quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Caminhos que se Cruzam

Recordações

As grossas gotas de chuva no pára-brisa do ônibus, indicavam que um temporal desabava sobre a cidade. Alguns passageiros fechavam suas janelas e ouviu-se um grande reboliço no interior do transporte, por causa da abertura no teto que havia emperrado. Juliana observava com cuidado os detalhes da cena que ocorria. Num esforço mútuo dois homens tentavam ajuntar o amigo que fechava a portinhola. Aos que não conseguiram escapar das gotas de chuva, eram oferecidos lenços de papel. O motorista alheio ao desconforto dos passageiros, seguia seu caminho, prestando atenção na estrada escorregadia, limitando-se apenas olhar pelo retrovisor. Aos poucos todos se acalmavam e retornaram ao assento e a viagem prosseguia mais tranqüila. Eram as chuvas de verão.

Do lado de fora o trânsito estava lento, carros e caminhões entram em fila dupla no sinal vermelho. Pedestres passam correndo tentando controlar os guarda-chuvas. Alguns se entregam ao fracasso e resolvem guarda-los, era inútil lutar contra a tempestade. Em pouco tempo as pistas ficaram alagadas e o trânsito pára novamente, trazendo impaciência aos apressados. Era uma cena típica daquela estação: muito sol, muito calor e chuvas fortes ao cair da tarde.

- Ainda bem que não preciso enfrentar este trânsito todo dia. Consolou-se Juliana com este pensamento, enquanto seus olhos percorrem as ruas através do vidro da janela.

De repente, seus olhos caem sobre um out-door, era um anúncio de enciclopédia. No painel estava um livro aberto e a figura mostrava a teoria da evolução: os macacos como seres inferiores e sua evolução até a forma humana. Em letras garrafais a frase dizia: “tudo o que você precisa saber, está aqui!”

Ficou estarrecida diante daquela mensagem diabólica que dezenas de pessoas recebiam, negando a existência de Deus. Pensou em quantas pessoas, as crianças e adolescentes que ouviam estas histórias e recebiam essas informações em seus currículos escolares. Lembrou-se do concurso de professores que fizera para a rede pública e desejou ardentemente ser aprovada.

Numa pequena e sincera oração pediu a Deus que abençoasse seus propósitos, colocando-se a disposição de Deus. Ela não imaginou que aquela atitude seria o primeiro passo para ser um instrumento nas mãos de Deus.


O trânsito estava muito lento, ela recostou a cabeça na poltrona e as lembranças de tempos passados assaltaram sua mente, tempos de desilusões, incertezas e lágrimas. Mas aquelas experiências serviram para aprender a confiar mais em Deus.

Continua...

Do Livro Caminhos que se Cruzam de Marion Vaz

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