Foi uma semana difícil. Domingo passado minha mãe foi internada. Ela não teve uma infância fácil e nos anos pós casamento enfrentou várias dificuldades financeiras e materiais. Neste post conto mais um pouco da vida dela. Criou quatro filhos com meu pai e os dois divergiam em alguns assuntos. Mas ele era mais calmo e não gostava de discussões. Amava ela demais.
Os filhos cresceram e cada um também dava trabalho em alguns aspectos. Dona Eunice era alegre e divertida, outras vezes sem noção alguma para filtrar as palavras. Ficou doente, venceu o câncer, as dificuldades financeiras, mas a morte do neto e do marido no ano seguinte deixou sequelas.
Sozinha, precisou da ajuda dos filhos. Mas tinha sua casa, pensão e vontade de viver. Anos passaram até que algo mexeu com seu psicológico. Passou a ser mais imatura em algumas coisas e bastante irritante em outras. Perdeu a vontade de viver embora estivesse bem de saúde.
As psicose evoluíram para hipocondria, delírios, raiva, ansiedade e agressividade. Não tinha um discurso lógico. Era repetitiva sobre algo que a incomodava e não ouviu os conselhos dos filhos. A doença evoluiu para Alzheimer - Doença progressiva que destrói a memória e outras funções mentais importantes.
Os primeiros sintomas não ficaram muito claro no início e foi preciso uma consulta com profissionais da área, medicamentos e acompanhamento. Por vezes não reconhecia os ambientes ou a casa em que viveu tantos anos.
A doença foi cruel e a desestabilizou completamente no último ano. Ela não reconhecia mais os filhos. Enfim, todos os cuidados não faziam mais o efeito esperado. Com a perda de movimentos, a perda de massa muscular foi inevitável. Dependência total para qualquer atividade como comer, vestir e tomar banho. Mas estava em sua casa pelos menos fisicamente.
Algumas alterações e tivemos que levar ao hospital e os médicos acharam por bem que ela ficasse internada e não deram muita esperança de retorno ao lar.
Enfim, passou minha semana entre atividades e visitas. É difícil vê-la naquelas condições. A mente entende, mas o coração não. E o corpo padece com tantos sentimentos desestabilizados. Dói tudo.
E o único e vital entendimentos é que Deus está no controle de todas as coisas. Como sempre esteve.
PS. Eunice Barbosa Vaz dormiu no Senhor esta madrugada.

Descansa em paz mãe.
Marion Vaz