sábado, 16 de outubro de 2010

Um rosto na multidão

Jesus caminhava em direção a casa de Jairo e uma multidão o cercava. De longe se via uma mulher caminhando com dificuldade, sofrendo, mas tentando passar a frente dos demais. Ela queria chegar mais perto. Precisava chegar. Precisava tocá-lo, poderia ser apenas em suas vestes. Pensava. Mas havia outras pessoas que queriam ficar ao lado de Jesus e empurravam-na para trás. E a mulher quase sem forças recomeçava a caminhar.

À medida que Jesus andava aumentava o número de curiosos. Alguns queriam apenas vê-lo e a distância entre a mulher e Jesus parecia aumentar a cada passo. Dentre tantas pessoas havia os curiosos e os críticos. Mas muitos estavam aflitos por causa de algum problema ou enfermidade e criam que só Jesus podia libertá-los.

E havia aquela mulher enferma, esvaindo em sangue, desenganada pelos médicos que desesperada esticava os braços e os dedos das mãos. Em sua mente um só pensamento: Preciso tocá-lo!

Mas Jesus não parecia ter visto a pobre mulher, nem tão pouco ter ouvido seus gemidos. À medida que caminhava aumentava a distância entre eles. Com lágrimas nos olhos a mulher pensou até em desistir. Não tinha mais forças para seguir em frente.

Até que um novo pensamento a impulsionou a vencer os obstáculos: “Se tão somente tocar em suas vestes, mesmo que seja na orla de sua roupa, sararei!” (Mc 5.28). Empurrando os outros, pedindo passagem, ela abriu caminho no meio da multidão e conseguiu chegar perto de Jesus. Não precisava agarrá-lo, apenas tocar!

Num grande esforço esticou os braços por uma pequena brecha entre uma pessoa e outra, a ponta de seus dedos toca na roupa de Jesus e o milagre acontece. Ela para de caminhar. Jesus segue em frente e a multidão atrás. De repente Jesus também para. Os discípulos ficam perplexos com sua pergunta: Quem me tocou? Argumentam que não sabem. O círculo de pessoas em volta de Jesus se abre e o Mestre procura um rosto na multidão. Quem me tocou? Insiste. "De mim saiu virtude, eu senti".

A mulher chega mais perto, sem acreditar que agora estava tão perto de Jesus! Podia ver seu rosto, seu olhar... Mas de cabeça baixa responde baixinho: Fui eu Senhor. Fui eu quem te tocou. Jesus olha com carinho e chama-a de filha. Ele confirma a cura sobre sua vida. A mulher agradece e chora e sorri. Há um explosão de louvores a Deus.

Jesus podia ter parado antes ou podia ter ido até a pobre mulher, mas não o fez. Esperou pacientemente até que ela conseguisse chegar perto dele. Perto o bastante para ser abençoada.

Mas eu convido você a olhar a sua volta e procurar um rosto na multidão. Abra caminho e ajude alguém chegar mais perto de Jesus. Há muitos que vencem as barreiras, que correm desesperados em busca de uma solução.


Mas há outros que ficam para trás.


Marion Vaz

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