segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

O grau de importância que você dá as coisas equivale ao valor delas?

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Não sei você, mas eu já percebi que as pessoas estão perdendo aquele dom natural de analisar o que realmente é importante e o que é descartável. Não sei se por conveniência ou por hábito, juntamos mais "tralhas" em nossos cômodos do que  eles suportam. As casas estão amontoadas de objetos, roupas, sapatos, brinquedos, móveis e tantas outras quinquilharias que se foi comprando ao longo dos anos e que por alguma razão, não se quer jogar fora ou passar adiante para quem realmente precisa.

Em relação aos sentimentos há uma confusão de valores. E por mais que tenha em mente os bons conselhos sobre relacionamentos e famílias, os "ficantes" só querem mesmo é uma "aventura". Quem já está sozinha há muito tempo como eu, pensa duas vezes antes até de olhar para quem quer seja, porque não sabemos como anda a cabecinha da criatura. Se você apenas foi gentil com alguém a pessoa logo se retrai. Aconteceu comigo. Pensei: Só estava sendo gentil e hospitaleira. Porque também eu penso que um relacionamento pode nascer de um encontro casual, um sorriso, um gesto. Mas não quer dizer que as pessoas não possam ser amigas, conversar, trocar ideia, rir juntas, dançar... Qual o problema dessa geração de cinquentões?

Essa perda de noção do que é importante nos leva a caminhos tortuosos e contra versos que mudam a rotina, incorporam sentimentos, alteram o valor das coisas, absorvem como uma esponja o que é nocivo junto com o que é prazeroso. Estamos descolorindo o presente em virtude de qualquer passado nebuloso e não nos permitimos ser feliz, nem agora e nem no futuro. Estamos sobrecarregados de tarefas que minam as nossas forças e nossa capacidade de raciocínio lógico. Queremos o que é bom, com certeza. Mas o nosso "bom" é bom mesmo ou apenas um paliativo?

Essa semana presenciei uma cena que me deixou pensativa. Não eram nem oito horas da manhã e tinha uma moça no meio da rua gritando como se estivesse passando por algo desesperador. Pensei até que ela tinha sido assaltada ao sair no portão de casa para ir ao trabalho, já que ela estava de bolsa e toda arrumada. Tinha um rapaz de moto passando na rua e eu estagnei na calçada imaginando mil coisas. Será que foi assalto? O tal cara é um ex marido grosseiro e está perseguindo a mulher? Roubaram o carro e levaram até uma criança que estava dentro. Eu não sabia se seguia em frente ou se me escondia. E se o cara estivesse armado? A mulher com as mãos na cabeça gritava: Cadê ele! Cadê ele! - O homem na moto passou por ela e foi embora. Já descartei uma das hipóteses. A mulher correu em direção a outra rua e resolvi seguir o meu caminho, já com o coração acelerado por causa do susto e pela situação incomum àquela hora da manhã.

Apressei o passo e parei próximo a uma senhora que estava em pé no portão dela. Falei sobre o susto, que estava com pena da mulher e se tinha ou não sido um assalto. A senhora, muito calma por sinal, explicou que não era nada demais. Apenas que o cachorro dela que tinha fugido quando abriram o portão. Um cachorro? repeti ainda tentando me controlar por causa do susto. Tudo bem que ninguém tem culpá da minha imaginação fértil. Todo mundo tem o direito de amar seus animaizinhos de estimação.
- Pensei que era assalto - Repeti.
- Não. Foi só o cachorro que fugiu. Repetiu a senhorinha.
- Ele volta quando tiver fome - Falei com calma e segui meu caminho.

Pode rir se quiser. Ok. Não tem problema. Como já disse a mulher não tem culpa da minha imaginação fértil! Provavelmente ela perdeu a hora do trabalho porque tinha procurar o animal pelas ruas. Aos poucos meu coração foi desacelerando e eu fiquei pensando nessa valorização de coisas incomuns que exercem esse poder sobre nós e descaracterizam os verdadeiros sentimentos.


Marion Vaz




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