Precisamos sim, ouvir aquela voz interior que insiste em informar que não temos a obrigação de resolver tudo para todos. Li esta frase num livro da Martha Medeiros em que a personagem descobriu-se na "idade da desobrigação. Idade de aliviar o peso extra...".
E de repente, a idade da desobrigação te deixa mais leve, mais solta, mais irreverente às vezes. E isso é bom. Se redescobrir, renovar as forças, ou usá-la em algo mais prazeroso, romântico ou desafiador.
Porque no meu caso, com 6.3 não dá mais para perder tempo tentando fazer a vida dos outros um pouco melhor e mais fácil, as custa da minha sanidade. Porque por muito tempo a gente se esquece dos próprios sonhos, de si mesma, para equilibrar deveres e obrigações.
E depois percebe que o tempo passa para uns e outros, mas passa pra você também. E tem problemas e demandas que não são nossas. Já passamos boa parte da vida criando os filhos e não é justo reviver todas aquelas tarefas e dramas.
E aliviar o peso extra quer dizer que devemos deixar as águas do rio seguir o seu curso. Não dá para evitar que uma pessoa aprenda sem correr riscos, sem tropeçar, sem se estabacar.
Não somos pessoas ruins. Não. Só estamos desacelerando, assumindo a direção da nossa própria vida, criando meios de alcançar outros objetivos ou realizar sonhos. Parece injusto só para o outro lado. Mas para mim é uma decisão sábia. Porque quando eu me for, os "outros" vão continuar a lidar com os contratempos da vida.
Seja fiel nos seus compromissos, ame filhos e netos com todas as forças, mas ame a si mesmo também.
Marion Vaz