cidade do Eterno.




 

Outra particularidade de Jerusalém e acredito que em outras cidades também é quantidade de gatos que eu vi nas ruas, muitos gatos em todas as ruas e praças. 

Viajar por conta própria requer um pouco mais de trabalho do que uma viagem em grupo com um guia de uma agência de Turismo que providencia toda a documentação e transporte necessário. A VIP Turismo tem pacotes interessantes o ano todo. Para abril de 2024 tem pacote de viagem com a Quezia Fontes

Confesso que além do nervosismo e muito estresse por conta das expectativas, os últimos dias que antecederam o voo foram difíceis. Por outro lado, além da coragem para tal conquista, foi muito bom poder andar livremente e conhecer os lugares que eu queria. 

E pra quem não sabe Castro é meu sobrenome também. E lá em Israel tem uma marca, uma loja de roupas chamada Castro. Eu tinha que registrar isso! 



Pensa numa cidade com suas ruas decoradas! Olha que lindo poder caminhar por Jerusalém observando cada detalhe!





Por conta da Festa de Sucot (Festa das Cabanas) havia Sucá em todos os lugares. Eu pensava que eles erguiam Sucá apenas nas varandas de apartamento, próximo as casas ou Sinagogas. Uma tradição em Israel é erguer estas cabanas para relembrar as moradias simples do povo de Israel enquanto estiveram no deserto a caminho da Terra Prometida.

Mas tive a surpresa de ver em Jerusalém a quantidade de cabanas erguidas nas ruas, próximo às lanchonetes, hotéis e até mesmo os locais de refeição foram enfeitados para parecer um lugar de acolhimento para todos que desejavam se alimentar. 



Quem viaja para outro país pensa muito sobre onde comer, como pedir e quanto custa. Mas lá em Jerusalém tem lanchonetes, lojas e mercados por toda a parte com bolos, biscoitos, pão, frutas. 

E folhados maravilhosos nessa loja na King George Street. 

O meu querido McDonald`s bem pertinho da Ben Yerudah Street me surpreendeu com sua máquina de pedidos que dava o troco certinho em Shekel!  O combo do Big Mac, batata e refrigerante saiu a 37 shekel. 


Atendentes de lojas bem educados e prontos para te ajudar. E se você tem dificuldade de entender o hebraico, não tem problema, eles falam em inglês, fazem a conversão da moeda na calculadora e te dizem direitinho quanto pagar. 

Fui comprar meus chaveiros numa loja na cidade murada, próximo ao portão de Jaffa e o dono logo abriu um sorriso e arriscou um português arrastado só pra nos deixar mais a vontade: "Pode comprar o que quiser que no final eu faço um desconto bom".  E é claro que compramos com ele.

No VLT de lá uma moça muçulmana gentilmente nos ajudou com o cartão de embarque. Na verdade, me senti acolhida, me senti parte de tudo ao meu redor, eu estava na minha cidade que eu tanto amo e sinto saudades 

Segurança é a palavra chave por lá. Soldados israelenses com armas enormes transitando pelas ruas e na condução ou em seus postos observando tudo, era a coisa mais natural do mundo. Nunca me senti tão segura. As pessoas também costumam andar de madrugada nas ruas e lá pela meia noite bateu fominha e saímos do hotel para comprar um lanche no McDonal's.

Eu tinha enorme desejo de visitar a Galileia, mas não havia comprado nenhum passeio nos sites aqui no Brasil. Mas o hotel oferecia passeios como este e compramos por 100 dólares e 23 dólares o almoço num Kibbutz. É bom levar algum valor também em shekel para pagar as compras em Israel. Achei melhor ir previnida.

Então, no dia seguinte bem cedo partimos numa visita guiada para Tel Aviv e de lá para Nazaré, Tabgha, Cafarnaum, Mar da Galileia, almoçamos no Kibbutz Deganias. Fiquei muito feliz pois queria muito conhecer.  




Nazaré - Basílica da Anunciação





Cafarnaum




Mar da Galileia




Kibbutz Degania

Depois fomos para o Yardenit, o que eu considero um bônus. Ver o Rio Jordão de pertinho foi um momento maravilhoso pelo contexto histórico que ele tem tanto no que diz respeito ao Antigo Testamento, quanto no Novo Testamento. Minha filha me convenceu a colocar os pés nas águas do Rio Jordão. 



Yardenit

Na volta, o ônibus seguiu pela estrada 90 e vimos Tiberíades, Beit Sheam e o deserto. 


E no trajeto de ida e volta da Galileia percebe-se como a terra é realmente fértil com suas plantações de algodão, bananas e outros tipos de produtos. Em pleno deserto a paisagem muda de terra seca para uma grande extensão verde com a plantação de tâmaras. 

Chegamos de noitinha em Jerusalém, mas foi um investimento muito bom pelas experiências que tivemos. A guia era maravilhosa e muito boa nas informações. 

Eu só tenho que agradecer a Deus pelos dias que passei lá. ver povo cantando e dançando nas ruas festejando o Sucot.  Ouvir o shema: "Ouve ó Israel, Eloheinu é um" Dt 6.4 como a oração que finalizava as noites da festividade. Da varanda do hotel ficava olhando o povo alegre dominados pela liberdade religiosa, seus risos e cantos encheram as minhas cinco noites de alegria. Foi difícil me despedir e confesso que chorei quando o avião decolou e eu vi Tel Aviv lá embaixo. 

Muitas e muitas outras lembranças que guardo no coração nem podem ser expressadas por palavras neste momento. Mas fica o desejo nesta frase de uma oração judaica: 

בשנה הבאה בירושלים

No próximo ano em Jerusalém.


Marion Vaz

Obs: Todas as imagens neste post tem direito autorais.