domingo, 1 de agosto de 2021

Eu não sou deste mundo

Lidar com as diferenças é algo que a gente tem que aprender no dia a dia. A cada manhã iniciamos o dia com aquele ponto de interrogação na testa: O que tem pra hoje? E lidar com cada indivíduo e suas neuroses é intimidador. E lá vamos nós entrando no mundo alheio, vagando pelas vielas mal iluminadas que testam a nossa paciência e por vezes, quando queremos fugir o portão de saída está bloqueado.

Eu queria gritar! Eu queria correr! Só não queria ter que apenas sorrir e me iludir: Tudo bem, as coisas são assim mesmo, vai com calma, amanhã é outro dia... 

Mas eu fico aqui pensando que o normal dos outros me afeta, me cansa, me atrasa, atropela os meus sonhos e eu, sinceramente, estou muito cansada de ter que aturar uma infinidade de maluquice, só porque o outro ser humano se sente feliz em viver deste ou daquele jeito.

Sempre tive curiosidade de saber porque Jesus disse: "Vós não sois deste mundo" - OK. Eu sei que a Teologia tem suas explicações no âmbito espiritual para o tal versículo.

Mas com certeza é assim que eu me sinto agora, ou isso, ou eu estou inserida no contexto errado. Porque as diferenças são gritantes! E não tem nada de preconceito. São as escolhas de vida, de lazer, do dia a dia mesmo com as quais eu tenho que conviver. Eu sei. Todo mundo tem direitos outorgados por lei. Eu entendo. Sério! 

Mas porque eu tenho que fazer parte disso tudo também? Por que eu tenho que ouvir as mesmas músicas (que no caso são apenas barulhos estranhos)? Por que eu tenho que sentir o cheiro do cigarro deles? Por que eu tenho que ouvir os latidos dos cachorros deles? Por que eu tenho que acordar cedo num dia de sábado e ouvir aquela conversa fiada bem embaixo da minha janela? Sem falar da fumaça do churrasco, dos palavrões, da falta de sonhos e planos irrealizados! 

Então, a louca sou eu? Ou eu estou no lugar errado, na hora errada, no ambiente errado e até no país errado? Ou será que o Todo Poderoso está testando a minha paciência? 

Sinceramente, se eu olhar para traz e mentalizar as vezes que tive que abrir mão de algumas coisas só porque os "outros" resolveram inundar o meu dia com suas "escolhas", dá pra entender o meu desespero. Parece até que as coisas giram lentamente ao meu redor e se repetem num círculo vicioso, enquanto o tempo passa pra mim e as minhas escolhas vão se desfazendo como se não tivessem valor algum. Eu sou o "ET" no mundo dos humanos.

E do nada me vem aquela sensação de sou responsável pelas minhas escolhas. Elas não funcionam sem mim. E que independente do entorno e do que os outros escolherem para suas vidas, eu decido o que sou, o que quero ser, o que vou fazer e pra onde ir! E isso me basta! E eles podem continuar nesta vidinha, porque eu vou seguir em frente! 


Marion Vaz


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