terça-feira, 9 de agosto de 2011

Conto Não chores

Em suas caminhadas pelo imenso território da Galileia, Jesus percorria as cidades fazendo discípulos por onde passava. Um aglomerado de gente seguia após ele, faziam perguntas, ouviam suas explicações, suas parábolas. Não havia um só lugar em Israel que não tivesse ouvido falar de Jesus e de sua mensagem. Às vezes, e de tanto chamar a atenção do povo, alguns sacerdotes e doutores da Lei tinham inveja dele. Outros ficavam curiosos e procuravam falar com ele, mesmo que escondido como no caso de Nicodemos.

Até as crianças corriam para abraçá-lo, ficavam correndo em volta dele a ponto de jogá-lo no chão. Alguns dos discípulos não tinham tanta paciência assim e tentavam afastá-las. Mas Jesus acariciava seus cabelos e as abençoava. Às vezes, sentava numa pedra a beira do caminho só para conversar com meninos e meninas.

Os discípulos diziam que o mestre estava cansado e que não era hora, que viessem depois, mas Jesus estava sempre pronto a abençoar as crianças.
- Pedro! Você já foi pequeno. Deixe vir a mim os pequeninos!



- Desculpe mestre. Só achei que...
- Venham crianças, vou contar uma história. Mas façam silêncio! Pediu.

Logo estavam de volta as suas caminhadas visitando os vilarejos, Jesus ensinando, curando e falando do reino de Deus. Naquele dia, já estavam caminhando há algumas horas e as pessoas saiam ao encontro dele e por onde Jesus passava um grupo juntava-se a outro.

Mas quando chegaram próximo a uma cidade chamada Naim, todos ouviram um lamento e grande choro. Olharam para frente e viram um grupo de pessoas que andavam bem devagarzinho. O olhar atendo de Jesus caiu sobre uma mulher. Amparada por outras a viúva caminhava com um pano que cobria a cabeça, o vestido velho e escuro mostrava que não tinha posses. Pobre mulher com seus olhos avermelhados, uma dor no peito e a angustia de quem perderá seu único filho!


Nos lábio que se mexiam murmurava um lamento e caminhava, passo a passo, em direção a saída da cidade. A sua frente alguns homens levavam o esquife.




Na estrada vinha Jesus com seus discípulos e aquela grande multidão que o acompanhava. Todos estavam sorrindo, alegres. Alguns haviam sido curados e vinham glorificando a Deus pelo caminho e testemunhando os feitos de Jesus. É verdade que alguns seguiam com a multidão por pura curiosidade. Queriam ver milagres. De repente, ouviu-se um lamento em alta voz. A pobre mulher não podia mais suportar em silêncio tanta dor.

O choro chama a atenção de Jesus e aproximando-se do cortejo, com seu coração cheio de compaixão, olhou para a senhora de semblante cansado. Ela que já havia perdido o marido, e agora o filho, seu único filho também tinha morrido. Então Jesus falou calmamente: Mulher não chores!

A mulher olhou para o estranho a sua frente. Como não chorar? Como não sentir tristeza por ver a vida se esvair? O que fazer com aquela dor da separação, com as incertezas do futuro, com a solidão? Agora que estava tão velha, com suas mãos já cansadas para o trabalho, a pele enrugada, o rosto franzino e o seu filho, motivo de suas alegrias, a esperança de uma velhice tranquila, esta li, pronto para descer à sepultura. E aquele homem dizendo pra não chorar? Jesus entendeu cada lamento de dor e disse novamente:
- Não choreis.

As pessoas olhavam sem entender muito bem, ao sinal de Jesus os homens que levavam o defunto colocaram o caixão no chão. A multidão que lamentava o morto queria ver o que Jesus faria.


O homem da Galileia tocou no morto e falou com autoridade.
- Mancebo! Levanta-te!







A voz de Jesus ordenou que a vida voltasse ao corpo, o rapaz fez um pequeno movimento e depois mexeu os braços, esticou as pernas. Depois balbuciou alguma coisa e sentou-se olhando para as pessoas que o cercavam.

Logo a voz saltou-lhe da garganta e chamou pela mãe. A mulher mal podia crer em próprios olhos. Ela correu e abraçou o filho, apalpou-o para ver se não era apenas um sonho. A multidão que chorava começou a ri e glorificar a Deus. Jesus ajudou o jovem a se levantar e entregou-o a sua mãe. A mulher chorou, agradeceu, chorou de novo. O jovem levou algum tempo para entender o que estava acontecendo.

Jesus continuou seu caminho, havia muitos outros milagres a realizar. Parte daquela grande multidão seguiu atrás dele. Enquanto os moradores de Naim exclamavam:
- Um grande profeta se levantou entre nós e Deus visitou o seu povo!



Marion Vaz

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